Argos Arruda Pinto

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sábado, 24 de março de 2018

Uma interpretação minha sobre os resultados de algumas experiências de Andrew Newberg

Palavras-chave: Andrew Newberg, neurociência, neuroteologia, neurologia, oração, meditação, religião, evolução, crenças, relativismo religioso.

Introdução. 

Este artigo foi escrito baseado na página de pesquisa do site do neurocientista estadunidense Andrew Newberg, < http://andrewnewberg.com/research > exceto por uma informação na referência (4) professor e diretor de pesquisa do Instituto Marcus de Saúde Integrativa da Universidade Thomas JeffersonEUA. São poucas as informações nele contidas mas, além de importantes na neurociência, são também famosas porque descrevem alguns resultados e ideias dele sobre monges budistas tibetanos e freiras franciscanas, meditando e orando, respectivamente, sendo os cérebros escaneados pelo  equipamento eletrônico sofisticado SPECT (tomografia computadorizada por emissão de fóton único). Faço analogias com o que eu havia escrito e escrevo nos meus blogs, dando uma interpretação, uma opinião própria sobre o assunto, em que este está em aberto. 

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Andrew Newberg, com todas as experiências que fez, cunhou o termo neuroteologia, uma nova disciplina, um ramo da  neurociência a se estudar o que acontece com o cérebro quando das experiências religiosas e meditações. 

No item da página com o endereço citado acima na introdução, "Why do we believe what we believe?" (Por que acreditamos no que acreditamos?), é dito: "...nossas crenças começam a se desenvolver no momento em que nascemos e somos pré-programados para acreditar em certos aspectos. No entanto, essas formas são moldadas por tudo o que pensamos, sentimos e experimentamos ao longo da nossa vida...". A educação das crianças pelos pais e a influência dos parentes e amigos, ou seja, o meio ambiente social, termo que uso muito, influenciam nas crenças que as crianças, salvo exceções, levarão para o resto das vidas delas. São os poderosos valores religiosos passados a nós como verdades absolutas da religião na qual, principalmente os nossos pais, quiseram para nós. No cristianismo: Deus, Bíblia, Os Dez Mandamentos (que possui até regras de condutas sociais como "não roubarás", etc.), a oração "O Pai Nosso", a oração "Ave Maria", etc. São valores muito intensos onde, quando evocados, levarão as pessoas a estados mentais também intensos, percebendo-se pelas experiências do Newberg, modificações em estruturas e/ou funcionais em áreas cerebrais, a neuroplasticidade. (1) 

Ainda no mesmo item anterior você poderá ler: "...mas também podemos ter crenças sobre [o] significado e propósito na vida, sobre religião e sobre as profundas complexidades do universo. Como nossas crenças são tão importantes para nossa sobrevivência, temos uma tendência a manter essas crenças muito fortemente, mesmo quando apresentadas com opiniões ou fatos opostos...". E aqui está um dos maiores argumentos das minhas ideias na qual eu digo da importância para nós seres humanos, da época em que a consciência nos apareceu e mostrou, junto a nossa inteligência, o quão difícil seria entender questões muito complexas e aterradoras para um ser se ele não acreditasse em nada e que menciono em vários artigos meus: "qual o sentido da vida?", "para onde vamos após a morte?", "quem somos nós?", "quem nos criou em primeiro lugar? (pois nos deparávamos com o fato de mulheres gerando filhos e quem haveria gerado a primeira mulher?)", "existe vida após a morte?", etc. Questões essas podendo levar a desequilíbrios emocionais aos primeiros homens, repito, inteligentes e conscientes de si e do mundo que os rodeavam, nas quais nossa espécie poderia perecer por não poder levar uma vida plenamente quanto aos fatores indispensáveis à perpetuação como, por exemplo, a reprodução. 

Então os nossos valores religiosos, nossas religiões, estariam ligadas à evolução humana? Sim, como é mencionado no item "Are we "hard-wired" for God? (Somos "ligação", "base", para Deus?): "...No entanto, o que podemos dizer é que o cérebro tem duas funções primárias que podem ser consideradas de uma perspectiva biológica ou evolutiva. Essas duas funções são automanutenção e autotranscendência. O cérebro realiza essas duas funções ao longo de nossas vidas. Acontece que a religião também realiza essas duas funções. Então, do ponto de vista do cérebro, a religião é uma ferramenta maravilhosa porque a religião ajuda o cérebro a desempenhar suas funções primárias." (2) 
  
Newberg constatou, durante a meditação dos monges, o seguinte fato descrito no item "How do meditation and prayer change our brains?" (Como a meditação e a oração mudam nossos cérebros?): "...Quando escaneamos os cérebros dos meditadores budistas tibetanos, encontramos diminuição da atividade no lobo parietal durante a meditação ... Esta área do cérebro é responsável por nos dar uma sensação de nossa orientação no espaço e no tempo. Nós levantamos a hipótese de que o bloqueio de todas as entradas sensoriais e cognitivas nesta área durante a meditação está associado à sensação de não espaço e sem tempo tão freqüentemente descrito na meditação. 

Os budistas acreditam em uma lei de interdependência entre todas as coisas no  Universo, na Terra. (3) Nos estados mentais produzidos nos monges, eles se sentiram em comunhão com o meio ambiente, não havendo espaço separando-os desse próprio meio.    

Com respeito às freiras, encontrei o seguinte relato: "...Quando os cientistas estudaram as varreduras, sua atenção foi atraída para um pedaço do lóbulo parietal esquerdo do cérebro que eles chamaram de área de associação de orientação. Esta região é responsável por desenhar a linha entre o eu físico e o resto da existência, uma tarefa que requer um fluxo constante de informações neurais que fluem dos sentidos. O que as varreduras revelaram, no entanto, foi que nos momentos de pico de oração e meditação, o fluxo foi dramaticamente reduzido." (4) 

Veja que os monges e as freiras tiveram a mesma área cerebral afetada mas as interpretações daquilo que sentiram foram de acordo com os próprios valores religiosos de cada um! Com tudo aquilo que aprenderam e que se tornaram valores religiosos absolutos para eles, inclusive provando o Relativismo Religioso. (5) Nenhum deles interpretou como valores religiosos de outras religiões ou crenças, ou ainda que seus sentimentos e emoções, pelas experiências, não estavam de acordo com as próprias crenças desacreditando as experiências. Isto é o relativismo religioso, em que cada um considera os seus valores como absolutos, não acreditando e até desprezando os valores das outras religiões, mas, na realidade, são relativos. 

Na minha opinião, de acordo com todos os artigos do meu blog "O Relativismo Religioso – Como eu o vejo", (6) valores religiosos e crenças foram criados pelos seres humanos em todas as épocas e locais, como um grande apoio, como necessidade de uma mente consciente de si própria, com amor-próprio, com sentimento de fé e com a propriedade de transcendência, gerando muitas religiões como eu digo na referência bibliográfica (2), não sendo os valores religiosos necessariamente reais, entes divinos reais, etc. Para tanto, o acreditar e a fé são absolutos no ser humano, nascemos com eles, e as pessoas irão manifestar esses sentimentos nos valores religiosos criados. (7) É esta a minha interpretação sobre as experiências do Newberg, materialista, ateísta, como a Ciência deve se posicionar, mas reconheço que ainda existem muitos fatos a se descobrirem. 

Já Andrew Newberg é um cientista muito famoso, escreveu seis livros sobre as suas pesquisas, possui uma grande responsabilidade como diretor de pesquisa de uma universidade e, tenho certeza, não colocaria sua carreira em xeque se afirmasse que Deus é um produto da mente, que os outros deuses das outras religiões também o são. Além disso pode ser uma pessoa realmente crente em Deus, mas, é dele uma frase suspeita: "não importa qual a religião, o importante é praticá-la". Ele sabe muito bem da importância dos valores religiosos e das religiões para os seres humanos de todas as épocas e locais... 
     
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Referências
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1 – Argos Arruda Pinto. O meio ambiente social na formação das crenças religiosas. 2013. Disponível em: < http://orelativismodasreligioes.blogspot.com.br/2013/03/o-meio-ambiente-social-na-formacao-das.html >. Acesso em: 23/03/2018. 
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e...
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Argos Arruda Pinto. Neurociência e como se formam os valores religiosos em nossos cérebros. 2017. Disponível em: < http://argosarrudapinto.blogspot.com.br/2017/02/neurociencia-e-como-se-formam-os.html >. Acesso em: 23/03/2018. 

2 – Argos Arruda Pinto. Consciência, amor-próprio, fé e transcendência. 2013. Disponível em: < http://orelativismodasreligioes.blogspot.com.br/2013/06/consciencia-amor-proprio-fe-e.html >. Acesso em: 23/03/2018. 

3 Budismo. Nova Enciclopédia Ilustrada Folha. São Paulo. Editora Folha de São Paulo. 1996. 2 v. 

4 - Mundo da Psicologia. O que faz a oração? O que o amor faz? 2017. Disponível em: < http://pt.psy.co/o-que-faz-a-orao-o-que-o-amor-faz.html >. Acesso em: 23/03/2018. 

5 - Argos Arruda Pinto. O Relativismo Religioso como fato através das experiências do neurocientista Andrew Newberg. 2018. Disponível em: < http://orelativismodasreligioes.blogspot.com.br/2018/04/o-relativismo-religioso-como-fato.html >. Acesso em: 23/04/2018.

6 – Argos Arruda Pinto. O Relativismo Religioso – Como eu o vejo. 2007. Disponível em: < http://orelativismodasreligioes.blogspot.com.br/2007/ >. Acesso em: 23/03/2018. 

7 – Argos Arruda Pinto. O acreditar e a fé como vantagens evolutivas. 2008. Disponível em: < http://finalizacaoargos.blogspot.com.br/2008/02/o-acreditar-e-f-como-vantagens.html >. Acesso em: 23/03/2018.