Argos Arruda Pinto

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quarta-feira, 16 de julho de 2025

O que é a Lei do Aumento da Informação Funcional?

A Lei do Aumento da Informação Funcional (LIFI) é uma proposta científica relativamente nova que busca descrever uma tendência universal observada em sistemas complexos, tanto biológicos quanto não-biológicos, de aumentar sua informação funcional e complexidade ao longo do tempo.

Em termos mais simples, ela sugere que, em sistemas que preenchem três critérios específicos, a informação que lhes permite realizar uma função ou ter um propósito tende a crescer e se tornar mais elaborada.

Vamos detalhar os pontos-chave:

Os Três Critérios para Sistemas Evolutivos (segundo a LIFI)

Para que um sistema seja considerado "evolutivo" e, portanto, sujeito à LIFI, ele precisa apresentar:

  1. Numerosos Componentes e Configurações: O sistema deve ser composto por muitas partes que podem se organizar de uma vasta quantidade de maneiras diferentes. Pense em átomos que formam moléculas, ou células que formam tecidos, ou até mesmo linhas de código que formam um programa.

  2. Geração Contínua de Novas Configurações: O sistema deve ter processos que geram constantemente novas combinações e arranjos desses componentes. Na biologia, isso seria a mutação e a recombinação genética. Em outros sistemas, pode ser a exploração de novas possibilidades.

  3. Seleção Baseada na Função: Deve haver um mecanismo pelo qual as configurações que cumprem uma determinada função de forma mais eficaz (ou são mais estáveis) tendem a ser preservadas ou replicadas, enquanto as menos funcionais são descartadas. Na biologia, isso é a seleção natural. Em outros contextos, pode ser a seleção de materiais mais duráveis ou designs mais eficientes.

O Que é "Informação Funcional"?

É a informação que está relacionada a uma função ou propósito específico do sistema. Não é apenas a quantidade de informação em si (que poderia aumentar na forma de desordem, como na Segunda Lei da Termodinâmica), mas sim a informação que é útil e significativa para a performance do sistema.

Por exemplo:

  • Em um organismo vivo, a informação funcional está no DNA que codifica proteínas essenciais para a sobrevivência.

  • Em um mineral, a informação funcional pode estar na sua estrutura cristalina que lhe confere certas propriedades físicas.

  • Em um sistema tecnológico, seria o código ou o design que permite que ele execute sua tarefa.

Como a LIFI se Relaciona com Outras Leis?

A LIFI é vista como um complemento à Segunda Lei da Termodinâmica. Enquanto a Segunda Lei afirma que a entropia (desordem) de um sistema isolado tende a aumentar com o tempo, a LIFI sugere que, em sistemas específicos (os que preenchem os três critérios acima), a informação funcional organizada também pode aumentar.

Em essência, a LIFI propõe que, mesmo em um universo onde a desordem geral aumenta, há uma tendência intrínseca para a emergência e o aprimoramento de complexidade e funcionalidade em sistemas que podem "evoluir" através da variação e seleção. Ela busca fornecer um arcabouço para entender como a complexidade surgiu e continua a surgir em todo o universo, desde a formação de estrelas e minerais até a evolução da vida.

É importante notar que, por ser um conceito relativamente novo (proposto por pesquisadores como Michael L. Wong e seus colegas), a LIFI ainda está sendo amplamente discutida e testada pela comunidade científica.

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Um grande indício que a Teoria da Evolução é verdadeira pela seleção natural

É receitado a você um antibiótico para ser ingerido três comprimidos ao dia durante dez dias. No sétimo dia há uma melhora significativa em sua saúde e você abandona o medicamento, mas a doença volta. O que aconteceu? Até o sétimo dia o antibiótico eliminou os micro-organismos frágeis deixando vivos os mais fortes, embora em pequena quantidade. Eles se reproduziram e por isto o problema voltou. Houve uma situação na qual ocorre devido à pressão do antibiótico, análoga com a seleção natural, um caso de seleção natural, aquela própria da natureza. 

Este exemplo é uma prova empírica e uma grande evidência de que a seleção natural ocorre e tem um impacto significativo na evolução das espécies, incluindo microrganismos. Ele corrobora e fortalece a Teoria da Evolução como um todo, uma poderosa demonstração de um de seus pilares fundamentais, sendo, os outros, a mutação, a deriva genética e o fluxo gênico. 

Em sentido geral, a evolução não aconteceria com apenas esses três últimos fenômenos porque a seleção natural é que separa micro-organismos mais fortes pela mutação a eles ocorrida, sendo a deriva genética e o fluxo gênico considerados coadjuvantes na evolução, sendo mais ou menos importantes em cada caso na evolução das espécies. 

Daria para imaginar que o uso de antibióticos fortalece a Teoria da Evolução? Sinceramente só ouvi falar uma vez e por isto resolvi escrever este pequeno texto.  

Na minha opinião muitas informações de naturezas similares à esta são omitidas justamente porque vivemos em uma sociedade na qual se deve acreditar no Criacionismo!  

quinta-feira, 26 de junho de 2025

A dificuldade em se definir o tempo

O tempo seria a sensação de uma passagem, o "transcorrer entre...", na observação entre dois ou mais eventos na qual dividimos entre início e fim, até na permanência de um evento em repouso, que podemos associar a ele números sequenciais positivos e uma unidade denominados de duração do (s) evento (s), sendo qualquer fenômeno natural ou até pensamentos sequenciais de cenas em nossas mentes, cenas em repouso, e, por incrível que pareça, sem evocar nenhuma cena, ficando apenas de olhos fechados.

domingo, 22 de junho de 2025

A Circularidade Ateísta como Teoria Filosófica da Pluralidade Religiosa


  • Resumo 

    Este ensaio propõe a formulação da Circularidade Ateísta como uma teoria filosófica que interpreta a diversidade religiosa como evidência da origem humana — e não divina — das crenças religiosas. A partir de fundamentos lógicos, epistemológicos e antropológicos, argumenta-se que a multiplicidade de religiões mutuamente excludentes, todas alegando acesso exclusivo à verdade, compromete a validade objetiva de qualquer uma delas. O texto dialoga com autores como Feuerbach, Wittgenstein, Hick, James e Chalmers, e propõe implicações para os campos da filosofia da religião, neurociência e espiritualidade contemporânea. 

     

    1. Introdução 

    Minha ideia original: 

    "Como pode existir uma religião verdadeira se as práticas religiosas das outras são também benéficas aos seus adeptos, com exceções, demonstrando ser a (s) divindade (s) e os valores religiosos também verdadeiros, mas, isto também seria um absurdo porque não se pode haver várias religiões verdadeiras ao mesmo tempo, com divindade (s) e valores religiosos também verdadeiros, e, então, devido à esta circularidade, não nos levaria a crer na verdade única de todas serem falsas, apenas criações da mente humana?" 

    Então: 

    A pluralidade religiosa é um fenômeno universal e milenar. Em diferentes culturas e épocas, surgiram sistemas de crença que oferecem explicações sobre a origem do mundo, o sentido da vida e o destino pós-morte. No entanto, essas religiões frequentemente apresentam doutrinas mutuamente excludentes. A Circularidade Ateísta surge como uma proposta teórica que interpreta essa diversidade como indício de que as religiões são construções humanas, e não revelações divinas objetivas. 

     

    2. Fundamentação Teórica 

    2.1 Diversidade e Exclusividade 

    A existência de centenas de religiões com doutrinas distintas e exclusivistas é amplamente documentada (Eliade, 1957; Smart, 1996). A maioria delas reivindica ser a única via legítima para a salvação ou iluminação (Hick, 1989), o que gera um paradoxo lógico: se todas são verdadeiras, mas se contradizem, então nenhuma pode ser objetivamente verdadeira (Russell, 1945). 

    2.2 Eficácia Subjetiva 

    Apesar das contradições doutrinárias, práticas religiosas distintas produzem efeitos subjetivos semelhantes: paz interior, sentido de vida, transformação ética (James, 1902). Isso sugere que a experiência religiosa pode ter uma base psicológica ou neurológica comum (Newberg & D’Aquili, 2001), e não necessariamente uma origem transcendente. 

     

    3. A Circularidade Ateísta como Teoria 

    A teoria pode ser formulada da seguinte maneira: 

    Se múltiplas religiões mutuamente excludentes produzem efeitos espirituais semelhantes, então a explicação mais plausível é que a experiência religiosa é um fenômeno humano, e não uma revelação divina objetiva. 

    Essa formulação se alinha à crítica de Feuerbach (1841), que via Deus como projeção da essência humana, e à abordagem de Wittgenstein (1953), que entendia a linguagem religiosa como expressão de formas de vida, não como proposições científicas. 

     

    4. Objeções e Contra-argumentos 

    4.1 Pluralismo Religioso 

    John Hick (1989) propõe que todas as religiões são expressões culturais de uma mesma realidade transcendente. No entanto, essa abordagem exige que as religiões abandonem suas pretensões exclusivistas — o que muitas não estão dispostas a fazer. 

    4.2 Experiência Mística como Evidência 

    Crentes frequentemente apontam experiências espirituais como prova da veracidade de sua fé. Contudo, tais experiências ocorrem em múltiplas tradições — e até fora delas — o que reforça a hipótese de uma base neurológica comum (Newberg & D’Aquili, 2001). 

    4.3 Fé como Valor Intrínseco 

    Pode-se argumentar que a fé não precisa ser lógica ou universal para ser válida. A Circularidade Ateísta não nega o valor subjetivo da fé, mas questiona sua pretensão de verdade objetiva e universal. 

     

    5. Implicações Filosóficas e Contemporâneas 

    A teoria propõe uma leitura crítica da religião que valoriza a experiência subjetiva sem recorrer a absolutismos. Ela dialoga com debates contemporâneos sobre espiritualidade laica (Botton, 2011), consciência artificial (Chalmers, 1996) e espiritualidade ateísta (Onfray, 2014). Além disso, oferece uma lente útil para a educação laica, o diálogo inter-religioso e a ética pós-metafísica. 

     

    6. Considerações Finais 

    A Circularidade Ateísta não pretende invalidar a fé pessoal, mas sim oferecer uma estrutura teórica para compreender a religião como fenômeno humano. Ao reconhecer a pluralidade como expressão da diversidade cultural e psicológica da humanidade, a teoria convida à humildade epistêmica e à valorização do mistério como parte essencial da experiência humana. 

     

    Referências 

    • BOTTON, A. de. Religião para ateus. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2011. 

    • CHALMERS, D. The Conscious Mind: In Search of a Fundamental Theory. Oxford University Press, 1996.  

    • ELIade, M. The Sacred and the Profane: The Nature of Religion. Harcourt, 1957.  

    • FEUERBACH, L. A Essência do Cristianismo. Vozes, 2007 [1841]. 

    •  HICK, J. An Interpretation of Religion: Human Responses to the Transcendent. Yale University Press, 1989.  

    • JAMES, W. The Varieties of Religious Experience. Penguin, 1985 [1902].  

    • NEWBERG, A.; D’AQUILI, E. Why God Won’t Go Away: Brain Science and the Biology of Belief. Ballantine Books, 2001.  

    • ONFRAY, M. Tratado de ateologia: física da metafísica. São Paulo: Martins Fontes, 2014.  

    • RUSSELL, B. A History of Western Philosophy. Simon & Schuster, 1945.  

    • SMART, N. Dimensions of the Sacred: An Anatomy of the World's Beliefs. University of California Press, 1996.  

    • WITTGENSTEIN, L. Investigações Filosóficas. Companhia Editora Nacional, 2009 [1953].