Argos Arruda Pinto

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quinta-feira, 20 de setembro de 2018

A importância da estatística também fora das fórmulas matemáticas

Escrito em: 02/03/2013. 
Revisado em: 20/09/2018. 

Palavras-chave: Estatística, Ceticismo, Probabilidade.

Ao ligar o rádio vem aos seus ouvidos a música imaginada por você segundos antes, deixando-o perplexo: forças sobrenaturais atuaram em sua mente neste trabalho de previsão. Mas você já se esqueceu de quantas vezes ligou o aparelho pensando naquela música, e em outras, mas não as encontrou imediatamente. Houve uma supervalorização daquele acerto a ponto de se pensar em forças ocultas... O homem não pensa estatisticamente! 

Ao voltar de uma festa você está preocupado. Provou diversos pratos, bebeu bastante, saboreou doces, tudo com um valor calórico o suficiente para deixá-lo apreensivo com o rígido regime ao qual está realizando. Mas se esqueceu dos meses anteriores nos quais cumpriu corretamente todas as regras estipuladas pelo seu médico, às quais, saindo do regime, depois de tanto tempo, não irá prejudicá-lo... O homem não pensa estatisticamente! 

Ao tentar a sorte na Mega-Sena você invoca, até em momento não correto, na minha opinião, em termos de religiosidade, todos os deuses, espíritos, santos, orixás, etc., e agradece a eles depois: sua vida mudou para melhor. Mas não questiona quantos milhões de apostas tiveram a mesma carga emocional de invocações e fé por detrás sem obterem êxito como você... O homem não pensa estatisticamente! 

Nós não pensamos estatisticamente e também não nos ensinam desde crianças. A Estatística é pouco ensinada nas escolas, em todos os níveis e até nas universidades, por uma razão fugindo à preparação e a capacidade dos professores. Talvez algo ocorra já há muito tempo sobre o sistema de ensino, aos valores da nossa sociedade, da nossa cultura.  

Ela, a Estatística, junto com a Astrofísica, são duas disciplinas nas quais mais assustam, literalmente, as pessoas, porque as levam a pensar em fenômenos naturais em termos céticos. E não só os fenômenos da natureza como fatos cotidianos como eu disse nos três primeiros parágrafos.  

Como físico, quando comecei a dar aula, bastava eu dizer em classe algo sobre o universo físico que os alunos perguntavam se eu acreditava em Deus. A conversa mudava tanto, não dando tempo para eu explicar tudo o planejado por mim. Aí ficava difícil... E fica até hoje em dia não só com alunos, mas com amigos, pessoas estranhas, no trabalho, em reuniões sociais, etc. Sabe por quê? Porque as cabeças das pessoas estão cheias de valores religiosos. 

Por exemplo, um professor do ensino médio, com toda uma formação de vida em um meio ambiente social cristão, talvez por medo ou para evitar polêmicas, não ficaria "puxando" os tópicos da estatística para um lado no qual faria seus alunos a questionarem valores, valores religiosos ou fatos do cotidiano de maneira cética. A própria formação de vida do professor, ensinado desde criança com fatos da religião cristã, contribui para tanto, e, até outro mais materialista, sabe do problema de uma atitude mais cética com respeito ao ensino, poderia fazer com que os pais de alunos reclamassem sobre ele. Afinal, os pais das crianças, em maior ou menor grau, tiveram uma formação de vida impregnada de valores cristãos e são também, em maior ou menor grau, radicais em seus princípios. 

A história do ensino, acredito eu, dessa disciplina dizendo muito sobre a realidade vivida por nós, deixou de lado muito das suas ideias, falando em termos gerais, devido a nossa cultura altamente influenciada pelo cristianismo. Ninguém gostaria de formar, ou, pelo menos, influenciar as pessoas a serem céticas... Ou pelo menos um lado cético pronunciado. Mas se pensarmos direito, outras religiões, outros povos diferentes de nós, talvez fizeram o mesmo. Aqui eu citaria o hinduísmo, o xintoísmo japonês, o islamismo, o budismo, etc. 

Quero fazer uma homenagem ao um tio meu, já falecido, de nome José Roberto Canal, professor de inglês e alemão, o qual me ensinou muitos fatos a respeito do mundo em geral, dos povos e seus costumes, das sociedades e das políticas nos países por aí afora. Certa vez ele me contou uma história verdadeira de um judeu vendedor de guarda-chuva e nunca me esqueci. Os judeus são um povo admirado por mim pelo valor dado por eles, ao mesmo tempo, ao trabalho e também ao estudo, à cultura. Você vê muitas pessoas endinheiradas por aí, mas sem o mínimo de cultura. Com os judeus é diferente e a história é esta: um rapaz vendia guarda-chuva pagando (aqui apenas em sentido figurado) dez reais e vendia por quinze. A média de vendas - só para simplificar os cálculos - era de três a quatro por dia, mas, em uma manhã, ele conseguiu vender cinco. Qualquer outra pessoa na mesma situação pensaria e agiria assim: "Hoje é o meu dia de sorte e aumentarei o preço para dezessete reais". Não! Errado! Não é porque você vende em uma manhã, uma quantidade acima da sua média por dia, que irá vender à tarde a mesma quantidade ou algo parecido. E aí a pessoa não venderia nada à tarde, talvez um ou dois, no máximo. Ou nenhum! Mas o judeu, pensando de forma estatística, pensaria e agiria assim: "Não terei de novo essa sorte e então abaixarei o preço para treze reais e, por ele ficar atraente, as pessoas comprarão mais". Dito e feito: a pessoa de manhã teve um lucro de vinte e cinco reais e, com mais uma venda à tarde, seu total de ganho fora de trinta e dois reais. E o judeu, vendendo sete guarda-chuvas à tarde, teve um lucro extra de vinte e um reais (três vezes sete), e, com os vinte e cinco, somaria quarenta e seis reais! 
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É a velha história: um sujeito pega todo o dinheiro adquirido em uma loteria e faz um monte de apostas acreditando em fase de sorte. Coitado, não acerta nada... Não é porque ganhou antes que irá ganhar agora.     
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Aprenda: é muito, mas muito mais difícil ganhar duas vezes em seguida do que uma vez só!    
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O homem não pensa estatisticamente! 

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Por que existe o amor? A explicação científica é a verdadeira

Escrito em: 28/06/2011. 
Revisado em: 18/09/2018. 

Você pode escrever um sem número de frases definindo o amor, e um conceito, pelo menos, estará explícito ou implícito em todos eles: união! Frases relacionando esse forte sentimento as nossas alegrias, felicidade, tristeza, saudades, estados dos mais diversos em êxtase ou "para baixo", pensamentos positivos ou negativos, etc., estarão conectadas entre si através do sinônimo "ligação" entre as pessoas. 

Você já ouviu falar de neurotransmissores? Talvez sim, mas muito pouco. E conexões sinápticas entre neurônios com a presença de neurotransmissores? Difícil, hein? E eu poderia citar mais termos científicos levando muitas pessoas, como você, a ficar com a cabeça cheia e até com raiva de mim! Calma, estamos no domínio de uma ciência relativamente recente denominada neurociência, a ciência do cérebro. 

"Mas o que tudo isso tem a ver comigo", alguém perguntaria. Respondo: tudo. Tudo porque ela explica de onde vêm e porque existe o nosso mais poderoso sentimento. Sim, claro, o amor. 

Se existe alguma dúvida entre os cientistas na qual o amor é proveniente do nosso cérebro, agindo decisivamente na perpetuação de nossa espécie humana na Terra, creio eu, em pouco tempo essa dúvida desaparecerá. Mas o problema continuará a desafiar as mentes dos leigos por duas razões: a influência das religiões com seus "conceitos" e a falta de conhecimento e / ou aprofundamento didático por parte desses leigos. 

Nesta altura do texto você já se lembrou, tenho certeza, da Teoria da Evolução, de Charles Darwin. Mas mesmo não acreditando nela, não há problema algum, alguns fatos dela já são comprovados e cabem aqui.

Por que um animal, um mamífero, não deixa sua prole sozinha? Insetos, peixes e répteis deixam, abandonam seus filhotes caminhando, nadando, etc., pelo ambiente ao redor logo ao nascimento. Eles já nascem prontos para tanto. Mas existe algo ligando os mamíferos com a sua prole, indefesa, nos primeiros anos de vida e, tão complexo ainda, é a ligação dos humanos entre si. Um cérebro mais complexo em conexões lógicas precisa de uma maior complexidade em... Sentimentos! 

Quando escrevi o artigo "A Base Material dos Sentimentos" (1) na revista eletrônica de neurociência Cérebro & Mente, achei, antes, destinado a um público leigo. Engano, as pessoas não o entendiam e foi, para a minha surpresa, publicado nessa revista tão especializada em neurociência. Seguiu-se o artigo 02, sequência deste primeiro e "O Porquê dos Nossos Sentimentos", 01 e 02. (2) 

Achei melhor escrever de um modo mais simples. 

Então qual é a razão da existência dos nossos sentimentos, o amor? Sem eles não sobreviveríamos no planeta. Nem as aves, também possuindo sentimentos, mas não em um grau como em nós. São diferentes. E parece que estou negando tudo o que o amor é e representa para nós em sua complexidade em termos de defini-lo. Por exemplo, em um nível alto de romantismo, você me perguntaria porque então somos desejosos de possuirmos um grande amor, grandes paixões, por que somos assim? Acontece algo curioso conosco: temos não só   inteligência, mas também consciência, levando-nos a querer passar por fortes sentimentos e emoções, sendo parte importante da nossa vivência, da nossa experiência de vida, do puro deleite, satisfação e prazer com tudo isso! Quem não quer? Na verdade, esse fato pertence a nossa busca de bem-estar e felicidade, um ponto alto em nossa evolução, muito bem explicado no livro "E o cérebro criou o homem", (3) do neurocientista António Damásio.     

De outra maneira o amor tem que ser complexo (apenas simplifiquei um pouco), como outros sentimentos como a fé, por exemplo, porque somos dotados de uma racionalidade poderosa. Um não poderia evoluir sem a evolução do outro. Enquanto você recebe informações do seu ambiente através dos seus sentidos, sua mente está sempre as processando e você irá reagir a muitas dessas informações, na forma de comportamentos variados, nos quais os seus sentimentos e emoções terão que ser complexos também, para esses mesmos comportamentos, respostas, serem complexos, e essa é a base da nossa perpetuação como espécie humana. 

Não há como imaginar um cérebro com um alto processamento de informações, incluindo a memória, com um lado emocional fraco, muito mais fraco, por exemplo, em relação às pessoas limítrofes. Tal sistema não seria possível. 

Cairemos sempre em uma explicação científica. 

Mesmo você achando a Teoria da Evolução, errada, incompleta, tudo isso falado aqui está ligado com a nossa sobrevivência e procriação com um enorme cuidado e dedicação aos filhos. Filhotes aos outros mamíferos. Ou seja, as bases da nossa evolução, sentido da vida e condição humana. 

Até se você dizer que os nossos sentimentos existem para estarmos juntos a Deus, você se refere a um bem, ou seja, você estará contribuindo com a sua mente e seu corpo para uma vida mais saudável. E então maior possibilidade de procriação... 

O amor sempre foi sim a maior ligação entre os seres humanos para termos filhos, formarmos famílias, amigos e sociedades. Perpetuação da nossa espécie. Darwin, Neodarwinismo ou "Pós-neodarwinismo". 


Referência: 


Observação: "este artigo possui na sua maior parte como referência o livro 'Os Dragões do Éden' do Carl Sagan."

Carl Sagan. Os Dragões do Éden. Editora Random House. Estados Unidos. 1977 (primeira publicação).


1 – Argos Arruda Pinto. A base material dos sentimentos. 2001. Disponível em: < http://www.cerebromente.org.br/n12/opiniao/sentimentos.html >. Acesso em: 18/09/2018.  

2 – Argos Arruda Pinto. O porquê dos nossos sentimentos – 01 e 02. Sistemas, teoria da evolução e neurociência. Disponível em: < http://sistemaevolucaoneurociencia.blogspot.com/2008/ >. Acesso em: 18/09/2018.

3 - António Damásio. E o cérebro criou o homem. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. 

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

O alcoolismo é uma doença emocional

Palavras-chave: neurociência, álcool, droga, alcoolismo.

Por Argos Arruda Pinto. 
Escrito em: 22/04/2013. 
Revisado em: 17/09/2018. 

Existe muito de ignorância em dizer que o alcoólatra é um sem-vergonha ou vagabundo. 
Enquanto as bebidas alcoólicas existem há mais de mil anos em nossa civilização, o alcoolismo é só agora desvendado por ser uma doença emocional em nível da atividade de neurônios em regiões cerebrais. 

Existe uma base material-neuronal muito forte para que o alcoolismo seja compreendido e aí a ignorância das pessoas não as deixam mesmo compreendê-lo como realmente uma doença. E quando digo base material-neuronal me refiro à neurociência como no caso do meu outro artigo, "Neurociência e o perigo do vício das drogas", (1) digo: "Veja, o leigo não sabe que os sentimentos são produzidos por áreas cerebrais; não sabe, muito menos, que estão envolvidas substâncias químicas, íons e moléculas nessas áreas, enfim, toda uma gama de estruturas macros e micros comandando vícios, atitudes, comportamentos, contribuindo para a infelicidade da pessoa quando, por exemplo, as drogas passam a interferir [negativamente]  nessa maquinaria neuronal." E o álcool é uma droga igual à maconha, o crack, a cocaína, etc., com a grande e nefasta razão de ser lícita. 

Temos no cérebro a região chamada de núcleo acumbente, relacionada ao nosso prazer, ao fato de sentirmos prazer até em quando pensamos em realizar algo para termos prazer em um futuro imediato: beber, fazer sexo, etc. Aí está o perigo porque uma pessoa irá procurar o álcool novamente para ter o prazer de antes, mas poderá entrar em um círculo vicioso. E algumas pessoas são emocionalmente mais fracas para saírem desse círculo e, ao me referir a "emocionalmente", digo também de regiões cerebrais, neurônios, substâncias químicas produzidas no cérebro, etc. 

Mas existe algo além de tudo. Algo conhecido pelas pessoas, mas não em profundidade: o uso do álcool para diminuir o stress (2) do trabalho sendo também uma busca de prazer, de alívio. E para tanto conto uma pequena história: conheci um sujeito, vendedor autônomo e em todas as tardes ele parava em bares para beber. Gastava muito dinheiro porque a bebida também trazia outros gastos como porções, outros tipos de bebidas, etc., e, pelo fato de não guardar dinheiro e também por vezes não trabalhar direito no dia seguinte, não saía do aluguel e não prosperava. Eu, desconfiado, perguntei a ele sobre essa situação e a resposta foi o imaginado por mim. O cansaço físico e mental de um dia de trabalho, o stress do dia, o fazia buscar a bebida para relaxar. 

Falei a ele sobre procurar um médico, fazer terapia, usar apropriadamente um calmante, natural se possível, mas a resposta dele fora algo incrível em ignorância: "Esses remédios viciam mais, fazem mais mal, são porcarias". Soube bem depois da mudança dele para um alcoólatra. 

E tenho o meu próprio testemunho, mas não de alcoólatra porque não sou um e nem nunca fui. Mas é o seguinte: eu tomava uma ou duas garrafas de cerveja ao sair do trabalho nas sextas-feiras. Era uma empresa estressante e, ao tomar a (s) cerveja (s) eu me sentia como se o último dia de trabalho tivesse sido há um mês antes e que teria duas, três semanas de descanso pela frente. Um grande alívio! Eu estava "combatendo" o stress da semana. Outro perigo: uma sensação muito agradável podendo me levar a beber todos os dias. Parei de tomar. Nunca dê chance ao azar ou a possíveis fatos negativos a vir pela frente! Eu estava consciente do que estava fazendo, mas e uma pessoa ignorante nesse assunto?

Então temos o comportamento visível (macro) do alcoólatra, se destruindo, enquanto a sociedade o considera um sem-vergonha ou vagabundo, e, em nível micro, cerebral, dos neurônios, fatos sendo desvendados pela neurociência como a prova desse comportamento macro. 

Por tudo isto, na minha opinião, deveria se ensinar nas escolas, desde cedo e sistematicamente se aprofundando no assunto, insistindo no fato das bebidas alcoólicas serem drogas viciantes e por isto perigosas. Afetam a saúde mental, o relacionamento familiar, a vida afetiva, a vida financeira, levando muitas pessoas, como conhecemos muitas delas, à uma ruína completa da vida. 


Referência: 

1 Argos Arruda Pinto. Neurociência e o perigo do vício das drogas. 2012. Disponível em: < http://neuvicdro.blogspot.com/2012/10/por-argos-arruda-pinto.html >. Acesso em: 17/09/2018. 

Nota: 

2 - Existe também o stress emocional causado por perdas de bens materiais e/ou familiares, situações conflitantes, etc., mas o raciocínio aqui é praticamente o mesmo, sendo a diferença é que a pessoa busca o álcool para aliviar os sintomas de ansiedade, tensão, etc., ou seja, de tentar se sentir melhor, buscar um mínimo de bem-estar. 


Artigos para leitura complementar:  

Argos Arruda Pinto. A base material dos sentimentos. 2001. Disponível em: < http://www.cerebromente.org.br/n12/opiniao/sentimentos.html >. Acesso em: 17/09/2018. 
Argos Arruda Pinto. A base material dos sentimentos – 02. 2002. Disponível em: < http://www.cerebromente.org.br/n13/opiniao/material.html >. Acesso em: 17/09/2018. 
Argos Arruda Pinto. O Porquê dos nossos Sentimentos. 2002. Disponível em: < http://www.cerebromente.org.br/n14/opinion/material3.html >. Acesso em: 17/09/2018. 
Argos Arruda Pinto. O Porquê dos Nossos Sentimentos – 02. 2002. Disponível em: < http://www.cerebromente.org.br/n15/opiniao/sentimentos2.html >. Acesso em: 17/09/2018. 

Estes artigos também em: 
Sistemas, teoria da evolução e neurociências http://sistemaevolucaoneurociencia.blogspot.com.br