Argos Arruda Pinto

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quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Cérebro, percepções, sensações, qualia, não-qualia, tecnologia e o nosso mundo

 Você consegue medir o quão azul é a cor do seu carro? Em primeiro lugar uma pergunta aparentemente banal, mas que encerra em si um problema profundo a respeito das nossas percepções sobre o mundo exterior e interior: como você sabe que o seu carro é azul? Bem, você dirá, me ensinaram sobre o azul. E quem ensinou também passou pela mesma situação, e, retrocedendo na história, alguém definiu, chamou de azul, algo como o céu, as penas de uma ave, etc., e todos os tons claros, "médios" e escuros, como igualmente azuis. Não houve nenhuma experiência objetiva para tanto, como, por exemplo, deixando uma pedra cair ao chão de uma determinada altura, medir o tempo de queda e provar uma equação da Física prevendo esse mesmo tempo.

O azul é uma qualidade subjetiva a qual experimentamos, uma sensação baseada em uma percepção de algo da natureza. Não é como a percepção e previsão do tempo de queda da pedra, sendo uma descrição linguística-matemática aliada a um experimento. Chamamos a qualidade subjetiva de qualia, e, na falta de um termo melhor, as qualidades objetivas de não-qualia.

Mas você pode tentar fazer uma tabela com diversos tons de azul, relacionando um número para cada tom no qual se aumenta a intensidade dessa cor. Coloque o zero para o branco, um para um tom bem fraco e assim por diante, até  chegar ao azul mais escuro possível, e, tendo ela em mãos, compare a cor do seu carro com essa tabela. Haveria outro jeito? Quem souber me fale.
Veja que o tom pode estar entre dois desses números inteiros, não sendo possível, como o tempo de queda da pedra, calculado por um cronômetro preciso, se chegar a um valor com casas decimais, aproximado a um valor ótimo dependendo da finalidade do experimento. Ou seja, a pedra está inserida realmente em um contexto de uma descrição matemática, a fórmula, de um experimento da natureza, sendo os "qualia" bem diferentes disso.

Mas quero ir além. Nós sentimos a passagem do tempo. Ao vermos uma pessoa caminhando nós não só percebemos o movimento como, a partir de qualquer ponto a outro, temos uma sensação que algo "se passou", havendo um antes, um durante e um depois dos dois pontos. E também ao contemplarmos um objeto em repouso em relação a nós, ao pensar em um fato, fictício ou não, e depois em outro, ou, o que acho muito interessante, não imaginar ou pensar, e o mesmo "algo" também se transcorreu! Esse é o tempo e ao atribuirmos um número a cada intervalo um igual ao outro, o medimos se tornando um referencial importante em nossas vidas.

O tempo é então uma sensação depois de perceber algo físico e mesmo mental, e, a unidade padrão, o segundo, é definido como a duração de 9.192.631.770 períodos da radiação correspondente à transição entre dois níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio 133. Veja, você não precisa saber o que são níveis hiperfinos, transição entre eles ou detalhes sobre o átomo de césio, mas, só por ler a definição, entende que se trata de um resultado de um experimento baseado em uma descrição matemática da natureza. E assim todos os relógios mundiais estão sincronizados com essa medida e entre si pelos fusos horários.

Além de tudo isso eu gostaria de ressaltar mais duas percepções, às quais possuímos juntos a outros animais, parecendo por demais óbvias e que foram, no final das contas, imprescindíveis para a nossa sobrevivência desde quando os seres vivos, matéria organizada de maneira especial e reprodutiva, possuíram essa capacidade fantástica de perceberem o meio ambiente e muito do que está nele. Falo da matéria e do espaço.

A matéria, tendo o quilograma como unidade padrão, se referia a um cilindro de platina com irídio, o qual se denominou o quilo por convenção, mas, embora bem guardado em uma campânula de vidro, houve uma pequena variação de massa devido à poeira. Assim, em 2019, resolveram adotar um experimento no qual, pela constante de Planck, da Física Quântica, representada pela letra “h”, totalmente invariável,   relacionando a energia de um fóton com a sua frequência, se tornou o novo referencial para o quilo.

A unidade padrão de espaço, de comprimento, o metro, foi concebido como a distância que a luz percorre no vácuo em 1/299.792.458 de um segundo, sendo o denominador a velocidade constante, invariável, representada pela letra "c", da luz no vácuo.

Colocando-se constantes universais nesses padrões, os cientistas conseguiram unidades de medidas que nunca variam, a serem usadas nas indústrias sem erros em muitas finalidades.

Então, agora, munido das definições padrões relacionadas a experiências e a matemática, os "não-qualia", juntando-se à definição de energia, quero chegar ao fim deste texto com algo muito importante em nossa civilização.

Temos percepções da realidade, do mundo a nossa volta, com respectivas sensações, mais na forma de qualia do que das "não-qualia". Mesmo assim construímos um mundo inigualável para nós em nossa história, como descrevo agora:
Pela relação de Einstein, matéria é energia e energia é matéria, e, adicionando tempo e espaço juntos a esses conceitos, podemos construir toda a Física.* Construindo, chegamos às Engenharias, de Produção, Civil, Elétrica e Mecânica, bases para (quase) tudo construídos em termos tecnológicos, avançando ainda em outras áreas como a Biologia, Medicina e ciências afins, alcançando o nosso tempo de hoje, no qual, independente de toda miséria e fome no mundo, possíveis de serem extintas, vivemos no maior conforto atingido por nós em todas as épocas.

(*) Deixo o link aqui de um artigo meu, "Espaço, tempo, matéria e energia", no qual mostro a mencionada construção da Física, através da energia, matéria, tempo e espaço, inclusive com a fórmula de Einstein, a mais famosa existente, E = mc2:
http://espacotempomateriaenergia.blogspot.com

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