Argos Arruda Pinto

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sábado, 25 de setembro de 2021

O processamento do tempo no cérebro

 Introdução 

"Como físico que sou, amante da Relatividade Especial* de Albert Einstein (1879-1955) e escritor de Neurociência, não poderia deixar este meu grupo sem descrever pesquisas e descobertas a respeito de como o cérebro processa, lida, 'compreende', esse tão enigmático e de extrema importância para nós, o tempo!".

 

Na Noruega, o neurocientista e professor Edvard I. Moser, Nobel de 2014 em Medicina/Fisiologia, e seus colaboradores, descobriram células, uma rede, no córtex entorrinal lateral capazes de fornecer um sentido ao tempo quando da nossa observação de eventos, experiências.  

“A rede não codifica o tempo explicitamente. O que medimos é um tempo subjetivo derivado do curso do fluxo [decorrer] de uma experiência", diz Albert Tao do "Instituto Kavli de Neurociência de Sistemas" (KISNI), (1) da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU), fundado justamente por Edvard Moser, seu diretor. 

"Esta rede fornece carimbos de data/hora para eventos e mantém o controle da ordem dos eventos dentro de uma experiência”, diz Edvard Moser.

 

Esta descoberta é muito importante porque ordena a sequência de fatos de uma experiência para nós, na qual sentimos a passagem do tempo enquanto da experiência e qual fato precede um outro.

 

Nós somos quem convencionamos o tempo em segundos, minutos, horas e assim por diante, mas, desde os primeiros humanos na Terra, eles possuíam, evidentemente, a capacidade de perceber a "passagem de algo", enquanto observavam fenômenos naturais e até mesmo no caminhar de pessoas ou na queda de uma folha de árvore.

  

É uma vantagem evolutiva aos seres humanos. A aproximação de qualquer perigo pode ser chamado de evento no qual o tempo é de extrema importância na fuga, em se tomar a decisão correta para onde ir, se proteger, etc. O "perigo" se aproximando está inserido nos dizeres de Moser em "carimbos de data/hora para eventos e mantém o controle da ordem dos eventos...": "O 'perigo' veio de lá, passou por aquele outro lugar rapidamente e chegará logo aqui", como exemplo. Isto é a marca indelével da Evolução em níveis altíssimos de complexidade, necessária não só à nossa sobrevivência, como a de outras muitas espécies de animais, nestes casos, inconscientemente. Não é à toa que a "Kavli Foundation" foi criada para se estudar fenômenos cerebrais de níveis muito altos. 

Veja o transcorrer do tempo quando eu disse "veio de lá", "passou por aquele outro lugar" e "rapidamente chegará aqui". 


Tempo e espaço estão juntos e existem muitas frases relacionando-os dessa maneira como em, por exemplo: "foi em um espaço de tempo de duas horas no qual cheguei em sua casa", "levarei 30 minutos para chegar até você", etc. Utiliza-se, permuta-se tempo e espaço e compreendemos o que se quer dizer.

 

E foi a respeito do espaço o Nobel de Moser, dividido com a sua mulher, May-Britt Moser e o neurocientista estadunidense John O'Keefe. Este, em 1971, havia descoberto uma ativação de certas células cerebrais em ratos quando estavam em uma sala. Ao mudar do local outras células eram ativadas mostrando que o cérebro do rato realizava uma espécie de mapa da sala. Já o casal Moser ampliou a descoberta de O'Keefe ao descobrirem que quando " ... um rato passa por certos pontos dispostos em uma grade hexagonal no espaço, as células nervosas que formam uma espécie de sistema de coordenadas para navegação são ativadas. Eles então demonstraram como esses diferentes tipos de células cooperaram." (2) 


Agora, para finalizar, se tempo e espaço estão juntos, por que citei a Relatividade Especial? 


Até Einstein eles eram considerados separadamente. Então ele mostrou ao mundo que o tempo é relativo e o espaço também, mas, que existe algo de absoluto, a famosa conjunção e também famosa frase "espaço-tempo". A Física demonstrou este fato mas não cabe aqui me aprofundar neste assunto com a Neurociência por enquanto. 

 

 

Nota 

(*) A Teoria da Relatividade se compõe de duas partes: a Especial e a Geral. 

 

Referências 

(1) Kavli Foundation. How Your Brain Experiences Time. (2018). 

(2) Estilo MLA: Edvard I. Moser - Fatos. NobelPrize.org. Divulgação do Prêmio Nobel AB 2021. Sáb. 25 de setembro de 2021. <https://www.nobelprize.org/.../2014/edvard-moser/facts/> 

 

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Religiões e crenças: todas são invenções dos cérebros humanos

 Desde os primeiros seres vivos  unicelulares na Terra, eles recebiam estímulos positivos e negativos do meio ambiente.

Alimentos a funcionar o metabolismo de um deles era um grande estímulo positivo e, ao contrário, uma fonte de calor, não percebida ou “sentida", deixando-o sem ação a se afastar dela, o destruiria por completo. 

Esses pequenos seres só evoluíam e se reproduziam a partir de mecanismos protetores de si mesmos e deixando descendentes adaptados aos meios ambientes nos quais viviam.

Sempre foi assim na história da vida e também com os organismos pluricelulares. Só que alguns destes se valeram de sistemas especializados, específicos, como o digestivo, circulatório, etc., mantendo-os vivos conforme suas complexidades sempre crescentes. Então, um determinado sistema desses foi crucial para a sobrevivência de várias espécies porque possuía a capacidade de receber informações do meio natural, processava-os e reagia de modo adequado ao indivíduo sobreviver: digo do sistema nervoso. Ele evoluiu também chegando ao ápice de desenvolvimento com a cognição, consciência, sentimentos e emoções de nós seres humanos. 

Neste capítulo eu utilizo a palavra "bem" designando qualquer estímulo benéfico aos humanos, desde uma mudança climática favorável à sobrevivência de um grupo de antigos caçadores coletores até o desaparecimento de uma dor a estimular uma pessoa a voltar a trabalhar. Quer dizer, estímulos externos e internos. E por "mal" o totalmente ao contrário, os estímulos negativos dos meios externos e internos: de uma seca não permitindo o plantio de um alimento essencial à vida de um grupo de pessoas em determinado local, a uma doença causada por algum desarranjo no funcionamento de um órgão devido a um fator genético.

O mal traz sofrimento, de alguns segundos a uma vida inteira, dependendo, logicamente, da sua natureza. Males físicos e/ou emocionais. Como nós humanos lidariam com tudo isto?  Se você pudesse perguntar a um cão sobre qual seria o maior incômodo a ele em sua vida, certamente seria o mal em todas as suas manifestações: dor, fome, sede, animais inimigos, frio, calor, etc. Para tanto essa pergunta teria a consciência dele para responder e então ele entraria em questões existenciais como eu descrevo neste capítulo, complementando uma das grandes faces de nossa condição humana na Terra.

Informações, orações e conceitos, sobre a religião local, considerada absoluta, verdadeira, àquele povo que a segue, passados às crianças desde muito cedo, se transformarão em valores religiosos nos quais elas se apoiarão nas práticas religiosas e lhes farão bem emocionalmente falando.

São muitos anos de contato com conceitos em que ficarão fortemente arraigados em seus cérebros possuindo muita força quando das orações, preces, rituais, etc., envolvendo muita concentração, ou seja, quando evocados, praticados.

Não é correto dizer: se você nasce no Brasil é cristão; se nasce na Índia é hinduísta. Isso dependerá dos valores religiosos aprendidos por você desde criança pelos seus pais, parentes, amigos, etc., da religião local seguida por eles. Ninguém nasce, por exemplo, com Deus já na própria mente, antes de ser ensinado, como, em uma simples comparação, com as cores pelos olhos e cérebro ou a sensação doce do açúcar.

Levo essas coisas pelo lado materialista sendo que não acredito em divindades, alma ou espírito a levar consolo, bem-estar, conforto, etc., bastando a "força cerebral". Ou seja, tudo o que eu disse nos dois parágrafos acima são memórias que, quando estimuladas, atuarão em liberar hormônios, neurotransmissores, outras substâncias, também promovendo a neuroplasticidade como já se constatou em tomógrafos, deixando o cérebro capacitado a um melhor funcionamento em termos de sentimentos e emoções. Deus, deuses de todas as religiões, alma e espírito seriam apenas entes imaginários.

Tudo isso também faria uma parte considerável sobre a explicação da existência das muitas quantidades de religiões e crenças pelo mundo, de ontem e de hoje: pessoas foram ensinadas diferentemente em seus locais de origem e desde pequenas com respeito a valores religiosos.

Não é à toa, portanto, que as práticas religiosas de todas elas, até com algumas afinidades, mas principalmente diferenças, fazem bem aos seus adeptos.

Uma consequência desses fatos seria o fato de que cada crente considera absolutas as verdades, as crenças, de sua própria religião e não das outras. Mas o que existe de absoluto mesmo, nos seres humanos, são o acreditar e a fé, da nossa natureza como indivíduos, nos possibilitando acreditar e por fé em nossas crenças, criadas por nós mesmos.

Acredito em uma explicação existencial para o ser humano sempre formular crenças e sistemas de crenças, tendo uma ligação primordial com a consciência e o amor-próprio. Como nós humanos, inteligentes, conscientes de nós mesmos e do mundo que nos cerca, e com amor-próprio no sentido que queremos o nosso bem, no planeta há centenas de milhares de anos, conseguiríamos conviver com o bem e o mal citados na “Introdução” e com questões existenciais, podendo elas abalar o nosso equilíbrio emocional, levando-nos até à doenças e colocando em risco a sobrevivência da espécie, a partir de questionamentos a respeito de nós mesmos, nossas vidas, o mundo, e a morte?

Coloco então aqui resumidamente as questões existenciais:   

1 - Nós: "Quem sou eu? O que sou eu? O que faço aqui neste mundo? Por que estou aqui? Há uma finalidade para eu estar vivo?".

2 - Nossas vidas: "Qual o sentido da vida? Por que vivemos? Para que vivemos? Existe uma finalidade? Se sim, qual seria?".

3 - A morte: "Para onde vou após a morte? Por que ela existe? Voltarei? Por que uns morrem primeiro a outros independentes de tudo? Depois dela há vida em outro lugar? Encontrarei os meus entes queridos que já se foram e aqueles ainda por irem?".

4 - O mundo: "De onde veio tudo que eu vejo? Este mundo? O que é ele? Existem outros?".

E uma das piores questões, sobre a vida e a morte, deixando em agonia a grande maioria das pessoas já vividas na Terra e as que ainda vivem: "A única certeza da vida é a morte!".

E foi assim desde o primeiro humano...

Em minha opinião, a saída para essas questões sempre fora a invenção de crenças e sistemas de crenças, chegando-se ou não nas religiões em todas as épocas e lugares, mas sempre se formando valores religiosos nessas crenças como deuses, outros entes divinos, rituais, sacrifícios, danças, etc., acreditando-se e colocando-se a fé nesses valores.

Entro em contato com filósofos, filósofos religiosos e teólogos na tentativa de obter informações a respeito de se ultrapassar uma linha, digamos assim, separando o que eu sempre penso sobre o fato de todas as religiões serem benéficas aos seus adeptos juntamente com outro fato, já descrito por mim neste texto: se cada adepto de uma religião a considera absoluta, verdadeira, qual seria realmente a correta?

Deve existir algo a mais à frente desta questão a qual não consigo uma resposta satisfatória desses estudiosos: eles sempre param a conversa em suas religiões de origem considerando-as verdadeiras. Não sei se porque são religiosos mesmos ou por terem medo de serem chamados de ateus, prejudicando suas carreiras, porque, na verdade, a única saída a essa questão, a única existente, e aqui entra a minha opinião, seria admitir que fosse o cérebro é quem faz tudo, dependendo dos ensinamentos religiosos passados a eles desde crianças, assim como em todas as pessoas.

sábado, 18 de setembro de 2021

Neurociência, Evolução, o acreditar e a fé e as religiões

Todos sabem que as práticas religiosas fazem bem às pessoas. São muitos os testemunhos, comentários, conversas de parentes, amigos, pessoas em geral, por experiência própria, etc., os quais sempre possuem algo de positivo a dizer sobre tais práticas e seus resultados.

Talvez você não seja religioso, mas não importa, mesmo se achar que essas práticas não lhe servem, conhece a importância delas na vida de muita gente. E se for religioso irá procurar no sobrenatural esperanças, alívio de sintomas emocionais negativos, paz interior, ou seja, uma enorme gama de resultados positivos e benéficos a sua vida. 

Seja qual for a religião, as práticas religiosas relacionadas aos valores religiosos dela mesma serão benéficas aos seus adeptos. E como se sabe disto? Com apenas um argumento será suficiente: ninguém vê uma fuga em massa de adeptos de uma religião, em números expressivos em relação ao total dessa religião. Por exemplo, nós não vemos no Cristianismo, o maior do planeta, com aproximadamente 2,4 bilhões de adeptos, ter milhões ou, melhor dizendo, dezenas, centenas de milhões de pessoas mudando para outra religião em poucos meses, que seja. Conhecemos pessoas trocando de religião, mas é um número muito pequeno em comparação ao total de seguidores. A fuga a qual me refiro denotaria insatisfação, decepção, e o principal: algum problema sério a respeito dos valores religiosos dessa imensa religião. Na realidade isso beira a um delírio porque ele não cresceria tanto se não fosse tão benéfico. Nenhuma outra religião com muitos seguidores também. E mesmo as menores, salvo exceções. 

As religiões promovem um melhor entrosamento entre as pessoas de um grupo, pequeno ou não, e muitos cientistas publicam há muito tempo sobre elas, e não só a uma, influenciando na sobrevivência de grupos humanos no planeta em todas as épocas. Fatos a ver com a sobrevivência individual e também de integrantes dos grupos humanos. A Evolução também chegando ao social pela via religiosa!

Eles dizem sobre fatos óbvios mas que são de grande importância aqui, para depois eu levantar questões de também importância na Neurociência. Cito três deles:

1 - "A religião em geral tem efeitos positivos na saúde física e mental ... as religiões tendem a ser pró-natalistas e mais pessoas religiosas tendem a deixar mais descendentes do que pessoas menos religiosas ou não religiosas ... o grande mundo de religiões que evoluíram no primeiro milênio a.C. durante um período de grande caos social e perturbação, enfatizou um Deus onipotente e transcendente de amor e misericórdia, que ofereceu a salvação em uma vida pós celestial e indivíduos libertados do sofrimento terreno ...". (1)

2 - "A religiosidade é um universal humano, que oferece respostas às questões de contingências [ Natureza do que acontece de modo eventual, incidental ou desnecessário, podendo ter ocorrido de outra forma ou não se ter efetivado] A religiosidade, portanto, pode ser dividida em duas questões: a saber, as questões levantadas como resultado da experiência com as contingências e, em segundo lugar, a resposta a essas questões através da ideia de transcendência ... Uma dissonância cognitiva entre a compreensão de si mesmo e do mundo é vivenciada como uma contingência. A contingência pressupõe que os humanos não considerem mais a realidade garantida. Uma vez que os humanos experimentaram eventos surpreendentes, não rotineiros e inesperados, e uma vez que sentimentos de medo e esperança emergem e possivelmente começa a busca por uma âncora para o evento contingente no conhecido mundo consistente, isso pode sinalizar religiosidade ... Existem inúmeras respostas possíveis para as questões levantadas por experiências de eventos contingentes." (2)

3 - "Pensamentos religiosos ... reduzem as taxas de crimes e aumentam o comportamento altruísta entre estranhos anônimos", dizem os professores de Psicologia Ara Norenzayan e Azim F. Shariff da "University of British Columbia" do Canadá na revista "'Science'". (3) 

Com toda a população de crentes no mundo inteiro, mesmo com aqueles praticantes não assíduos no que acreditam, o número de ateus é significamente menor que todos os habitantes do planeta. Digo isto para entrarmos no conceito genérico de "acreditar". Ele não compreende apenas os valores religiosos. Você acredita no seu potencial a exercer um novo cargo em seu trabalho. Que irá se recuperar logo de uma doença e voltar a sua vida normal. Ele é geral e inato ao ser humano. Nascemos com ele; está em nossas mentes e quase nem refletimos sobre essa condição muito forte de nossa natureza. Se alguém diz não acreditar em nada, já pensamos nos valores religiosos ou mitos dos mais estranhos possíveis; ele é ateu mas acredita em si próprio, no próprio potencial para viver uma vida saudável e feliz, nos mostrando como o conceito de acreditar é geral, forte.

Quanto às questões religiosas, primeiro se acredita nos valores para depois se exercer a fé. Se coloca fé naquilo no que se acredita e não necessariamente só nos valores religiosos, mas também em si próprio como no caso do "acreditar" do ateu, sendo outro alicerce em nossas vidas mentais. 

O acreditar e a fé estão ligados à esperança, aos nossos sonhos, sentimentos e emoções. Não é possível conceber uma pessoa sem a capacidade de "acreditar" e digo assim de modo geral e não só para alguém não acreditando na religiosidade. Eles estão dentro dos nossos cérebros e não é possível extirpá-los de nós, não os termos, a não ser, possivelmente, em casos patológicos. 

Nas profundezas dos nossos cérebros, precisamente em circuitos neuronais com suas reverberações, simplificando o raciocínio, o "conceito" de Deus está presente junto a sentimentos, emoções, ideias de como Ele é, onipresente, onipotente e onisciente, pela imaginação de um crente Nele, etc. Mas... Esses mesmos circuitos estão configurados no cérebro de um hinduísta mas de modo diferente porque, senão, o hindu acreditaria e teria o mesmo "conceito" do Deus cristão! Cristãos e hinduístas foram ensinados diferentemente pelos pais, nos seus meios ambientes sociais porque essas duas religiões são diferentes, e, por conseguinte, acreditam e colocam fé em valores religiosos diferentes. Então seria impossível haver ao mesmo tempo deuses diferentes e valores diferentes também. E as outras religiões e também outras que já se extinguiram? Sim, e a saída a esse impasse seria admitir a veracidade de uma só. Mas então voltaríamos à pergunta: por que todas são benéficas aos próprios adeptos? Em minha opinião, e é aquilo sempre escrito por mim, os valores estão fortemente arraigados nos cérebros de cada adepto de todas as religiões, possuindo muita força quando evocados em orações, pensamentos, rituais, etc., não existindo, na realidade, entes divinos e todos os valores relacionados a eles. O fato é somente cerebral, a energia do cérebro desprendida e não oriunda do sobrenatural e sim na concentração no que se acredita e põe fé!

Seria o conceito filosófico da Navalha de Occan válido aos meus argumentos? Ela que diz ser a resposta mais simples ser a verdadeira? Pois bem, de todas as épocas, a "criação" de milhões de deuses e dezenas ou centenas de milhões de outros valores religiosos, sem exageros, não poderiam ser substituídos por apenas um "conceito"? O cérebro humano? Deixo esta questão em aberto. 

Acredito em um futuro de muitas discussões entre as religiões e a Neurociência, conforme esta for pesquisando e descobrindo sobre o que há nas "profundezas cerebrais" do segundo parágrafo anterior.

E, conforme o argumento: "A religiosidade contribuiu com a nossa sobrevivência como espécie humana citados nos exemplos de um a três", eu pergunto: existiriam religiões, crenças e sistemas de crenças se não fossem o acreditar e a fé? Lógico que não! Eles seriam vantagens evolutivas? Na minha opinião sim e, antes que eu começasse a ler artigos similares aos citados, escrevi um texto de nome "O acreditar e a fé como vantagens evolutivas", (2.a) mas relativo a problemas existenciais oriundos de questionamentos da nossa inteligência e consciência. Esses problemas levariam a outros de ordem emocional, comprometendo a nossa sobrevivência, algo como no item dois. Um tema em nível individual mas certamente causando problemas aos grupos sociais.

O acreditar e a fé realmente produzem comportamentos benéficos aos próprios religiosos e às suas relações dentro de um grupo. Como exemplo, uma pessoa rezando "O Pai Nosso" está exercendo a fé em Deus pois acredita Nele, e ainda existe o compromisso social na frase "perdoai as nossas ofensas, assim como perdoamos a quem nos tenham ofendido", sendo o perdão um ato de grande benefício entre pessoas. Assim, rezando em casa, na igreja ou no templo frequentado, é um comportamento, ritualístico. 

E se alguém disser que houve muitas mortes devido às religiões através de homicídios, atentados, conflitos, guerras, etc., digo da ignorância, intolerância, incompreensão, contra às quais não podemos fazer quase nada, apenas lutar contra. De qualquer maneira, em 1850 éramos por volta de 1,7 bilhões de pessoas no mundo. E hoje, a despeito de todas as guerras, catástrofes naturais, homicídios, doenças, etc., de lá para cá, somos mais de 7,5 bilhões. 

As forças evolutivas estão vencendo.

Somos mais eficientes do que ratos!

 

 Notas:

(1) Sanderson, S. K. (2008). Adaptation, evolution, and religion.

https://www.researchgate.net/.../228344844_Adaptation....

(2) Soeling, C. & Voland, E. (2002). Toward an evolutionary psychology of religiosity.

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12496740.

(2.a) Pinto, A. A. (2008). O acreditar e a fé como vantagens evolutivas.

https://orelativismodasreligioes.blogspot.com/.../o-acred....

(3) Shariff, A. F. & Norenzayan, A. (2008). The Origin and Evolution of Religious Prosociality.

https://www.science.org/doi/abs/10.1126/science.1158757....