Argos Arruda Pinto

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segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Neurociência, cronestesia, antropologia, evolução, tempo e espaço

Palavras-chave: Endel Tulving, chronesthesia, cronestesia, tempo, espaço, neurociência, teoria da evolução, psicologia evolucionista, antropologia, consciência, memória.  
  
Considero fascinante a interdisciplinaridade porque ela consegue nos proporcionar uma visão de mundo muito maior que uma disciplina só.  

O que dois conceitos básicos da Física como tempo e espaço, a Teoria da Evolução da Biologia, a Neurociência, a Antropologia, a Psicologia Evolucionista e um conceito tão obscuro na língua portuguesa do Brasil, a cronestesia, do inglês chronesthesia, poderiam se ajudar para obtermos alguma informação sobre o nosso mundo e, quem sabe, de nós mesmos? Foi esta a minha motivação, com conceitos tão distantes, para escrever este artigo.   
Sempre fomos predadores carnívoros na natureza, mas também fomos e somos presas. Não se preocupe, atualmente nenhum leão estará na porta da sua casa para devorá-lo quando você sair. Hoje não é mais assim! Qual não era a vantagem evolutiva de um caçador coletor a verificar que a distância até um predador era grande o suficiente para ele pegar umas frutas em uma árvore, sendo esta a refeição do dia a ele e a sua família? E também se fosse o caso de um predador não tão veloz? E neste sentido, utilizando naturalmente a palavra veloz, incluo um cálculo feito por ele da velocidade do predador pois se entrou neste caso o fator tempo! Velocidade é espaço dividido pelo tempo, mas nenhum ser humano precisou aprender esse conceito... Intuitivamente sempre usamos para diversas finalidades. Somos dotados dessa capacidade na qual tempo e espaço estão presentes. 

Fugir de predadores ou de qualquer outro inimigo natural, perseguir presas, ter consciência da altura de uma caverna avaliando se seria viável para crianças e idosos, etc., poder-se-ia listar muitos exemplos nos quais as variáveis tempo e espaço eram fundamentais na sobrevivência da espécie humana. 

Na realidade, qualquer simples ação nossa está totalmente envolvida no tempo e no espaço. Ao se aproximar de uma mesa e pegar um copo para tomar água, você, inconscientemente, anda a distância correta para depois esticar o seu braço também na distância correta e abrir a sua mão o suficiente para pegá-lo. E isto é apenas um resumo, pois seria cansativo aqui tentar prever tudo o que realizamos com os nossos corpos nessa ação bem simples ou quaisquer outras. Mas também em atos conscientes, nos quais estamos conscientes do que realizamos, nossas ações, sejam elas quais forem, estão dentro do espaço e no transcorrer do tempo. Na verdade, é impressionante o quanto estamos envolvidos no espaço e no tempo, como eles nos permeiam em todos os segundos de nossas vidas. Mas seria exagero tocar nesse assunto tão básico? Não, apenas quis deixar relatado a nossa dependência com esses dois importantes conceitos físicos porque temos também não só exemplos de ações comuns, mas outros de muita importância os quais nem quase imaginamos ou sabemos, já que o assunto aqui tem a ver com a evolução. 

Em diversas regiões do planeta, em muitas épocas, se perceberam a existência de um fato curioso com as plantas provedoras de frutas, alimentos: uma queda de algo pequeno tornando-se depois de um certo tempo uma planta igual com os mesmos frutos. Pronto, nós iniciamos a era das plantações, existente até hoje, com as nossas vidas mudando radicalmente. E assim aconteceu, em termos de observações e criatividade, com o domínio do fogo e consequentemente com o desenvolvimento da metalurgia, com a construção de casas de madeiras, blocos de pedras, blocos de muitos materiais fixados com argamassas e assim por diante. Enfim, a nossa civilização atual. 

Veja no exemplo das sementes, elas no mesmo local e no decorrer do tempo, aprendemos um dia sobre plantar, com a nossa memória retendo esse conhecimento, lembrando-nos do passado toda vez ao ensinar outros humanos também a plantar. É a chamada memória episódica a qual podemos "viajar no tempo", como disse certa vez o neurocientista cognitivo canadense, Endel Tulving. Para ele existe ainda a memória semântica na qual não precisamos nos recordar de uma experiência passada: “Você não precisa viajar mentalmente para lembrar uma fórmula química ou o nome de solteira de sua mãe", explicou ele. (1)    

Na memória episódica, os humanos, conscientes com o ocorrido no passado,   aprenderam a como lidar com o presente e o futuro: “Nas relações sociais, por exemplo, permitiu-lhes distinguir amigos de inimigos ... ajudou-os a desenvolver ferramentas que funcionassem bem e descartar as que não funcionassem”, disse Tulving. (1) 

Ele acabou por chamar essa consciência do passado, envolvendo a memória, com o que podemos realizar no presente ou no futuro, de cronestesia. 

Disse também: “O processo de cronificação de ordem superior permite que as pessoas atualizem informações críticas para sobreviver, prosperar e lidar com mudanças em seu mundo. Além disso, auxilia na memória semântica ao anexar histórias pessoais aos fatos, dando às pessoas experiências de dimensões temporais e emocionais, o que as torna mais críveis.” 

Se não fosse possível para nós lembrarmos de acontecimentos no passado para realizarmos trabalhos e ações no presente e projetá-los no presente e/ou no futuro, termos consciência do passado e termos juntamente uma ponte para o presente e o futuro, não aprenderíamos quase nada, não existiria a tão comentada e importante  “experiência de vida”. Sem a cronestesia nossas mentes nem funcionariam direito, seríamos incapazes de produzir, praticamente nem sairíamos da condição de caçadores coletores. 

Referências: 
1 - Bridget Murray. What makes mental time travel possible? - Psychologist Endel Tulving offered a theory on our uniquely human ability to act today based on our past and future. American Psychological Association. 2003. Disponível em: < http://www.apa.org/monitor/oct03/mental.aspx >. Acesso em: 03/08/2018.

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