Introdução.
Este artigo é de neurociência mas ligado
com assuntos religiosos pois é uma introdução em um tema controverso: os valores religiosos de cada religião, diferentes umas das outras,
são ensinados para depois serem memorizados no cérebro através de um
ponto de vista materialista ou eles provêm naturalmente do sobrenatural,
tendo um deus como causa inicial? Tanto a psicologia como a neurociência
se defrontam com esse problema, mas deixo para o próprio leitor chegar a
conclusões, opiniões sobre esse assunto embora eu o leve para o lado
materialista.
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Título difícil deste texto. Dos muitos artigos escritos por mim sobre o relativismo religioso, (1) inclusive relacionando a um termo novo na neurociência, cunhado por mim, a neurorreligação, (2) este foi o mais complicado de se colocar um nome.
Nós
começamos a ter consciência do mundo e de nós mesmos por volta dos
quatro anos de idade; uns depois, outros antes, mas, na média, é nessa idade.
Me
lembro de duas casas onde moramos, eu e a minha família, em Guarujá,
Estado de São Paulo. Havia meus pais e os meus irmãos também. Alguns
vizinhos, minha casa, amigos, carros, praias, etc., e, eu! Sim, meu
corpo, meus pensamentos e sentimentos, minhas primeiras lembranças da
minha consciência junto também ao fato de que foi quando comecei a
sentir a minha presença em ocorrências comigo e com as outras pessoas e/ou objetos. Mas não havia nenhuma ideia sequer de Deus, de nenhum
valor religioso da Igreja Cristã, Católica, a qual passei a pertencer
devido ao meu meio ambiente social, e, grave este conceito. Chamo de
valor religioso a Deus, o Batismo, “Os Dez Mandamentos”, a Bíblia, a
oração “Pai Nosso”, a oração “Ave Maria”, dentre outras. Por isto o
título deste artigo foi difícil para mim: nada estava na minha mente
relativa a qualquer
religião ou valor religioso... Acredito o mesmo para todas as pessoas,
em todas as épocas e no mundo inteiro, sem ser pretensioso.
Por
volta dos seis anos percebi e imaginava alguns valores religiosos os
quais os adultos comentavam entre eles e passavam a mim, de maneira
simplificada, pois eu era muito criança. Uma árvore de Natal
representando o nascimento de um homem muito bom nascido bem antes de
mim; um local maravilhoso em tamanho, estátuas e pinturas, presenciado
por mim devido aos meus pais me acompanhando onde era a igreja principal
da cidade; amigos me falando de Deus sendo “algo” criador de tudo,
inclusive nós, pessoas e a natureza, esta ainda tão pequena pois era
apenas o quintal de casa. Era o meu ambiente social... Ele ensina ao
mesmo tempo mostrando um mundo sendo a religião local absoluta perante
as outras.
Por tudo isso
eu disse que o título deste artigo foi difícil de criar. Nenhum valor
religioso da Igreja Católica estava em minha cabeça quando criança.
Mesmo o maior deles: Deus. Não havia indício de nada, nenhum conceito ou
ideia de Deus.
E por quê? Porque eu tive que ser ensinado!
Seria o nome certo para esse artigo, “Por que os conceitos sobre Deus não existiam em nossas cabeças antes de nos ensinarem?”. Ou “Por que Deus não estava presente naturalmente em nossas cabeças quando éramos crianças?” E por aí vai...
Este
artigo poderia ser uma introdução a um outro meu de nome “Neurociência e
como se formam os valores religiosos em nosso cérebro”. (3) Nele eu
digo a respeito das informações sobre uma religião convertidas em
valores quando elas se combinam com
sentimentos. Quando informações estiverem intimamente relacionadas a
sentimentos. Você, por exemplo, ao rezar o “Pai Nosso”, se “encontra”,
digamos assim, com muitas emoções e sentimentos a mexerem no seu
estado emocional e físico, produzindo e/ou liberando substâncias
químicas em todo o seu corpo. Por isso se sente bem e rezar por muitas
vezes, todos os dias, obterá resultados benéficos até por toda a sua
vida. Entrar em contato direto com
valores desse tipo, muito importantes porque estão arraigados em suas
memórias, realmente alteram a fundo os interiores do seu cérebro. A
neurociência pesquisa sobre essas influências, mas no momento ainda está
engatinhando como também no sentido de procurar os valores morais em
nossos sítios cerebrais.
Por enquanto eu falei no Deus cristão, mas, e nas outras religiões nas quais os deuses são diferentes, possuindo valores religiosos diferentes? Por exemplo, quais seriam as situações de crianças nascidas e criadas em outro país, em outros meios ambientes sociais, como a Índia, por exemplo? Eles são na maioria hindus, praticantes do hinduísmo, politeístas, e não acreditam no Deus cristão como os cristãos não acreditam nos muitos deuses deles, não nascidas também na cabeça das crianças… Nesse ponto tudo é relativo.
O ser humano nasce com a mente vazia de qualquer informação e, consequentemente, valores religiosos e também de valores morais.
O fato de termos que ensinar - e nós também fomos ensinados - demonstra
mais uma das faces do relativismo religioso. Ensina-se, surgem os
valores religiosos e esses passam a ser considerados absolutos para as
pessoas, mas, na realidade, cada povo, em suas regiões, acaba por
acreditar em valores diferentes. Qual deles estará certo? Nenhum porque
os valores religiosos e as religiões não são absolutos e sim relativos. E
por que então fazem efeito como no exemplo de se rezar o “Pai Nosso”?
Porque são memórias “carregadas” de emoções e sentimentos.
Nota:
Recomendo a leitura de outro artigo meu, “O paradoxo dos gêmeos religiosos” - http://orelativismodasreligioes.blogspot.com.br/2008/12/o-paradoxo-dos-gemeos-religiosos.html
Referência:
1 – Argos Arruda Pinto. O relativismo religioso – Como eu o vejo. 2007. Disponível em: < http://orelativismodasreligioes.blogspot.com/ >. Acesso em: 10/09/2018.
2 – Argos Arruda Pinto. Neurorreligação. 2016. Disponível em: < http://neurorreligacao.blogspot.com/2016/10/neurorreligacao.html >. Acesso em: 10/09/2018.
3 – Argos Arruda Pinto. “Neurociência e como se formam os valores religiosos em nosso cérebro”. 2015. Disponível em: < http://orelativismodasreligioes.blogspot.com.br/2017/04/neurociencia-e-como-se-formam-os.html >. Acesso em: 10/09/2018.
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