Introdução
Por que os egípcios construíram aquelas enormes pirâmides? Como cortavam aquelas pedras e como as conduziam para alturas de aproximadamente 146 m na maior delas, a pirâmide de Quéops ou a Grande Pirâmide?
São comuns até atribuições a seres alienígenas nesses grandes feitos, mas a maioria das pessoas deixam de fazer pesquisas procurando respostas e elas não sabem da
diferença entre nós, hoje, e a de povos antigos, de não ser a
capacidade cognitiva e sim o fato de recebermos conhecimentos prontos
desde a mais tenra idade até o ensino superior. E depois também. Já os
antigos precisavam utilizar a pouca tecnologia disponível e muita
imaginação, algo subestimado em relação a eles.
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A
região do Rio Nilo desde a época dos homens caçadores coletores sempre
foi um verdadeiro oásis, concentrando-se pessoas e começando uma
civilização na qual,
protegidos pelos desertos da Líbia, à esquerda, à direita o deserto
oriental africano, o Mar Mediterrâneo acima e as selvas africanas
abaixo, pôde se desenvolver socialmente e politicamente, chegando a uma
população de até oito milhões de pessoas ao longo de centenas de
quilômetros de extensão. Foi uma das primeiras e uma das maiores
civilizações da antiguidade.
Como em outras regiões do planeta, eles descobriram as técnicas de plantio. Mas
o Nilo transbordava de tempos em tempos, as chamadas cheias do Nilo,
estragando as plantações e tendo os egípcios a dura tarefa de começar de
novo sem saberem quando outras enchentes estariam pela frente.
Naquela
época a Astronomia consistia em uma Ciência puramente de observações e
registros das estrelas, da Lua e do Sol, de suas posições no céu, pois
não tinham instrumentos a investigar mais a fundo o escuro espaço à noite pontilhado de estrelas.
Astrônomos dedicavam décadas de suas vidas ao registro sistemático
dessas posições e, por talvez um lance de muita sorte, um deles percebeu
a presença da estrela Sírius, a mais brilhante do céu, para eles outro nome, "Sopdet", situando-se próxima ao horizonte de onde ele ficava na época das cheias.* Isso sem falarmos dos planetas Vênus, Saturno e Júpiter, mais brilhantes, só que com posições muito variadas pois são planetas, estão mais próximos, e eles não sabiam. Então esse astrônomo contou quantas noites se passavam até Sírius aparecer novamente próxima ao horizonte. Qual não fora o resultado da contagem? 365 vezes! Sim, a base do nosso calendário!
Tendo
esse conhecimento, os egípcios começaram a fazer canais a irrigar as
plantações durante essas enchentes e, além de areia, encontravam pedras
em suas escavações. Aprenderam durante dezenas ou centenas de anos a
trabalhar aquelas pedras e, com isso, começaram a construir templos, mastabas, e... pirâmides! Destas duas, as mastabas eram túmulos de nobres e faraós e, a Grande Pirâmide, entre outras, túmulo para um só faraó.
Existe
uma gravura (1) na cidade de Tebas, uma das capitais do reino egípcio e
uma das mais importantes daquelas épocas, datado de 1.500 a. C., onde
se exibe um grupo de trabalhadores, nivelando uma pedra para algum fim.
Os escopros mostrados ali são
instrumentos com metal cortante, parecidos com os pequenos machados de
hoje e serviam para cortar as rochas, enquanto os maços eram
instrumentos utilizados na nivelação das pedras.
Muitos
mitos surgiram a respeito dessas pedras. Uma agulha não penetraria no
vão entre elas denotando uma tecnologia "extraterrestre". Ora, uma agulha encontra um pouco de rugosidade entre as pedras e não avança mais.
Uma questão importante e também muito mal pesquisada e, digo eu, não imaginada por quem
não procura por respostas racionais, seria o deslocamento das pedras e o
fato deles chegarem ao alto desses grandes edifícios.
As
pedras não tinham todas, 15 toneladas ou mais como muitos dizem, e,
sim, de 2 a 3 toneladas cada uma em sua grande maioria. Já vi gravuras
egípcias em livros, e até peço desculpas ao leitor por não colocar aqui
alguma referência, de pedras sendo deslocadas em cima de vários caules
roliços de árvores, com vários homens a puxando com uma corda, e, outros, incumbidos de pegarem os caules que
ficavam para trás e os colocando na frente. E ainda uma mulher jogando
um óleo de palmeira nativa das margens do Nilo a promover um
deslizamento das pedras nos caules.
Em
um site de um jornal na internet (2) descobri o seguinte relato também
com respeito ao deslocamento de estátuas e pedras: "Os egípcios
colocavam os blocos e as estátuas em trenós puxados por trabalhadores
sobre a areia do deserto. Na frente de um trenó carregado, a água ia
sendo derramada sobre a areia, de modo a tornar a terra bem firme" ... "Na
presença da quantidade correta de água, a areia do deserto molhado é
cerca de duas vezes mais dura do que a areia seca. E o trenó desliza
muito mais facilmente sobre a areia molhada, simplesmente porque a areia
não se acumula na frente do trenó como faz no caso da areia seca".
E para conduzi-las
ao alto das pirâmides? Eles utilizavam de planos inclinados pois tinham
a matéria-prima necessária a conduzir as rochas através deles, acima e a
qualquer lado ou inclinação, elevando e desfazendo quando queriam: areia! Existe quase um consenso hoje da realização de planos inclinados em espirais com ângulos retos nas laterais das mesmas; o resto foi como eu disse nos dois parágrafos anteriores.
Outra
questão fala da distância dos locais onde se trabalhavam as pedras até
as pirâmides. Grandes ou não, essas distâncias seriam vencidas por
barcos. Uma civilização de milênios às margens do Nilo teria barcos nesse sentido.
.
.
Mas
o mais importante fato deixado por mim para o final deste artigo e
sendo a resposta da primeira pergunta na "Introdução", tem a ver com
algo não muito comentado. As pirâmides foram construídas por um ato de
fé! Sim, a fé. Como assim?
.
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Os faraós, pela religião politeísta dos egípcios, eram considerados filhos de deuses na Terra, ou seja, deuses também. Como disse o grande historiador estadunidense Edward Mcnall Burns:
"O faraó era o representante vivo da fé na terra e, através da sua lei,
mantinha-se a lei do deus. Prevalecia, também, a crença de que a
mumificação do corpo do faraó e a sua conservação em um túmulo eterno
contribuiria para a eternidade da nação". (3)
Dezenas,
centenas de milhares de egípcios, ou milhões no total, durante mais de
20 anos, participaram da construção de Quéops, cedendo dias dos seus
respectivos trabalhos individuais em louvor ao faraó. Essa fora a grande
força impulsionadora de tamanho evento.
A fé é um sentimento puro, mas canalizada nas reflexões e orações aos valores religiosos da própria religião dos seus adeptos. A intensidade emocional desprendida em orações e/ou reflexões nos valores religiosos de cada religião é igual a todas elas.
Imagine o que nós, cristãos, não faríamos por Jesus Cristo se Ele estivesse vivo em carne e osso, em algum lugar na Terra, HOJE?
Nota:
(*) Existem algumas dúvidas se era realmente Sírius, mas havia sim uma estrela bem registrada por eles próxima do horizonte, na mesma direção e sentido sempre, pouco antes das cheias.
Referências
1 - César Mangolin. Edward Mcnall Burns. História da Civilização Ocidental - Volume 1. Editora: Globo. 1977. p. 85. Disponível em: < https://cesarmangolin.files.wordpress.com/2010/02/burns-historia-da-civilizacao-ocidental-vol1.pdf >. Acesso em: 19 dez. 2018.
2 - Paulo Gurgel Carlos da Silva. GGN. Disponível em: < https://jornalggn.com.br/noticia/o-truque-egipcio-para-transportar-pedras-para-as-piramides >. Acesso em: 19 dez. 2018.
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