Publicado em: 18/01/2015.
Sentimentos
e emoções existem apenas para o nosso prazer, satisfação em termos de
paixões, grandes amores, amizades, felicidade, momentos agradáveis dos
mais diversos, etc., excluindo os sentimentos negativos? (1) Não! Há uma
razão profunda, complexa, envolvendo todo o funcionamento do nosso
cérebro, tornando a nossa vida plena de comportamentos a nos ajustarmos a
qualquer ambiente natural, ou outros e nas relações sociais. A Evolução
não se manifestou em nossos corpos apenas, mas também no sistema
nervoso como um todo, incluindo, então, o cérebro.
Palavras-chave: evolução, sentimentos, emoções, Darwin, mamíferos, consciência, cérebro, sobrevivência, neurociência.
"Feelings and emotions exist only for our own enjoyment in terms of passion, love, friendship, etc. Would that exclude any negative feelings? No! There is a deep and complex reason involving all the functions of our brain that has been evolved, turning our lives full of behaviours to either be adjusted to any natural environment, or not, and to the social relations."
Wordkeys: evolution, feelings, emotions, Darwin, mammals, consciousnes, brain, survival, neuroscience.
Qual a razão dos sentimentos existirem? Por que somos seres racionais e emocionais e não apenas racionais?
A
resposta a estas perguntas poderá, inicialmente, soar estranha e
aparentemente sem sentido ao leitor, mas está relacionada com a mais
poderosa força inerente à condição humana no planeta: a sobrevivência da
espécie.
O
conceito de sobrevivência, entretanto, deve ser tomado de maneira mais
ampla quando se refere a nós, humanos, pois comer, beber, dormir e
procriarmos não bastam. É como se extrapolássemos estes quatro
requisitos básicos para sobrevivermos. Precisamos de mais. E este mais
está ligado ao nosso bem-estar físico, mental, felicidade e satisfação.
Sentimentos
e emoções são em grande número em nossas mentes; eles afetam nossos
corpos, nossos comportamentos, as nossas vidas. Não há espaço aqui para
explicar um a um com base na sobrevivência de nossa espécie como animal.
Darei exemplos de alguns. Importante realçar também o caráter
"estatístico" deste capítulo, no sentido ao qual estarei falando de
características de populações. As características de um indivíduo podem
representar uma tendência em toda uma população, uma maioria, nas quais
as exceções não importam. Quando eu falar de algum sentimento ou emoção,
você leitor deverá pensar em termos amplos, gerais. Por exemplo, se
digo: o amor é uma força de ligação, a mais importante entre pais e
filhos e sem a sua presença a raça humana já estaria extinta, excluo os
poucos casos nos quais os filhos foram abandonados ao nascer ou quando
crianças. Por outro lado, devemos compreender, sobre o amor, a sua ampla
natureza em termos dos nossos comportamentos: certa vez desacreditei um
rapaz ao contrariar sua "certeza" em não ver nenhuma vantagem evolutiva
nas pessoas que amam. Grande simplificação! Posso amar uma mulher e não
querer ter filhos com ela, mas, para um existem outros milhares ou
milhões desejosos de formar uma família com a mulher amada. Acontece também com as mulheres. Inclusive
somos muito versáteis neste sentido: um casal se separa depois dos
filhos se tornarem adultos. Tanto o homem quanto a mulher poderão buscar
outro amor ou paixão como eu disse em se procurar o bem-estar. Um casal com filhos adolescentes se separa e ambos procuram novos (as) parceiros (as) em um novo casamento, fato muito comum. Alguns
cônjuges divorciados não terão mais filhos enquanto outros sim. E existem muitos outros casos
sobre este tema mostrando, digamos assim, uma certa aceleração na
quantidade de crianças no mundo, em relação ao fato de não se querer
filhos em apenas um casamento, uma vez, em um só relacionamento.
A
Evolução de Darwin sempre fora mal explicada e mal aceita por muita
gente. No começo do século XX, aqui no Brasil, era proibido falar nela
nas escolas; havia preconceito em todos os países, mas, entre os
cientistas ela simplesmente só evoluiu desde a sua concepção no século
XIX. Isto criou um abismo entre os conhecimentos da Ciência nesta área e
as ideias, pensamentos, suposições, etc., das pessoas comuns em pensar e
imaginar sobre como os seres vivos se modificam, se adaptam,
sobrevivem, etc. E tudo isso se relaciona apenas com os corpos desses
seres; imagine quanta ignorância existe quando se entra na
correspondência entre a Evolução e a mente.
Os
seres vivos mais complexos do planeta, aves e principalmente mamíferos,
possuem cérebros altamente complexos e adaptados para conseguirem
sobreviver aos estímulos negativos, destrutivos do meio ambiente.
Insetos, peixes e répteis nascem em um estágio de maturidade o
suficiente para se locomoverem e explorarem o mundo exterior; fora isto,
o número de filhotes é grande o bastante para nem todos serem devorados
pelos predadores. O fato é diferente com os mamíferos: poucos filhotes e
frágeis, necessitando-se de uma longa jornada de aprendizagem sobre seu
ambiente, para um dia enfrentarem sozinhos os perigos deste mesmo
ambiente e procriarem. Aí entram os sentimentos e as emoções. Alguns são
básicos e compartilhamos com seres menos complexos: o medo e a
agressividade. O medo é importante porque é um sinal de alerta, de algum
perigo no meio; quem sobreviveria se não tivesse medo de nada? Seria
suicídio em muitas situações perigosas! É necessária a existência de
agressividade porque nada pode ser só passivo; enfrentar algum perigo,
uma ameaça, requer também respostas passando, às vezes, pela
agressividade. Em especial nos seres humanos, a natureza foi
"caprichosa" no aspecto emocional: sentimos alegria, tristeza, ódio,
paixão, raiva, satisfação, amor, afeto, fé, esperança, etc. Mas todos
esses estados foram selecionados pela Evolução.
Temos
a capacidade de procurar sexo mesmo sem a intenção de procriar.
Procuramos porque gostamos, porque faz bem, porque nos satisfaz.
Chegamos ao ponto de nos deliciar com um prato só para nos satisfazer
mesmo sem estar com fome, ou seja, sem a necessidade momentânea de
sobrevivência; por puro prazer. Procuramos coisas como viajar, sair,
encontrar alguém para namorarmos, nos divertirmos, porque faz parte do
nosso lazer, do nosso bem-estar. A palavra gostar está sempre presente;
os sentimentos estão sempre presentes.
Existe
o trabalho... Ele deve ser entendido como uma atividade inerente ao ser
humano, mesmo qual for o seu modo ou finalidade: do homem de duzentos
mil anos atrás ao perseguir uma presa durante horas, ao homem de hoje em
um escritório repleto de aparelhos eletrônicos a ajudá-lo em seu dia a
dia, tudo é trabalho. Toda atividade implicando em geração de bens ou
realização de tarefas imprescindíveis à nossa sobrevivência, mesmo
indiretamente. É o caso das sociedades, quase todas no mundo de hoje,
modernizadas, tendo o dinheiro como o fruto do trabalho, algo
"simbólico", no qual através dele conseguimos satisfazer as nossas
necessidades. Existiria o trabalho para nós se não gostássemos? Se não
gostássemos ou se não sentíssemos nada com os seus frutos? Não existe
somente o ato de trabalhar; sentimentos e emoções, conquistas nos
levando a satisfações extremamente benéficas a nós estão em jogo.
Quero
dizer: vivemos procurando atividades, conquistas, coisas que nos fazem
bem, para a nossa felicidade e bem-estar. Se ora não conseguimos temos
outras chances, temos nosso amor-próprio e continuamos a viver, a
procurar. Temos fé, esperança, sonhamos.
Para
se capturar um animal faz-se necessário uma boa dose de agressividade e
nós utilizamos recursos muitas vezes cruéis, os quais, se fôssemos
parar para pensar, não comeríamos sequer um pequeno peixe do mar.
Pode-se imaginar o quanto as nossas sociedades cresceram e se
desenvolveram às custas de muitas mortes ou exploração, pelas quais
nossos ancestrais utilizaram e muito da capacidade humana de destruição
para com os inimigos. E destruir envolve muita coisa de negativo.
Este
capítulo pode dar a impressão de que refere à nossa civilização
ocidental, consumista, desejosa de prazeres, poder e dinheiro; não é
isso. Ele se refere àquilo que os seres humanos possuem em sua natureza
íntima, de básico em suas mentes, na qual se criou todas as culturas e
civilizações até hoje. Umas foram mais pacíficas; algumas foram mais
mercantilistas, enquanto outras se preocuparam com a tecnologia e
produção industrial. Mas a sobrevivência do homem se deu até hoje com a
combinação de um lado racional com outro emocional. E sobrevivência para
o ser humano engloba, além de sua natureza racional, tudo
proporcionando satisfação, felicidade, prazer, conquistas, etc. Estados
correlacionados com nossas emoções e sentimentos. Retire tudo isto dos
humanos e verá a nossa espécie desaparecer.
Existe
uma ordem aparente na evolução animal, uma escala crescente em
complexidade nos seres vivos do nosso planeta. De seres unicelulares
povoando diversos habitats terrestres, até nós humanos, passando pelos
insetos, peixes, anfíbios, répteis, aves e todos os mamíferos, estes
últimos menos complexos em relação a nós devido à diferença entre os
cérebros de cada um. Em termos somáticos, e até certo ponto no sistema
nervoso, somos muito parecidos com eles, do ponto de vista da
morfologia, da genética e da bioquímica. É importante lembrar, nesta
escala, a não representatividade necessariamente em ordem crescente em
complexidade na história evolutiva de cada grupo em relação aos outros.
Por exemplo, uma ave é mais complexa que um inseto, mas este pode ser
mais novo como espécie. Pode até ocorrer uma diminuição da complexidade
ao longo da evolução de uma espécie.
Atualmente
é aceita a origem das novas espécies, sem dúvidas, baseando-se no fato
da evolução dos seres vivos, ou seja, se modificando, se adaptando às
mudanças no ambiente, etc. Assim, o chamado "modelo padrão" da biologia
se consolidou através do casamento entre as descobertas da biologia
molecular, da genética e da Evolução. Pode ser argumentado, portanto,
sua funcionalidade a todos os aspectos da nossa biologia, inclusive as
bases para os nossos mais complexos comportamentos, sentimentos e
emoções.
A
evolução biológica se manifesta através de mudanças permanentes
(codificadas geneticamente) na forma e função das células, tecidos e
órgãos dos seres vivos. O comportamento "surgiu" na Terra há muito
tempo. Por exemplo, um ser unicelular, como uma ameba reage se afastando
de um estímulo negativo ou se aproximando de um estímulo positivo para
sobreviver. Comportamentos simples, como tropismos deste tipo, existem
provavelmente há centenas de milhões de anos, ou bilhões de anos, e
podem ser encontrados até mesmo em organismos não possuindo sistemas
nervosos, como as plantas. Entretanto houve, pela Evolução, uma seleção
de comportamentos cada vez mais complexos e avançados, levando à
evolução dos órgãos sensoriais, músculos e redes neurais especializadas,
pelo avanço dos seres vivos em habitats mais complexos, com números
maiores de estímulos tanto positivos quanto negativos. Para o
comportamento aplica-se o mesmo raciocínio nos outros traços dos
organismos: quanto maior for a gama de comportamentos exibidos por um
determinado organismo reagir, sobreviver, maior será a sua chance de se
adaptar adequadamente ao ambiente mutante. Diversidade é a palavra-chave
aqui. Muitos autores sugerem, portanto, sobre a complexidade cerebral
ser essencialmente relacionada à complexidade das estratégias
comportamentais selecionadas para a sobrevivência da espécie e os
rigores da competição. Por isso não é difícil imaginar como os
organismos precisam adquirir e processar uma maior quantidade de
informações a respeito do meio ambiente, sendo então selecionado pela
Evolução um sistema nervoso mais complexo, mais eficiente.
Eventualmente
(e esse era um dos maiores medos de Darwin, como humanista e
religioso), todas as características do cérebro humano, mesmo aquelas
consideradas superiores e complexas, como linguagem, pensamento, lógica,
sentimentos, etc., podem ser inteiramente explicadas pelos efeitos da
seleção natural na Evolução.
Na
Parte I deste artigo citei o exemplo da força de ligação inerente entre
pais e filhos, através de sentimentos como o afeto, o amor etc., sem os
quais ninguém sobreviveria neste planeta logo após o nascimento.
Entretanto, em muitas situações, o instinto de proteger os filhotes
entra em conflito com os instintos de sobrevivência. Primeiro, um
genitor precisa, entre outras coisas, saber quem são seus filhos, saber
das atitudes para protegê-los e a si próprios. Neste ponto o cérebro,
com o lado racional, é importante quanto o lado emocional. Além disso:
reações como a agressividade contra predadores e comportamentos e
sentimentos de defesa em relação ao bem-estar do grupo social como um
todo, podem tomar uma precedência em relação aos próprios cuidados com a
prole, devido à necessidade de perpetuar a espécie. Podemos observar
isto em primatas não humanos, tais como chimpanzés, no qual o
infanticídio é muito comum e é relacionado às bases instintivas desses
tipos de defesas.
Isso
não acontece em geral com os seres humanos. Devido à evolução cultural,
a base emocional e instintiva pode ser inteiramente modificada através
da razão. Por exemplo, uma mãe pode preferir sacrificar a própria vida
para salvar a do seu bebê. Ou a sobrevivência do grupo social pode ser
ameaçada com base em razões puramente racionais (como na guerra).
"Saber" é racional, "sentir" é emocional e aí estão os dois pilares
cerebrais nos quais falei na primeira parte: somos seres racionais e
emocionais e não só racionais. Essas duas esferas estão unificadas e não
podem ser separadas, como foi explicado de forma muito bonita pelo
neurologista António Damásio, em seu livro "O Erro de Descartes". (2)
Citando a falta completa de emoções em personalidades sociopatas e as
alterações de personalidade em pacientes lesados em certas áreas
frontais do cérebro, tal como no caso histórico de Phineas
Gage, Damásio explica que o erro de René Descartes foi a suposição de
uma separação entre o racional e o irracional (emoções e sentimentos), e
ser supremamente racional seria a melhor coisa para a humanidade. Não é
verdade: sem emoção, a racionalidade perde um componente importante e
se torna patológica!
A
Evolução acabou por selecionar estruturas cerebrais regulatórias
comportamentais nas quais envolviam o problema dos seres vivos possuindo
uma prole dependente dos pais durante o período de amadurecimento. As
estratégias comportamentais surgidas após milhões de anos da Evolução
dos hominídeos e de seleção sexual envolvem uma complexa mistura de
razão e emoções. Esta provavelmente é base da nossa singularidade entre
todas as espécies.
Antes de prosseguir gostaria de dizer algumas palavras sobre a consciência.
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Ela
está presente em muitos momentos e atividades do nosso dia a dia. Veja,
por exemplo, em um jogo de xadrez: você pensa: “(Eu) vou posicionar o
meu (de “Eu”) bispo da casa branca de maneira a bloquear o xeque do meu
(de “Eu” novamente) adversário”. Uma simples frase representando um
pensamento estratégico onde a consciência “atua três vezes” representada
pela palavra “Eu”.
.
António Damásio, no livro “E o cérebro criou o homem” (Damásio, 2011, p. 310), apresenta o problema dos qualia, no qual um deles, que nos interessa aqui, foi exposto do seguinte modo: “Nenhum
conjunto de imagens conscientes, independentemente do tipo e do
assunto, jamais deixa de ser acompanhado por um obediente coro de
emoções e consequentes sentimentos”. (3)
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Estamos
acostumados a isto que nem nos damos conta. Pelo exemplo acima:
“ficarei aliviado pois o xeque do adversário seria seguido de um mate”.
Aliviado de quê? Do medo, da expectativa de perder o jogo, que são
emoções, sentimentos.
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A
consciência é um poderoso suporte ou auxílio da inteligência. Sempre a
utilizamos quando estamos acordados a realizar tarefas das mais diversas
ou divagar em pensamentos sem fim sobre qualquer assunto.
Imagine
quantos milhões ou dezenas de milhões de artigos, livros, poemas, foram
publicados sobre e em nome do amor. E tudo aquilo escrito em cartas,
pergaminhos e publicações outras? Esta pequena palavra de quatro letras
povoou a imaginação, encheu de alegrias e tristezas, arrebatou corações
das pessoas em todo o mundo e em todas as épocas.
Na verdade
se trata de números impossíveis de calcular, ainda mais se ousarmos
pensar em quantas vezes o amor fora declamado em épocas antes do
surgimento da escrita.
Realmente
é tentador para as pessoas pensar, nesse sentimento tão sublime, causas
também sublimes, como uma alma, um espírito, além da matéria comum,
dentro de nós e criados por um Deus. Ou deuses para os politeístas. Mas
não: a Neurociência avança dia a dia elucidando fenômenos até então
atribuídos a entes relacionados ao divino, como manifestações de áreas
cerebrais, com neurônios mais ativados, a liberar substâncias químicas
pelo cérebro e pelo corpo, fazendo-nos sentir bem.
Somos
animais dotados de inteligência e consciência e, por isto, literalmente
usamos estas duas capacidades para o nosso bem-estar, “procurando”
paixões, relacionamentos amorosos, pessoas especiais, etc., para
vivermos um grande amor.
Conforme
a multiplicidade de sentimentos e emoções, tais como a amizade, o
carinho, a ternura, a atração, etc., vivemos em um mundo com as nossas
mentes funcionando todos os dias em função deles. Nunca paramos. Se você
não quer arranjar um (a) namorado (a), você se prende às amizades, só
ao sexo, às atrações e aventuras onde as emoções fortes tomam conta da
sua vida.
Não conseguimos viver sem a turbulência de emoções e sentimentos pelos quais o nosso cérebro é o comandante geral.
Pensávamos
em algo imaterial regendo os nossos comportamentos e para a
sobrevivência bastaria dormir, comer, trabalhar e fazer filhos. Engano.
Aproveitamos nossas habilidades naturais para o que já há décadas se
chama “aproveitar a vida”, o antigo carpe diem, do também antigo
filósofo latino Horácio (65 a.C. - 08 a.C.) fazendo parte do nosso
bem-estar.
Esta
Parte III enfatiza o quanto precisamos “usar” os nossos sentimentos e
emoções para o bem-estar fazendo parte também da nossa sobrevivência
como eu disse brevemente no último parágrafo da Parte I.
A
última frase “Retire tudo isto dos humanos e verá a nossa espécie
desaparecer” é poderosa porque não podemos e não somos “programados”
para vivermos como autômatos, robôs, executando apenas tarefas
repetitivas diariamente. Temos criatividade, inteligência e consciência
para fazermos coisas e mais coisas para sentirmos bem, vivermos felizes.
Talvez seja por isto, em qualquer definição da vida para nós, o bem-estar e a felicidade têm que ser levados em consideração.
Sentimentos
e emoções serviram à evolução para os mamíferos (também aves e menos
nos répteis e peixes), sobreviverem no planeta. Mas como temos
inteligência e consciência, usamos essas duas maravilhas para o nosso
bem-estar e felicidade sem os quais poderíamos também perecer. Isto
também é sobrevivência mas em um plano mais elevado de “estados mentais”.
Acontece
algo curioso conosco. Emoções e sentimentos ao encontrarem a
consciência e uma inteligência avançada dão um verdadeiro salto em
termos de como nós podemos nos valer delas.
É
uma volta parecida ou igual a um feedback no qual podemos alcançar
momentos de êxtases inesquecíveis a perdurarem em nossas memórias para o
resto de nossas vidas, mas sem a qual não seríamos nós mesmos.
Retornando
ao assunto sobre o “prazer, satisfação em termos de paixões, grandes
amores, amizades, felicidade, momentos agradáveis dos mais diversos,
etc.”, citado por mim no primeiro parágrafo da “Parte I”, são também, e
principalmente, para a sobrevivência da espécie humana na Terra.
Sentimentos e emoções como o amor pelos filhos, o carinho, o afeto,
gerando respeito, cuidados, etc., também existem para a sobrevivência,
inclusive nos outros mamíferos, de modo “simplificado”, mas não menos
importante.
Referências
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2 - DAMÁSIO, António R. O erro de Descartes. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
3 - DAMÁSIO, António R. E o cérebro criou o homem. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 310.