Vivemos em um mundo hoje onde muitas pessoas estão com medo da inteligência artificial porque a consideram uma ameaça ao futuro da humanidade. E essa ameaça inclui não apenas um domínio sobre os humanos, mas até a própria extinção juntamente com o planeta.
Só que existem muitos impedimentos para a IA não conseguir se desenvolver tanto assim. Digo neste texto de apenas três propriedades humanas, do cérebro: consciência, sentimentos e emoções.
A experiência subjetiva, ou qualia, imprescindível na consciência, representa uma sensação, um sentimento, por exemplo, de, ao ver o vermelho de um objeto e sentir que gosta ou não, de sentir dor, de apreciar uma escultura, etc. Como codificar tudo isto em um modelo computacional? Como garantir que uma IA sinta ou produz dor ou alegria de forma autêntica? Como outro exemplo, duas pessoas podem ouvir a mesma música, porém elas podem ter reações emocionais diferentes e associar a música a memórias distintas. Isso torna suas experiências subjetivas, pois estão baseadas em suas próprias percepções e sentimentos.
Alguém poderia dizer em simular os sentimentos, mas, como medi-los? Qual seria a intensidade dos sentimentos? De cada experiência própria de cada pessoa? Um mais um é igual a dois a todas as pessoas dentro do espaço euclidiano, mas, e as nuances dos sentimentos e emoções particulares a cada um?
O cérebro é um órgão plástico, capaz de se adaptar e aprender continuamente. Quando aprendemos ele simplesmente adiciona ou modifica matéria neural, mudando mesmo de forma, embora de maneira microscópica. Literalmente ele constrói novos neurônios, realiza fisicamente novas conexões entre eles, etc. É o que se chama de neuroplasticidade. Como programas de computador poderiam criar matéria em forma de metal, chips, e/ou modificá-los, ao receberem, por exemplo, um aplicativo novo, e, através desta plasticidade "mecânica-eletrônica", tornar-se apto a entender e lidar com novas informações provenientes de novos programas e aplicativos, generalizando o assunto?
Sobre o que exatamente é a consciência, ainda não há um consenso de como ela é, de como surge. Sem uma definição clara, é difícil criar um modelo computacional. Ela envolve mais do que apenas resolver equações ou seguir regras lógicas. A consciência humana é algo que é estudado desde várias disciplinas diferentes, incluindo neurologia, psicologia, filosofia e inteligência artificial.
Um sistema de equações ou um sistema lógico, como eles são atualmente, não tem a capacidade de desenvolver consciência porque eles operam puramente com base em regras e algoritmos sem uma compreensão ou experiência subjetiva. Para que um sistema se tornasse consciente, ele precisaria ter a capacidade de experiência subjetiva - a sensação, sentimentos, de "estar" ou "existir", que é algo que a ciência ainda não conseguiu replicar ou entender completamente. Ela é vivida internamente, de acordo com as próprias percepções, sentimentos, pensamentos e sensações de uma pessoa. Em outras palavras, é uma experiência pessoal e única, que pode ser influenciada por fatores individuais como cultura, emoções, memória e perspectiva.
A teoria dos números, por exemplo, é uma área matemática que lida com propriedades e relações de números inteiros e racionais. Embora seja incrivelmente poderosa na resolução de problemas e criar modelos, ela não possui a capacidade de perceber ou ter sentimentos.
Por outro lado, a consciência pode surgir como uma propriedade emergente das interações entre bilhões de neurônios. As propriedades emergentes surgem do funcionamento de um sistema no qual suas partes, individuais ou coletivas, não realizam sozinhas o que essas novas propriedades realizam. É muito difícil até prever qual ou quais emergências surgirão de sistemas complexos.
De qualquer maneira, equações e mais equações não conseguiriam "voltar-se" a si próprias, reconhecer que são elas mesmas que estão ali, corrigir ou modificar elementos delas no intuito de melhorar seus resultados, eficiência, etc.
Um argumento representativo do perigo a qual seria a IA, é o fato dela crescer tremendamente e aniquilar a nós, os humanos, sejam lá quais forem as razões dessa tragédia cibernética. Ela poderia não nos dar valor e acabar com todo mundo sem sentimento algum. Somos inteligentes e para tanto ela teria que pensar muito pois nos protegeríamos. E pensar e agir envolve intencionalidade, uma das principais características da... consciência! E se a IA perdesse o controle eliminando a nós aleatoriamente? Aí já é demais, negatividade demais.
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