Argos Arruda Pinto

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quarta-feira, 9 de abril de 2014

Por que existe o amor - A explicação científica é a verdadeira - Parte II

Em meu artigo "Por que existe o amor? A explicação científica é a verdadeira" - http://nepsicoreli.blogspot.com.br/ - eu fui muito objetivo na questão do porquê existe o amor e por isto resolvi escrever esta continuação pois, tenho certeza, muitas pessoas poderiam perguntar ou perguntaram: "Mas o amor é só isto?". Onde está ou onde estão os amores avassaladores de romances e filmes? E aqueles mais reais mas mesmo assim que as pessoas viveram ou vivem em completo êxtase psicológico ou mental, apaixonados pelos (as) parceiros (as) a ponto de, como já até ouvimos falar, de estarem esquecidas de si mesmas? Onde está aquele amor tão profundo e perseguido por muitos?

E aqui se poderia escrever páginas e mais páginas sobre este sentimento tão sublime, ligado a muitos outros, como até hoje se escreveu na literatura e sempre se escreverá, como se contou em histórias, filmes, literatura, entre pessoas de boca a boca, etc.

Mais uma vez a nossa inteligência, consciência, os sentimentos e as emoções são os donos da história.

Se um animal, um cão, sente vontade de beber água e vai até o recipiente da casa para satisfazer essa vontade, ele o faz conscientemente? Não, agiu automaticamente. Mesmo António Damásio já mencionou em "O Mistério da consciência" que os mamíferos possuem alguns segundos de consciência mas ela não é abrangente como a nossa. Talvez alguns segundos de consciência os auxiliem a realizarem comportamentos complexos que nós mesmos às vezes admiramos e dizemos: "Poxa, como é inteligente o meu cão".

E aqui reside a força da consciência: se o amor é o sentimento mais cultuado e admirado, o mais desejado, procurado por nós para vivenciá-lo para as nossas vidas, sendo crucial para formarmos famílias, termos os (as) parceiros (as) a dividirmos tudo, vivermos e construirmos uma vida inteira a dois, por que não tê-lo?

Vivenciamos um grande amor pelo nosso bem-estar, porque queremos ser felizes.

António Damásio cita a procura do bem-estar e da felicidade em "E o cérebro criou o homem",¹ como se fossem os maiores objetivos da nossa sobrevivência justamente porque possuímos consciência. Não somos seres só para comermos, dormimos, bebermos água e reproduzirmos sem utilizarmos o sexo para o nosso bem-estar. Somos mais, conseguimos mais com a consciência no comando. Veja o que ele diz: "Se o cérebro prevaleceu na evolução porque oferecia um maior âmbito para a regulação da vida, o sistema cerebral que levou à mente consciente prevaleceu porque oferecia as mais amplas possibilidades de adaptação e sobrevivência com o tipo de regulação capaz de manter e expandir o bem-estar".²

Falei deste assunto também em "O porquê dos nossos sentimentos – Sobre ideias e conclusões que cheguei antes de António Damásio" - http://sistemaevolucaoneurociencia.blogspot.com.br/2008/01/o-porqu-dos-nossos-sentimentos_28.html.

Então, qual seria o bem-estar gerado por um grande amor? Em que "nível" de felicidade duas pessoas não conseguiriam com isto?

É admirável como a natureza funciona: se você analisar os fenômenos da Física, da Química e da Biologia, e mesmo de todas as outras ciências derivadas destas, verá que eles são "frios".³ Eles acontecem, influem, cessam, continuam, etc., segundo leis que não temos controle e inconscientemente, ou seja, existem por existirem, porque a natureza é do jeito que é. Mas nós, produtos dela própria, possuímos juízos de valores, moral, ética, humanidade... Podemos sentir, perdoamos, zelamos, etc., ou seja, o contrário da "frieza" e da indiferença de como agem os fenômenos científicos comuns, porque são inconscientes.

Aqui você talvez acabe caindo no problema que Damásio denominou "Qualia I": [...] "o conceito de qualia refere-se aos sentimentos que são parte indissociável de qualquer experiência subjetiva..." [...] "Nenhum conjunto de imagens conscientes, independentes do tipo e do assunto, jamais deixa de ser acompanhado por um obediente coro de emoções e consequentes sentimentos". (4)

E o amor é a expressão máxima desses sentimentos.


Notas:

1 - DAMÁSIO, António R. E o Cérebro Criou o Homem. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. 440 p.

2 - DAMÁSIO, António R. E o Cérebro Criou o Homem. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 81.

3 - Pensei pela primeira vez neste assunto assistindo ao filme "O Destino do Poseidon", na produção de 1972, com Gene Hackman, Ernest Borngine, Roddy McDowall e Leslie Nielsen. Nele, um navio de turismo vira de cabeça para baixo, ou seja, com o casco para cima devido a uma onda gigante no oceano, e um grupo de pessoas começa a subir para o casco pois ele vai afundando e a água subindo por dentro em direção ao casco também. Foi naquele momento que pensei: "A água vai subindo e não é porque existem idosos, uma criança, jovens e adultos que ela irá parar. Ela sobe através de salas, quartos, corredores, etc., porque a natureza é fria, porque age segundo leis naturais e apenas nós é quem prezamos, valorizamos os nossos semelhantes, sentimos".

4 - DAMÁSIO, António R. E o Cérebro Criou o Homem. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 310.

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Parte I: Por que existe o amor - A explicação científica é a verdadeira: http://nepsicoreli.blogspot.com.br/

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