Argos Arruda Pinto

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quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

A yoga como opção para o tratamento da ansiedade

Palavras-chave: neurociência, yoga, ansiedade, depressão, GABA, exercício físico.

O título deste artigo não revela nada de novo em termos de tratamentos psiquiátricos ou psicológicos mas três fatos acontecidos comigo fizeram com que eu me interessasse em escrever este texto: as recentes experiências (1) do professor de psiquiatria Chris Streeter, da Universidade de Boston, com praticantes de yoga, algo que escrevi há muito tempo atrás e um pequeno tratamento meu para ansiedade e insônia há mais tempo ainda.

Em 2001 eu tive o prazer de terem publicado o meu primeiro artigo sobre neurociência na revista Cérebro & Mente - www.cerebromente.org.br - de nome “A base material dos sentimentos”. (2)  Mas só que eu o havia escrito já em 1991 e não tinha onde publicar… Ficou dez anos engavetado até com a chegada da internet e quando descobri a revista em 2001.

Falei sobre depressão, ansiedade e remédios, citando o efeito de um ansiolítico, o Dalmadorm (flurazepam) sobre o sistema nervoso, em que, no caso, atuava “...aumentando o efeito de neurotransmissores inibitórios da resposta nervosa, como o ácido gama-aminobutírico - GABA.” Assim estava escrito em 1989, durante o tratamento, na bula do remédio e ele era ótimo para a ansiedade, insônia e também para a angústia, uma das piores dores mentais que o nosso sistema nervoso possa provocar. Hoje a mesma bula vem com a frase “inibe, em animais, a resposta tensional devido à estimulação elétrica do hipotálamo e eleva o limiar da excitação. No homem, o Dalmadorm prolonga a duração do sono, diminui o tempo de adormecimento assim como a frequência de despertares noturno.”

O professor Streeter e colaboradores utilizaram oito experientes praticantes de yoga com uma sessão de sessenta minutos e onze não praticantes realizando uma leitura qualquer durante o mesmo tempo. A ideia era simples, comparar os níveis de GABA antes e depois do yoga e de quem efetuou a leitura.

Escolheram como posturas do yoga a chamada asana ou ássana, palavra sãnscrita que significa “assento”. Um método muito utilizado aqui no ocidente devido à sua popularização através de pessoas famosas como Madonna e Sting.

Utilizando imagens espectroscópicas de ressonância magnética imediatamente antes e imediatamente após as sessões de ambos os grupos, os cientistas verificaram um aumento de 27% de ácido-aminobutírico nos praticantes de yoga e nenhum aumento no outro grupo.

Nas conclusões de Streeter e de seus colaboradores, nada como explorar o yoga como tratamento para transtornos de ansiedade e até depressão para distúrbios com baixa de GABA. E como o yoga é também uma forma de exercício, pesquisas futuras com muitos tipos deles poderão indicar quais serão mais apropriados para cada pessoa e sintomas  existentes.

Referências bibliográficas:

Ciraulo DA, Renshaw PF. Yoga Asana sessions increase brain GABA levels: a
pilot study. 2007. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17532734 >. Acesso em: 06/12/2017.

2 - Argos Arruda Pinto. A base material dos sentimentos. 2001. Disponível em: < http://www.cerebromente.org.br/n12/opiniao/sentimentos.html >. Acesso em: 06/12/2017
e
Argos Arruda Pinto. A base material dos sentimentos. Blog: Sistemas, Teoria da
Evolução, Neurociências. 2008. Disponível em: < http://sistemaevolucaoneurociencia.blogspot.com.br/2008/01/base-material-dos-sentimentos.html >. Acesso em: 06/12/2017.

sábado, 18 de novembro de 2017

A consciência muda o cérebro com a neuroplasticidade

Palavras-chave: neurociência, neuroplasticidade, consciência.  


Em meu artigo “Psicoterapias, neuroplasticidade e alterações na consciência”, (1) eu comento o fato das depressões e outros desequilíbrios emocionais modificarem a consciência. Isto é chamado de relação de baixo para cima, ou seja, do cérebro para a consciência, e também existe a relação de cima para baixo: a consciência modificando estruturas cerebrais.

Esse segundo fenômeno é muito comum no dia a dia de muitas pessoas mas não comentado como acima. Citarei um exemplo, sem a necessidade de ser completo, que faz parte da bibliografia (2) em que me baseio este artigo:

“Na sexta-feira, às 06:30 da tarde, no dia 4 de agosto de 2006, aos 66 anos, sentado na mesa, segurando a cabeça com a mão direita, I.K. de repente caiu com o rosto na mesa. Ele não conseguiu mover a perna e o braço direito, nem poderia pedir ajuda, pois sua habilidade de falar foi perdida. Mais tarde, descobriu-se que sua artéria carótida esquerda foi obliterada e parou de fornecer sangue e oxigênio à metade esquerda de seu cérebro. I.K. experimentou um acidente vascular cerebral isquêmico desastroso: em poucos minutos, quase uma quarta parte do cérebro foi destruída, com as consequências dramáticas de uma paralisia do lado direito de seu corpo (hemiplegia), perda de capacidade de falar e compreensão (afasia) e incapacidade de escrever (agraphia).

Nesta situação difícil, I.K. ainda podia ouvir os médicos ao seu redor que discutiam sua situação. Naquela época os neurologistas podiam ver que I.K. sofreu graves danos estruturais e teve pouca esperança para sua recuperação. Mas, um ano depois, tornou-se evidente que I.K. tinha experimentado uma reabilitação inesperada. Quatro anos após o incidente, I.K. já podia tocar piano com a mão esquerda, escrever livros e poemas, pintar e exibir suas pinturas ao público.

O que aconteceu? Uma explicação potencial tinha a ver com o fato de que I.K. tinha um hemisfério direito excepcionalmente desenvolvido (o hemisfério intacto), que tinha sido aprimorado por anos por tocar piano e pintar em seu tempo livre. Não há dúvida de que essas atividades têm desempenhado um papel importante em sua recuperação surpreendente. Mas há uma segunda explicação adicional. Em um de seus poemas escrito após o incidente, I.K. apresentou sua decisão de realizar uma nova forma de vida: "Quero falar palavras de sabedoria, mas sei que minha boca vai me trair quando falo… Então, o que me resta? Tenho vontade de viver, não como eu quero, mas como posso". Essa decisão foi tomada apesar dos sintomas dramáticos que incluíram dificuldades na escrita, repetição de palavras, criação de novas palavras e muito mais. Foi uma decisão consciente que representou um ato de vontade e pode ser considerada a fonte de sua surpreendente reabilitação.

Vinte e dois dias após o acidente vascular cerebral ele criou a seguinte imagem, que mostra o polegar paralisado do braço direito parcialmente coberto por figuras de cabeças e uma parte vazia. A imagem demonstra sua luta para entender seu novo estado. Dois anos depois ele pintou uma cidade em uma metade de tabuleiro de xadrez, com as casas em cima das casas (posições das peças) do  xadrez, intitulada por ele como "Tabuleiro de xadrez", imagem de sua reabilitação.

Vale a pena notar que foram as capacidades linguísticas, de comunicação e de se expressar de I.K. que se recuperaram, e, menos ainda, suas habilidades motoras. O segredo desta transformação maravilhosa foi o seu poder de vontade e firme decisão de viver da melhor maneira possível, mesmo que severamente limitado. Um envolvimento de um efeito descendente da consciência sobre a neuroplasticidade de seu cérebro pode explicar a reabilitação de I.K., ao contrário de muitos outros em seu estado.”

Os principais componentes da consciência são a intencionalidade (3), autoconsciência, subjetividade e a vontade.

Veja a última palavra… vontade… ligada à…  força de vontade, uma de nossas expressões mais fortes, mais utilizada após adversidades onde queremos melhorar em algo, na superação de problemas, para chegarmos próximos a limites, etc. E é justamente quando no cérebro a consciência, a cognição e a memória são preservados, que podemos nos esforçar em alcançar objetivos considerados quase impossíveis para muitos. I.K. decidiu por lutar por uma vida,  mesmo que  restrita, mas da melhor forma que poderia encontrar. A consciência de I.K. estava presente em todos os momentos pelos quais passou desde o momento de sua decisão… consciente.

   
Referências Bibliográficas

1  - Argos Arruda Pinto. Psicoterapias, neuroplasticidade e alterações na consciência. 2017. Disponível em: <

2 - Jean Askenasy; Joseph Lehmann. Consciousness, brain, neuroplasticity. 2013. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3706726/  >. Acesso em: 18/11/2017.

3 - Argos Arruda Pinto. A intencionalidade como um dos comportamentos mais importantes da evolução e da psicologia evolucionista. 2016. Disponível em: <





sábado, 11 de novembro de 2017

Psicoterapias, neuroplasticidade e alterações na consciência

Palavras-chave: neurociência, depressão, consciência, psicoterapia, TCC.

Neurocientistas procuram atualmente relacionar mudanças na consciência, para compreendê-la melhor, a partir dos efeitos da psicoterapia, avaliando alterações no cérebro, a neuroplasticidade. Se as psicoterapias promovem modificações na estrutura e/ou no funcionamento de áreas cerebrais, a consciência deverá ser alterada também.

A consciência, sendo um ou vários estados cerebrais ao mesmo tempo, interligados, possui uma base física na qual se assenta: o cérebro. E assim também é a mente na qual a consciência é uma “parte” dela.

Possuímos uma tendência a considerar a consciência como algo imaterial, sobrenatural e, sendo assim, algumas pessoas dizem que processos físico-químicos, ou biológicos se você preferir, não produzem algo imaterial. “Nunca vimos nada físico produzir um estado imaterial”, eles dizem. Mas as psicoterapias conseguem mexer fisicamente com o substrato neural e, consequentemente, alterando o comportamento de uma pessoa, havendo assim mudanças na consciência. Mesmo em um exemplo simples, como uma pancada na cabeça a fazer com que alguém desmaie, também houve uma alteração na consciência, um desligamento, mostrando que ondas de choque mecânicas atuaram em níveis neuronais, de impulsos nervosos, íons, influindo fortemente na consciência a ponto de desligá-la.

Em outro ponto, o cérebro imutável, estático, cedeu lugar a outro dinâmico, onde qualquer aprendizado só é possível graças à neuroplasticidade que apenas de   algumas décadas para cá foi possível se perceber graças a instrumentos eletrônicos sofisticados. PET, SPECT, iFMRI são algumas siglas já conhecidas nesse campo.

A CBT (ou TCC) é uma das terapias mais poderosas nesse processo de avaliação de modificações na consciência, embora a psicoterapia psicodinâmica também produz resultados semelhantes apesar de suas abordagens diferentes. Talvez as duas funcionam pois dessa maneira porque buscam finais comuns. Mas a TCC é ainda preferida dos cientistas, mexendo  com as emoções, sentimentos, comportamentos, etc., avaliando mudanças em que, por exemplo, uma área de sintoma como da cognição, é acompanhada por mudanças em outras áreas de sintomas como comportamentos e emoções.

Assim, analisando atividades cerebrais antes e depois da TCC em depressões, verificou-se modificações em áreas do sistema límbico, o córtex pré-frontal dorsolateral e áreas cinguladas. Algo até surpreendente pois poucas áreas do cérebro se alteraram e, com isso, alteraram a consciência. Poucas áreas mas importantes. Houve  diminuição da atividade no sistema límbico, especialmente a amígdala, com o córtex pré-frontal dorsolateral tornando-se relativamente mais ativo.

A depressão produz modificações nos comportamentos dos indivíduos que vão desde uma tristeza onde sair,  tirar férias, se desprender de preocupações do dia a dia, possam levar a um melhoramento de seus sintomas, com até modificações em que eles fiquem abatidos, sem forças para o trabalho, para continuarem com suas vidas sociais, e até permanecerem literalmente prostrados em suas camas.

Aqui eu abro um parênteses para um exemplo no qual eu mesmo fui o protagonista de uma depressão profunda onde, por três anos, mais ficava em minha cama do que de pé! Mesmo com um antidepressivo, a clomipramina, eu ficava deitado o dia inteiro e só tinha energias para me levantar, pasme, por volta das seis horas da tarde. Às vezes levantava ao meio-dia e ia resolver alguns compromissos. Dormia minhas sete a oito horas comuns de sono, me alimentava, tomava banho e até saía, mas muito triste.

Então posso dizer de uma mudança de consciência a qual fui submetido. Eu não falava para o médico sobre essa situação; eu não chegava a ele e dizia que o remédio e/ou a dosagem estavam errados; e não por que não queria e sim porque minha consciência não me permitia, onde eu havia perdido grande parte dela  esquecendo da minha vida anterior, social, afetiva e de trabalho. Foi algo onde se mostra um dos lados mais nefastos da depressão: a pessoa sem consciência do que ocorre, podendo levá-la a comportamentos destrutivos.

Acabei por mudar de cidade e de médico. Foi-me receitado a fluoxetina - o prozac - e, em apenas oito dias, eu levantei da cama às sete horas da manhã, tomei um banho e saí. O que é a química cerebral…

Hoje estou muito bem e a fluoxetina possui uma ação muito bem conhecida: ela segura o chamado neurotransmissor transportador que não deixaria a serotonina realizar com eficácia as suas sinapses, levando-a de volta à membrana pré-sináptica. A famosa frase: “inibidor seletivo da recaptação da serotonina.”  


Referência Bibliográfica

Daniel Collerton. Psychotherapy and brain plasticity. 2013. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3764373/ >. Acesso em: 11-11-2017.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

A máquina de ler pensamentos está próxima de ser construída

Palavras-chave: neurociência, iFMRI, pensamento, neurônio, leitura

De onde vêm os nossos pensamentos? Como eles são? Algo está bem claro entre os cientistas: atividade elétrica dos neurônios ou impulsos nervosos se você preferir. Mas não uma atividade como em um fio metálico a carregar um celular: elétrons em número muito grande se movendo pelo fio. Aqui falamos de íons, átomos carregados eletricamente em movimento, axônios como fios, sinapses, que são uma ponte química entre um neurônio e outro. E para qualquer célula funcionar e realizar suas tarefas, faz-se necessário a presença de oxigênio na molécula de hemoglobina, com o sangue levando essas moléculas para o oxigênio sofrer uma reação de combustão com carboidratos, açúcares, e gerar energia para a célula. E o neurônio não foge a essa regra. Onde,  nas regiões cerebrais que estiverem mais ativas, são justamente aquelas com maior presença de sangue devido ao fornecimento de oxigênio.

A presença de oxigênio na hemoglobina faz com que esse pequeno conjunto se torne, na linguagem da Física, paramagnético, uma condição em que um campo magnético externo possa interagir com um pequeno campo também magnético produzido por esse conjunto.

Existe um aparelho eletrônico sofisticado para tanto, de sigla iFMR -  Imagem por Ressonância Magnética Funcional - capaz de detectar o campo magnético do sistema oxigênio-hemoglobina e, através de um scaneamento, obter dados de quais regiões cerebrais estarão funcionando com maior intensidade.

A quantidade de informações obtidas por esse tipo de scanner requer um apoio de um sistema de localização e investigação dessas informações que recebe o nome de Machine Learning, ou, em português, aprendizado de máquina. Esse aprendizado visa relacionar o próprio aprendizado humano a proporcionar a inteligência em computadores, a inteligência artificial. Um tipo de método para se trabalhar com Machine Learning é o MATLAB, um programa computacional, abreviação de MATrix LABoratory mas que para profissionais de saúde não é tão apropriada. Outro, com muito maior eficácia a decodificar informações de padrões de atividade cerebral é o MVPA, sigla de “Multi Voxel Pattern Analysis”, Análise de Padrões MultiVoxel.    

O fMRI realiza um scaneamento cerebral obtendo dados a cada dois ou três segundos com uma pessoa dentro de uma caixa cilíndrica com um poderoso eletroímã. O campo magnético gerado por esse eletroímã chega a ser 30.000 vezes maior que o campo magnético da Terra.

É informado à pessoa para pensar, por exemplo, em uma casa, enquanto o scanner trabalha. Depois em um sapato e assim por diante. O cérebro forma padrões desses objetos de análise que, no futuro, serão reconhecidos quando não for solicitado à pessoa pensar neles e ela pensar… É difícil se concentrar em uma palavra só todo o tempo e por isso outros pensamentos, objetos, são também percebidos e constituem o que se chamam de ruídos, interferências. Repetindo várias vezes o processo, os cientistas conseguem chegar nas palavras por eles ditadas.  Pronto, já temos uma “leitura de mente” mas com substantivos, ou seja, objetos concretos. Assim que se for aprimorando as “Machines Learning’s”, adjetivos, palavras comuns como pronomes, advérbios, etc., os pensamentos das pessoas serão compreendidos como frases, que é o princípio do processo da linguagem, até com detalhes como intenção, mentira, sinceridade, etc.

Talvez isso demore ainda um tempo mas já podemos vislumbrar alguma  aplicação prática de imediato.

Um delegado pergunta a um sujeito onde ele estava em certo dia e horário quando da ocorrência de um assassinato. Ele se esforça em imaginar a sala da casa dele, vendo televisão com um amigo, o seu álibi. Mas ele é o criminoso e pelo fMRI seus pensamentos vêm de áreas específicas da imaginação. Se ele por um instante se lembrar, o que realmente poderá acontecer ainda mais pelo cansaço da investigação, o rosto da vítima, o local do crime, o som do disparo da arma, etc., será denunciado pois só ele viu esses padrões vindos dos ângulos e da própria luz que entraram em seus olhos e foram processados pelo lobo occipital antes de passarem para a memória. E mesmo se ele for um super-homem, capaz de apenas imaginar a sala da casa com o amigo e a televisão, será também denunciado pois estará utilizando somente a imaginação!

Este é apenas um exemplo simples da quantidade de situações e fatos a serem analisados com pessoas nas mais diversas sociedades do mundo inteiro.

Bandidos e políticos corruptos que se cuidem!


Bibliografia

SILVA, Laura Angélica Tomáz. Ferramenta experimental para análise de padrões de atividade cerebral. 2015. Disponível em: < http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/5629/1/PB_COADS_2015_2_03.pdf >. Acesso em: 03/11/2017.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

A base material do amor, da paixão e do desejo sexual

Um casal que se ama possui uma rede muito complexa de comportamentos entre si onde talvez seria impossível entender tudo que o cerca com respeito aos cérebros dos dois nessa união!

Mas diminua em cada um deles a quantidade de oxitocina, vasopressina e luliberina e veja essa união acabar!

E então, como ficamos? Três substâncias, talvez com mais algumas, terminando algo tão profundo, duradouro e belo como nós conhecemos?

Experiências (1) específicas foram realizadas com pessoas onde eram apresentadas a elas fotografias eróticas (para uma análise no campo sexual) e da namorada ou namorado (para o elevado sentimento do amor). Verificou-se duas áreas cerebrais ativadas nessas circunstâncias: a ínsula e o estriado. A ínsula está presente no sistema límbico, nas emoções e o estriado foi verificado como o responsável tanto do amor quanto do desejo mas em pontos diferentes.

Curiosamente, essas partes do estriado estão relacionadas com o uso de drogas, sendo interessante fazer uma analogia com os estados mentais de quem está amando outra pessoa como quem estivesse “drogado”, só que se valendo de algo natural e benéfico.

A oxitocina é o hormônio ligado à felicidade, empatia, apego entre as pessoas e  por isso considerada o hormônio do amor.

A vasopressina utilizada em pequenos roedores nos EUA, os arganazes, parentes de esquilos, demonstrou ser um componente essencial para a fidelidade desses animais, a ponto dos machos ficarem juntos às fêmeas sem abandoná-las. E as fêmeas tiveram o mesmo comportamento mas com o uso concomitante da oxitocina. Mesmo efeito conosco!

Já a luliberina possui um efeito intenso no desejo e na realização do ato sexual em cobaias de laboratórios. Também possuímos essa substância e, da mesma forma, aumenta o nosso apetite sexual.

Por outro lado a paixão é violenta, devastadora e nos deixam presos à ideia de sempre estarmos com a pessoa. A atração sexual é fortíssima e ficamos inquietos, ansiosos, com muita liberação de endorfina e dopamina, com muito prazer...

Regiões cerebrais, disparos de neurônios, substâncias químicas, comportamentos…  Será que tudo é químico? Físico? Onde estariam a alma, o espírito, nisso tudo? A maquinaria cerebral teria influência do sobrenatural, de fatores imponderáveis, inacessíveis à  nossa compreensão intelectual, racional?

Nunca sabemos quando iremos amar alguém, acontece, e o número de fatores para tanto é tão grande que beira a aleatoriedade…

Existe algo de estranho se a alma fizer parte de, generalizando, nosso caráter, personalidade, nossas emoções e sentimentos: se ela veio de um ser supremo, onipotente, onipresente e onisciente, para quê colocar o sistema mais complexo que existe, o cérebro, em nossas cabeças, se uma alma fizesse “todo o dever de casa?”. Teríamos apenas carne e ossos em nossas cabeças. (2)

E se você se perguntar: “será que somos só regiões cerebrais, disparos de neurônios e substâncias químicas produzindo comportamentos?”.

Não se esqueça que para tudo isto ter lugar em nossos cérebros, foram necessários mais de 3,5 bilhões de anos de evolução biológica.


Referências

1 - Stephanie Cacioppo, Francesco Bianchi-Demicheli, Chris Frum, James G. Pfaus, James W. Lewis. The Common Neural Bases Between Sexual Desire and Love: A Multilevel Kernel Density fMRI Analysis. The Journal of Sexual Medicine - An Official Journal of the International Society for Sexual Medicine. 2012.

2 - Argos Arruda Pinto. Por que Deus não "nasce" junto na cabeça das pessoas? 2018. Disponível em: < http://argosarrudapinto.blogspot.com/2018/09/por-que-deus-nao-nasce-junto-nas.html >. Acesso em: 18/09/2018.


sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Psicoterapia, neuroplasticidade e neurorreligação

Introdução.
Neste artigo eu relaciono diretamente a psicoterapia com a neuroplasticidade, mudanças estruturais e/ou funcionais no cérebro, porque é neste ponto que os diversos tipos de sessões com psicólogos irá ajudar a recuperação de pacientes com problemas emocionais dos mais diversos.

Uma ou várias rotas neurais estão ativadas, ou seja, transmitindo correntes elétricas nervosas, ao você ver um cão se dirigindo em sua direção. Elas estimulam regiões cerebrais liberando substâncias químicas em sua corrente sanguínea como a adrenalina, aumentando seus batimentos cardíacos e aumentando a quantidade de sangue oxigenado, deixando-o pronto para correr ou enfrentar o cão. Mas você está também com medo, possui esse medo desde criança quando fora atacado e mordido por um deles e nem se lembra desse fato.

Este é um exemplo clássico de fobia na Psicologia onde a psicoterapia poderá ajudá-lo pois o animal em questão não é nada grande e seu pânico chega a ser absurdo até para você! E como ela poderá ajudá-lo? Através de sessões semanais em conversas com um profissional, um psicólogo.  Com o tempo o medo passa melhorando o seu estado emocional até em lidar com cachorros.

E o quê aconteceu de verdade?

Primeiro temos que recorrer à neuroplasticidade que é a capacidade do cérebro de se reorganizar, mudar mesmo em estruturas microscópicas, conforme estímulos do meio ambiente chegando pelos nossos sentidos e sendo processados.

Alguns fenômenos podem acontecer como o brotamento de axônios ou brotamento axonal, a mudança no número, disposição espacial, densidade de espinhas dendríticas e comprimento de dendritos a receber impulsos nervosos   e  os receptores de neurotransmissores sofrerem alterações em tipo ou número. E também o aprendizado está relacionado com tudo isso, como apareceu em uma fotografia microscópica de um estabelecimento contínuo, ou ao mesmo muito duradouro, de sinapses através de uma grande quantidade de neurotransmissores entre elas. Foi com um camundongo de laboratório, em uma experiência na década de 90 e postada por um jornal de grande circulação nacional, quando aprendeu  o caminho correto a levá-lo a um pedaço de queijo.

O cérebro é um órgão em constante mudanças estruturais. São muito pequenas em sua grande maioria e só com o desenvolvimento de aparelhos eletrônicos sofisticados como a tomografia por emissão de fóton único (SPECT), a tomografia por emissão de pósitrons (PET), a ressonância magnética funcional (fMRI), a ressonância magnética espectroscópica (MRS) e o NIRS (espectroscopia no infravermelho próximo) é que foi possível aos cientistas perceberem fatos antes desconhecidos.

O que se pode explicar bem resumidamente até agora é o fato de uma ou mais rotas neurais, onde são percorridas por impulsos nervosos a chegarem em regiões cerebrais liberando substâncias como descrito no primeiro parágrafo,  onde você ficava desesperado ao ver um cão, tendo agora rotas diferentes devido à neuroplasticidade e desviando os impulsos a outras regiões amenizando seus problemas ao liberarem outras substâncias.

Os estímulos externos, em sua psicoterapia, capazes de realizar tais efeitos foram as conversas com o psicólogo. Você pode, por exemplo, ter se lembrado do ataque do cão quando criança, sendo essa lembrança crucial nas modificações neurais descritas acima, pois uma tomada de consciência como essa irá alterar e demais as suas memórias, emoções e sentimentos, influindo em seus circuitos neurais.

Então, esse é o fenômeno da neuroplasticidade mas a história não para por aqui.

Imagine agora alguém com depressão. Grosso modo é uma grande diminuição da atividade neurônica na pessoa. Fendas sinápticas sem sinapses, sentimentos e emoções negativos dos mais diversos tais como autocomiseração, falta de sentido na vida, angústia, ansiedade, etc.; sentimentos esses que poderão levar tal pessoa ao suicídio. E veja que todos esses sintomas negativos apareceram depois de tal doença, ou seja, não estavam no script com relação ao (s) problema (s) central (is) que levou (aram) à doença, até que um dia os cientistas perceberam que eles apareceriam mesmo, sempre.

Digamos que remédios e psicoterapia são recomendados a esse alguém tão fragilizado, física e emocionalmente, perdendo momentaneamente sua vida social, de trabalho e afetiva (gosto de citar em meus artigos essas três palavras pois resumem 100%, ou algo próximo a isto, nossa vida diária, comum…). Com o tempo o humor, a vontade de viver, a alegria, começam a fazer parte da vida dessa pessoa como antes da depressão, da tristeza, da angústia, etc.

Houve reversão nas anormalidades estruturais ou funcionais associadas a uma certa sintomatologia antes da terapia; em outras palavras, a psicoterapia pode amortecer a estrutura e a função do cérebro, a "psicologia da normalização". Pode também ocorrer que a terapia pode levar a mudanças compensatórias em áreas do cérebro que não apresentaram funções alteradas antes da terapia. São normalizações de padrões anormais de atividade, onde, muitas vezes remédios e psicoterapia juntos podem não surtirem efeitos desejados mas somente uma prática dessas. (1)

É já famosa a experiência com neuroimagens em motoristas de táxis em Londres pois eles passam por um “curso” de dois anos aprendendo sobre o mapa da cidade, ruas, avenidas, pontos turísticos, pontes, igrejas, etc. Eles apresentam um aumento no hipocampo posterior onde é justamente a região cerebral responsável pelos pensamentos, imaginação e memória em três dimensões. (2)

A neuroplasticidade aparece onde há aprendizado, estímulos externos produzindo emoções e sentimentos e, neste caso, como eu falei especificamente da depressão, se a pessoa voltar a ter sua vida social, de trabalho e afetiva de volta, eu chamo de neurorreligação.

Não é à toa que a densidade do cérebro é muito pequena, beirando 1,3 g/cm3,  próxima a da água, 1,00 g/cm3. Modificar uma estrutura bastante gelatinosa é bem mais fácil que outra bem mais rígida.


Bibliografia:

1 - Barsaglini A., Sartori G., Benetti S., Pettersson-Yeo W., Mechelli A. The effects of psychotherapy on brain function: a systematic and critical review. Prog. Neurobiol. 2014 Mar. Disponível em < https://f1000.com/prime/718292548 >. Acesso em: 22/09/2017.

2 - Eleanor A. Maguire, David G. Gadian, Ingrid S. Johnsrude, Catriona D. Good, John Ashburner, Richard S. J. Frackowiak, and Christopher D. Frith. Navigation-related structural change in the hippocampi of taxi drivers. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC18253/ >. Acesso em: 22/09/2017.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Breve história da Teoria da Relatividade Especial (ou Restrita)

A Física é uma ciência de observação. E observar é literalmente olhar para um sistema, um conjunto de partes, tentar descobrir alguma regularidade, estados, de uma ou mais partes (ou do sistema inteiro) e colocar em uma linguagem matemática a fim de poder prever qual será o comportamento do sistema, de suas partes, em qualquer instante de tempo futuro. Também no presente imediato ou tirar conclusões sobre o passado. Você descobre então uma ou mais leis colocando-as na linguagem da matemática.

Filósofos e cientistas do passado, não possuindo ferramentas matemáticas, analisavam fenômenos e davam suas opiniões sobre o que ocorria com eles. A partir de Galileu Galilei (1564-1642) a matemática começou a fazer parte da análise de movimentos e a Física se tornou mais completa, mais concreta para as suas análises. Inclusive as leis da física também serão válidas para locais, ditos referenciais, que estão em movimento retilíneo e uniforme em relação a outros. Você  calcula alguns valores de um fenômeno qualquer em algum lugar e pode prever quanto serão os valores no outro referencial sabendo-se a velocidade entre ambos. Isto também se deve a Galileu e são chamadas Transformadas de Galileu. Cito aqui pois é um dos dois postulados da Teoria da Relatividade Especial.

Estamos acostumados com as palavras “observação” e “olhar”. Tão acostumados
que não nos damos conta de algo tão trivial envolvido com elas: para enxergarmos um objeto ou um fenômeno dependemos da luz refletida por eles a impressionarem nossos olhos e cérebros pois senão “veríamos” um mundo todo escuro. Mas ninguém sabia até o final do século XIX, e nem poderia imaginar, era que a velocidade da luz não pode ser acelerada ou desacelerada dentro de um mesmo meio. Este é o outro postulado da relatividade e o principal que mudou para sempre as nossas noções do que são o espaço, tempo, matéria e energia...  

A história é a seguinte: o físico escocês James Clerk Maxwell (1831 - 1879) havia estabelecido as leis do eletromagnetismo nas famosas "equações de Maxwell", criando o eletromagnetismo moderno.

Acontece que as suas equações apresentavam problemas quando da mudança de referencial, de um para outro com velocidade constante e retilínea, também denominado de referencial inercial, em cálculos utilizando-se as Transformadas de Galileu.

Necessitava-se de transformadas englobando as físicas de Galileu (e também de  Newton) junto às leis de Maxwell. E foi o físico neerlandês Hendrik Anntoon Lorentz (1853 - 1928) quem chegou a essas Transformações (...de Lorentz). Estavam corretas para cálculos com mudanças de referenciais mas admiti-las seria admitir fatos absurdos para o senso comum das pessoas: dilatação temporal, contração de comprimento e aumento de massa com a velocidade entre os referenciais inerciais. (1)

Ainda assim os cientistas da época consideraram hipoteticamente um meio pelo qual as ondas eletromagnéticas deveriam se deslocar e o chamaram de éter. Muito pouco denso a não dificultar o movimento de corpos celestes como a Terra, ele seria análogo a matéria para o movimento das ondas sonoras. Seria um modo de explicar a ineficácia das Transformações de Galileu para o eletromagnetismo. Acontece que a famosa experiência de Michelson e Morley garantiu, pela constância da velocidade da luz descoberta por eles, que, se ele existisse, obviamente não interferiria em nada no deslocamento das ondas de Maxwell. Optaram por descartar a existência do éter!

Albert Einstein (1879 - 1955) considerou os referenciais inerciais, que a velocidade da luz é constante em um mesmo meio e disse que o Universo se comporta sim como as três transformadas de Lorentz, e ainda chegou na equação mais famosa da física: E = m.c².

Fez-se silêncio não só na Física mas na ciência do Século XX durante muito tempo. Aos poucos a tecnologia cada vez mais avançada começou a provar a Teoria da Relatividade, de 1905, e hoje é ensinada já no ensino médio.


Notas:

1 - Veja o "Apêndice A" em meu blog "A Teoria da Relatividade não é difícil de entender": < http://teoriadarelatividadefacil.blogspot.com.br/2017/06/apendice-a.html >

quarta-feira, 12 de abril de 2017

A neurorreligação como o elo descoberto (e não perdido) entre a psiquiatria e a psicologia

Nos anos 70 e 80 eu sempre via calorosas discussões entre a psicologia e psiquiatria. A primeira não gostava ou não achava certo prescrever remédios, ou algo assim, e a psiquiatria prescrevia e não gostava, ou não achava certo as longas sessões de terapias em pacientes com problemas emocionais. Mas, eu pensava, não haveria um meio termo entre o modo de trabalhar desses dois ramos da medicina? Afinal, uma insônia, por exemplo, devido a um distúrbio emocional e que prejudicava a vida de trabalho das pessoas, poderia, em pouco tempo, com medicação,  restabelecer a ordem correta de sono e vigília de quem precisasse. Por outro lado, problemas existenciais, profundos, gerando os péssimos sintomas de ansiedade, angústia e até depressão, poderiam ser curados ou minimizados com sessões com psicólogos. E, enquanto a melhora não vinha, alguns remédios aliviariam esses sintomas tão desagradáveis e incômodos no dia a dia de quem as possuíam.

O meio termo estaria aí, neste sentido.

Acontece algo com frequência, no modo de raciocinar de até cientistas, que limitavam os trabalhos em que estão inseridos: a dificuldade em raciocinar não com uma só variável, mas com duas... ou mais…

Quero aqui mostrar um exemplo, totalmente fora deste assunto, mas que é comum ouvir pessoas discutindo não com um ramo da ciência, mas com um ramo do esporte: a Fórmula - 01 ou qualquer corrida de carros.

Se você estranhar, poderá pensar em uma corrida de carros de passeio, porque sei que dirige e o que mais espero mostrar é a lógica intrínseca neste exemplo.

Vencerá um piloto que for o melhor ou quem possuir o melhor carro? As pessoas se confundem e muito porque aqui entram duas variáveis e não só uma!

Veja, o piloto que chamarei de A é melhor pois já provou durante a sua carreira. O segundo é o B e, estando com um carro mais potente, conseguirá atingir maiores velocidade nos finais das retas e também nas curvas. Manterei outras variáveis, como a estabilidade, erros de marcha, freios, quebra do motor, etc., como fixas.

Não há dúvida que a cada volta a velocidade média de B será maior e ele se distanciará cada vez mais de A. E se você trocar os carros a situação se inverterá.

Agora, imagine se eu fixar uma variável destas duas, o carro. Eu dou dois carros exatamente iguais em potências para os dois pilotos. Também as outras variáveis que falei permanecerão as mesmas. O piloto A ganhará todas as corridas de B porque é mais habilidoso, possui “mais braço”, como se diz na gíria automobilística, que o rival.

E se eu fixar, embora é quase impossível mas vale aqui, os pilotos? Dois exatamentes iguais em reflexo, manobras para ultrapassagem, velocidades nas entradas e saídas das curvas, etc.? Vencerá quem  possuir o carro mais potente!

Então, na antiga briga, e hoje parece que tende a se acabar, entre psiquiatras e psicólogos, a mistura dos trabalhos dos dois é mais eficiente na cura e/ou amenização de problemas emocionais dos pacientes. Até pode ser que em alguns casos a psicologia seja preferida aos remédios e vice-versa.

No meu artigo “A psicoterapia como neurorreligação” -
http://neurorreligacao.blogspot.com.br/2016/10/a-psicoterapia-como-neurorreligacao.html - no nono parágrafo, digo o seguinte: “No excelente artigo ‘Psicoterapia e neurociências: um encontro frutífero e necessário’, da Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, os autores  relatam o seguinte: ‘A Neurociência tem demonstrado que um comportamento pode ser aprendido e aperfeiçoado pela experiência, que altera a ‘voltagem’ das sinapses na rede neural, provendo a formação de novos circuitos neurais e novas memórias, acessíveis em ocasiões posteriores (Kandel, Schuartz & Jessell, 2000).’’

Outro relato diz: “Os estudos com neuroimagem […] objetivam pesquisar alterações anatômicas especialmente relacionadas à volumetria de estruturas encefálicas e funcionais para investigarem alterações na dinâmica do fluxo sanguíneo encefálico, aumento ou decréscimo de ativação nas estruturas e circuitos neurais (Peres & Nasello, 2005).”

Os remédios para a ansiedade, depressão, etc., aumentam ou diminuem a quantidade de neurotransmissores em conjunto de circuitos cerebrais.

Práticas psicológicas e com remédios, e tanto uma quanto à outra, modificam o funcionamento e/ou alteram áreas cerebrais melhorando o comportamento das pessoas.

A neurorreligação faz parte, aparece tanto em uma como na outra e no conjunto das duas: é o benefício atingido pelo esforço mental e/ou com remédios.

Enquanto psicólogos brigavam com os psiquiatras e vice-versa, a neurorreligação estava ali, se iniciando e se consolidando em nível micro, com áreas cerebrais, irrigação sanguínea, maior produção de neurotransmissores ou bloqueando o efeito de outros, etc., a produzir um melhor desempenho em comportamento das pessoas, ou seja, em nível macro.