Argos Arruda Pinto

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sábado, 12 de abril de 2025

Cristianismo, Hinduísmo e Islamismo: qual deles é correto na explicação do surgimento do universo?

Nosso universo atual, seja lá como ele surgiu, apareceu ou "nasceu", foi de apenas um modo e só.  

Aqui trata-se não apenas de acreditar, de fé, pois ele é físico, material e de energias, e, dadas milhares ou milhões de pessoas acreditando cada uma em uma forma de como ele surgiu, seguindo suas religiões ou não, apenas uma estará certa. 


Sem querer mexer com as crenças de qualquer religião, não adianta cada uma acreditar na possibilidade que diz a sua própria, porque poderá estar errada. Mas os seguidores acreditam e pronto! Nada mais a dizer: as religiões possuem respostas a tudo, mesmo com muitas diferenças entre si. 


Pelo cristianismo, Deus, único, onipotente, onipresente e onisciente, criou o universo, começando pela luz. 

Já o hinduísmo afirma na criação e destruição do universo, com um intervalo entre estas duas situações, pelos deuses Brahma, Vishnu e Shiva, respectivamente. 

No islamismo, a criação e destruição do universo estão profundamente ligadas à vontade de Allah, o único e onipotente criador. Segundo o Alcorão, o livro sagrado, Allah criou tudo a partir do nada. 


Um está certo e os outros dois errados? Sim, mas então se desprezaria todas as criações com respeito às outras religiões não citadas aqui. E agora? 


Por que então um deus apenas ou vários deuses, se fossem esses os criadores de tudo, inclusive a nós, não criariam o universo, e, em qualquer ponto do planeta e em todas as épocas, pessoas, ao evocarem o sobrenatural, não apareceria em suas mentes esse deus ou deuses, sempre?


Palavras chave: cristianismo, hinduísmo, islamismo, universo, criação 

terça-feira, 8 de abril de 2025

O materialismo nas ciências: emergentismo e reducionismo

Observação: este pequeno texto serve para qualquer grupo ou página de ciências em geral.

O materialismo é uma visão filosófica que sustenta que a matéria e a energia são as substâncias fundamentais da realidade. Em outras palavras, tudo o que existe é composto de matéria e energia, e os fenômenos (como consciência e emoções) podem ser explicados em termos de interações materiais e energéticas.
Na ciência há dois tipos principais de materialismo:
1 - Materialismo Reducionista
Defende a ideia que as propriedades de um todo são a soma das propriedades de suas partes.
2 - Materialismo Emergentista
Postula que propriedades novas surgem quando a matéria se torna mais complexa. São as propriedades emergentes, presentes principalmente em sistemas complexos, como na evolução do universo, na origem dos seres vivos e do ser humano.
Neste caso pode-se considerar que o todo é maior que a soma das suas partes.
Estes dois modos de ver a natureza afirma que tudo pode ser entendido e explicado por meio de processos naturais, leis naturais, energias e fenômenos emergentes, sem a necessidade de intervenções sobrenaturais ou metafísicas. Na realidade são praticamente iguais, já que nenhum dos dois admite um universo onde forças, agentes, etc., provém do sobrenatural, imaterial ou transcendental.
O que acho impressionante nos debates entre criacionistas e evolucionistas, os primeiros se fixam nas limitações do reducionismo, sequer mencionando os sistemas complexos e as propriedades emergentes. E olhe que já vi cientistas, poucos, mas convictos, defensores do criacionismo, citar as propriedades emergentes como algo ilusório, uma "mágica" não existente na natureza!

quinta-feira, 27 de março de 2025

O valor religioso como um valor neural

Um adulto conta uma história a uma criança enferma sobre algo muito bom e poderoso curando outra criança com a mesma doença.

Ela cresce ouvindo falar desse "algo" em muitas situações, de pessoas a lugares, de pessoas próximas e até desconhecidas, na sua casa, na escola e até brincando com outras.
Muitos fatos positivos estão relacionados com esse "algo" em sua memória até que em um dia, naturalmente, por alguém ou algum fato, sentimentos se encontram com esse "algo".

Ela passa a gostar dele e não só isso: aprende a colocá-lo em sua própria vida, a buscar nele respostas a certos enigmas de sua existência, do mundo, das relações sociais, amorosas, etc.
Aprende ainda a falar com ele, pedir, orar para o bem, seja ao presente ou ao futuro.

O terá acessível em qualquer momento ou local, se sentirá ótima quando sempre com ele.
Na realidade, durante todo o tempo, e de até antes da história da cura, circuitos neurais se modificavam, novos dendritos se formavam, a neuroplasticidade tinha lugar em muitos sítios do seu cérebro.

Realmente solidificaram muitas informações com sentimentos e emoções nessa pessoa a ponto de ajudá-la em muitas situações. Formou-se um valor religioso dentre outros relacionados a esse "algo".

Você já percebeu que esse "algo" é Deus, o maior valor religioso do cristianismo, assim como existem outros valores de outras religiões e que são diferentes.

Na verdade, tudo isso não significa que eles existam realmente: são produtos da imaginação das pessoas via ensinamentos despertando sentimentos e emoções, tendo muita força quando evocados em orações e práticas religiosas. Por isso a existência de muitas religiões em todas as épocas e lugares do planeta.

De valores religiosos a valores neuronais ou neurais.
De valor religioso a valor neuronal ou neural.

quarta-feira, 5 de março de 2025

Uma das grandes características da consciência humana:

Pense nas primeiras recordações da sua vida: seus pais, irmãos, a frente da sua casa, a sala, seu quarto, alguns amiguinhos, etc. O número é grande. 

 
Por volta dos quatro anos de idade é que tomamos contato não apenas com lembranças assim, mas algo também profundo. Era você quem via, interagia com tudo, ou seja, você era o "ator" da realidade à sua volta e de você mesmo onde estivesse. A sua consciência estava presente pela primeira vez na sua vida. 
Você não apenas sabia, em termos lógicos, que era você, mas também sentia. Era um sentimento também junto a pensamentos e ideias lógicas sobre a pessoa ali, você dentro de você! 
 
Você cresceu, passou por todas as fases da vida de uma pessoa, infância, adolescência, juventude, adulta e idoso. Seu corpo mudou muito desde então. Você passou por experiências de vida nunca imaginadas e outras sem importância alguma. O modo de como via e interpretava o mundo mudou também e várias vezes. Sua personalidade foi se formando, transformando, e você chegou à maturidade. Opiniões, sabores, ideias, atitudes, comportamentos, enfim, uma gama muito grande de fatores de quem era e é você hoje também mudou. Mas aquele sentimento e como você era é e nunca mudou... Ele continua intacto desde a sua infância.

Sentimentos e emoções como produtos da evolução:

É um absurdo dizer que os nossos sentimentos e emoções não foram selecionados pela evolução, porque não existe nada em excesso, a mais, "sobrando", talvez com raríssimas exceções, pertencendo às nossas estruturas e funções, sendo a vida emocional e sentimental de nós humanos riquíssimas em detalhes e muito importante para nós.

sábado, 15 de fevereiro de 2025

A unicidade da vida na Terra. Por Marcelo Gleiser*

"Cerca de 5 bilhões de anos atrás, uma gigantesca nuvem de hidrogênio flutuava calmamente na nossa galáxia, enquanto girava lentamente em torno de si como um pião preguiçoso. Estrelas vizinhas, no final de seu ciclo de vida, explodiram violentamente, enviando ondas de choque que atravessaram o espaço interestelar a velocidades que chegam a 30 mil quilômetros por segundo, um décimo da velocidade da luz. Essas ondas semearam o espaço com os elementos químicos essenciais à vida. Eventualmente, colidiram com a nuvem de hidrogênio. A violência do choque iniciou o colapso gravitacional da nuvem, que começou a implodir, enquanto girava em torno de si mesma. Ao diminuir de tamanho, a nuvem foi girando cada vez mais rápido, achatando nos polos feito massa de pizza. 

A maior parte da matéria concentrou-se no centro, enquanto os restos continuaram a girar à sua volta. 

Com o passar do tempo, a massa no centro tornou-se densa e quente o suficiente para iniciar o processo de fusão nuclear: nasceu uma estrela, no caso, o nosso Sol. A matéria que sobrou à sua volta foi coagulando em mundos diferentes, de tamanho e composição variada. Em menos de 1 bilhão de anos, o sistema solar se formou, a Terra sendo o terceiro planeta a partir do Sol, após Mercúrio e vênus. O que ocorreu aqui ocorre em todo o Universo. A morte de uma estrela causa o nascimento de outras, a Natureza em fluxo constante. A energia flui e a matéria dança, assumindo formas, ora criando padrões, ora destruindo-os. 

Dos mundos que nasciam em torno do Sol, a Terra era um aglomerado incandescente de matéria, aproximadamente esférico, borbulhando enquanto tomava forma e se resfriava. Restos de material não coletado em outros planetas, asteroides e cometas, colidiam impiedosamente com a jovem Terra, aumentando ainda mais o caos, enquanto depositavam seus tesouros: água e uma enorme variedade de compostos químicos, incluindo alguns orgânicos, aqueles contendo carbono, mesmo se ainda simples. Os céus davam e torturavam. As coisas começaram a se acalmar apenas 600 milhões de anos, em torno de 3,9 bilhões de anos atrás. Se, porventura, alguma criatura viva existiu antes disso, foi destruída sem dó, sem deixar traço de sua breve existência. A vida pode ter tido muitas origens, perdidas num tempo sem história. Para entender a história da vida na Terra, precisamos entender a história da Terra. Isso é tanto verdade aqui quanto em qualquer outro planeta ou lua onde a vida pode existir, passado, presente e futuro: a história da vida num planeta depende de forma essencial da história da vida no planeta. 

Dado que cada planeta tem sua própria história, a vida e suas características específicas são únicas: se considerarmos a vida um experimento, ele não se repetiu da mesma forma em dois mundos diversos. Mesmo que a vida siga os mesmos princípios no Universo inteiro, baseada no carbono e seguindo as leis da evolução darwinista segundo a seleção natural, será única em cada mundo em que existir, cada criatura sofrendo mutações e evoluindo de forma a maximizar sua adaptabilidade ao mundo em que existe. 

Este fato nos afeta diretamente. A vida na Terra é única: se houver vida em outro lugar, será necessariamente diferente. Dado que somos a forma de vida mais sofisticada neste planeta - amo baleias, golfinhos, macacos, gatos, etc., mas me refiro aqui à nossa capacidade de raciocínio -, somos únicos como seres inteligentes. Se a vida inteligente existir em algum outro sistema solar, será diferente da gente, mesmo que possa dividir alguns dos nossos traços, como uma simetria aproximada entre o lado esquerdo e o direito, ou um sistema circulatório com um coração. Além disso, essa vida inteligente estará tão longe que, na prática, estamos sós. Sendo assim, temos um papel central no Universo, sendo a expressão material de sua inteligência, o que chamo de  'humanocentrismo'." 

 

Nota: 

(*) Marcelo Gleiser (1959 -) é um físico e astrônomo brasileiro, professor na Dartmouth College, nos EUA. Nascido no Rio de Janeiro, ele é atualmente o físico brasileiro mais famoso do mundo. 

 

Referência 

GLEISER, M. A simples beleza do inesperado. 1a. ed. Rio de Janeiro. Record, 2016, p. 140. 

  

sábado, 25 de janeiro de 2025

Por que não se deve temer a IA - Um texto multidisciplinar

Vivemos em um mundo hoje onde muitas pessoas estão com medo da inteligência artificial porque a consideram uma ameaça ao futuro da humanidade. E essa ameaça inclui não apenas um domínio sobre os humanos, mas até a própria extinção juntamente com o planeta. 

Só que existem muitos impedimentos para a IA não conseguir se desenvolver tanto assim. Digo neste texto de apenas três propriedades humanas, do cérebro: consciência, sentimentos e emoções. 

A experiência subjetiva, ou qualia, imprescindível na consciência, representa uma sensação, um sentimento, por exemplo, de, ao ver o vermelho de um objeto e sentir que gosta ou não, de sentir dor, de apreciar uma escultura, etc. Como codificar tudo isto em um modelo computacional? Como garantir que uma IA sinta ou produz dor ou alegria de forma autêntica? Como outro exemplo, duas pessoas podem ouvir a mesma música, porém elas podem ter reações emocionais diferentes e associar a música a memórias distintas. Isso torna suas experiências subjetivas, pois estão baseadas em suas próprias percepções e sentimentos. 

Alguém poderia dizer em simular os sentimentos, mas, como medi-los? Qual seria a intensidade dos sentimentos? De cada experiência própria de cada pessoa? Um mais um é igual a dois a todas as pessoas dentro do espaço euclidiano, mas, e as nuances dos sentimentos e emoções particulares a cada um? 

O cérebro é um órgão plástico, capaz de se adaptar e aprender continuamente. Quando aprendemos ele simplesmente adiciona ou modifica matéria neural, mudando mesmo de forma, embora de maneira microscópica. Literalmente ele constrói novos neurônios, realiza fisicamente novas conexões entre eles, etc. É o que se chama de neuroplasticidade. Como programas de computador poderiam criar matéria em forma de metal, chips, e/ou modificá-los, ao receberem, por exemplo, um aplicativo novo, e, através desta plasticidade "mecânica-eletrônica", tornar-se apto a entender e lidar com novas informações   provenientes de novos programas e aplicativos, generalizando o assunto? 

Sobre o que exatamente é a consciência, ainda não há um consenso de como ela é, de como surge. Sem uma definição clara, é difícil criar um modelo computacional. Ela envolve mais do que apenas resolver equações ou seguir regras lógicas. A consciência humana é algo que é estudado desde várias disciplinas diferentes, incluindo neurologia, psicologia, filosofia e inteligência artificial. 

Um sistema de equações ou um sistema lógico, como eles são atualmente, não tem a capacidade de desenvolver consciência porque eles operam puramente com base em regras e algoritmos sem uma compreensão ou experiência subjetiva. Para que um sistema se tornasse consciente, ele precisaria ter a capacidade de experiência subjetiva - a sensação, sentimentos, de "estar" ou "existir", que é algo que a ciência ainda não conseguiu replicar ou entender completamente. Ela é vivida internamente, de acordo com as próprias percepções, sentimentos, pensamentos e sensações de uma pessoa. Em outras palavras, é uma experiência pessoal e única, que pode ser influenciada por fatores individuais como cultura, emoções, memória e perspectiva.  

A teoria dos números, por exemplo, é uma área matemática que lida com propriedades e relações de números inteiros e racionais. Embora seja incrivelmente poderosa na resolução de problemas e criar modelos, ela não possui a capacidade de perceber ou ter sentimentos. 

Por outro lado, a consciência pode surgir como uma propriedade emergente das interações entre bilhões de neurônios. As propriedades emergentes surgem do funcionamento de um sistema no qual suas partes, individuais ou coletivas, não realizam sozinhas o que essas novas propriedades realizam. É muito difícil até prever qual ou quais emergências surgirão de sistemas complexos. 

De qualquer maneira, equações e mais equações não conseguiriam "voltar-se" a si próprias, reconhecer que são elas mesmas que estão ali, corrigir ou modificar elementos delas no intuito de melhorar seus resultados, eficiência, etc. 

Um argumento representativo do perigo a qual seria a IA, é o fato dela crescer tremendamente e aniquilar a nós, os humanos, sejam lá quais forem as razões dessa tragédia cibernética. Ela poderia não nos dar valor e acabar com todo mundo sem sentimento algum. Somos inteligentes e para tanto ela teria que pensar muito pois nos protegeríamos. E pensar e agir envolve intencionalidade, uma das principais características da... consciência! E se a IA perdesse o controle eliminando a nós aleatoriamente? Aí já é demais, negatividade demais.