Palavras-chave:
Física Quântica, Física Clássica, Max Planck, Albert Einstein, Niels
Bohr, Átomo de Bohr, Louis De Broglie, Erwin Schrodinger, Werner Heisenberg.
A
Física se divide em três partes para estudar o movimento dos corpos,
objetos do nosso Universo, desde uma galáxia, sendo uma reunião de
bilhões de estrelas ou centenas de bilhões, até objetos comparáveis ao
nosso tamanho, chegando a outros invisíveis a nós de tão pequenos, as
partículas atômicas ou subatômicas, como você verá neste texto. Mas não
fique com medo dos três nomes abaixo definindo-as em ordem numérica. E
estão definidas de modo bem simples. É só para se ter uma noção de cada
uma delas:
1
- A Relatividade Geral de Albert Einstein (1879 - 1955): estuda os
movimentos e forças gravitacionais dos grandes corpos do Universo como
as galáxias e estrelas bem maiores que o Sol;
2 - Física Clássica (ou Mecânica Clássica):
área de estudo de movimentos e forças de corpos observados em nosso dia
a dia e também menores como, literalmente, um grão de areia e grandes
até o nosso planeta Terra, girando em torno do Sol, tendo esses corpos
uma gravidade não tão grande quanto na Relatividade Geral;
3 - A Física Quântica (ou Mecânica Quântica):
aqui já se entram movimentos e fenômenos relacionados a corpos muito
pequenos, as partículas de matéria mencionadas no primeiro parágrafo, as
quais formam os átomos. Então vale a pena rever alguns conceitos do
Ensino Médio se você já esqueceu. Desta maneira começo o artigo em si.
Os
átomos formam tudo existente na natureza e no Universo. O ar, tudo em
seu corpo, o fogo, uma mesa, a água, e, sem exceção, tudo mesmo em nós e
nos cercando. Possuí um núcleo onde ficam as partículas de nome
prótons, com cargas positivas, os nêutrons, sem cargas e, girando ao
redor dos núcleos, os elétrons, com cargas negativas. São estes mesmos
que, ao caminharem através de um fio elétrico acendem uma lâmpada e
ligam qualquer aparelho eletrônico em nossas casas. Não é à toa o nome
eletricidade...
O diâmetro de um elétron é de um centímetro dividido por um quatrilhão, ou um seguido de 15 zeros! Sua massa corresponde a aproximadamente um grama dividido por 9,1 octilhões,
ou 9,1 seguido de 27 zeros! Com esse tamanho e os cientistas estudando
as interações de elétrons e partículas de dimensões parecidas, através
de instrumentos de laboratórios muito avançados, possibilitou no final
do Século XIX e começo do XX, uma verdadeira revolução na Física, se
estendendo até à Filosofia: a própria Física Quântica! Ela nunca poderia
sequer ser descoberta, e, portanto, estudada, se não fosse o avanço de
tecnologias especiais.
Neste
artigo, uma introdução a esse curioso ramo da Física, como é o meu
propósito, mas no qual poderei escrever alguma continuação, descreverei
primeiro seis situações, fenômenos ou estudos descobertos por seis físicos na virada do Século XIX para o Século XX, sendo de valores imprescindíveis a você conhecer as bases da Física Quântica: a radiação do corpo negro, o efeito fotoelétrico, o átomo de Bohr, o dualismo "onda-partícula", a "fórmula" de Schrodinger e o princípio da incerteza de Heisenberg.
1 - A radiação do corpo negro
No final do século XIX, muitos cientistas achavam toda a Física
Clássica suficiente na compreensão de todos os movimentos de objetos no
Universo. Afinal, ela podia prever em quanto tempo a Lua girava em
torno da Terra e esta
através do Sol; qual a distância percorrida por um objeto a ser
arremessado de um certo ângulo com a vertical, quanto tempo demoraria
uma pedra a atingir o solo a partir de uma certa altura, etc.
Desenvolvendo
um pouco este assunto, havia também os estudos das trocas de calor
entre corpos como a Termodinâmica Clássica, muitos efeitos da
eletricidade, de forças entre cargas elétricas em repouso (a velha e boa
história de “cargas com sinais contrários se atraem e com sinais iguais
se repelem”) e as ondas constituintes da luz e da mesma natureza e
velocidade*
como as ondas de rádios FM, AM, das televisões, micro-ondas, raios-X e a
luz, constituindo o Eletromagnetismo Clássico. Todos esses ramos
pertencentes aos estudos clássicos da energia e matéria até então,
tendo-se algumas poucas exceções sem se precisar descrevê-las aqui.
Mas
algo perturbava alguns físicos desejosos de conseguirem explicação,
conseguir, digamos, uma fórmula somente, a entenderem a radiação do
corpo negro. Ele é qualquer porção de matéria, geralmente metal,
aquecido e depois deixando-o sem aquecimento e se analisando a emissão,
além do calor, das radiações na forma das ondas de luz.
Em termos da luz, composta de outras sete ondas sendo as cores do arco-íris: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil (ou índigo) e violeta,
e levando-se em conta qualquer tipo de metal, a radiação emitida pelo
corpo negro é sempre a mesma, de uma só cor! ** Na verdade, para cada
temperatura atingida por qualquer metal, a cor da luz era a mesma,
embora as outras também eram emitidas, mas com pouca intensidade, não
visíveis. E justamente para cada cor, na temperatura do corpo, os
cientistas queriam descobrir uma fórmula matemática descrevendo o quanto
de "concentração", denominado fluxo, ou intensidade, que essas cores
possuíam. Seria o mesmo, fazendo uma analogia, e na
Física se ensina muito com analogias, o seguinte: dado sete latas de
tintas com as cores formando a luz, quanto de tinta você gastou de cada
uma delas ao fazer uma faixa no chão como um arco-íris.
Alguns físicos haviam chegado em algumas fórmulas aproximadas, mas então apareceu o físico alemão Max Planck (23/4/1858 - 4/10/1947) em 1900. Ele
deduziu a expressão prevendo matematicamente, a cada temperatura de um
corpo aquecido emitindo as frequências (ondas) com o valor das
intensidades de cada uma. Mas fez uma consideração totalmente nova,
revolucionária, deixando os físicos céticos em relação ao problema:
trocas de energia e radiação eram "quantizadas" e só poderiam se
realizar por um múltiplo inteiro de um mínimo de energia denominado
"quantum". A energia das ondas
não estaria espalhada na sequência contínua de campos elétricos e
magnéticos como predita pelo Eletromagnetismo Clássico e descrito por
mim na nota ((**));
não estaria espalhada por todas as ondas. Seria por "pacote de
energia", energia "quantizada"! Um desses pacotes seria um "quantum" e
vários seriam "quanta". No caso da luz, o "quantum" acabou sendo chamado
de fóton.
A
Física entrou em um impasse: uma onda de luz e as outras ondas
eletromagnéticas não seriam contínuas como muitos experimentos antes de
Planck haviam demonstrado, e, sim, composta por pequenos "corpos" de
luz? Elas seriam de duas formas? Uma unidade sendo duas?
Mas sem essa consideração revolucionária de Planck, nunca, até hoje, se
resolveria o problema da radiação do corpo negro. Mais experimentos
e/ou teoria deveriam surgir a resolver esse impasse.
2 - O efeito fotoelétrico
Também
no final do século XIX havia outro problema na Física desafiando a
imaginação dos cientistas. Alguns metais irradiavam elétrons na presença
de ondas eletromagnéticas como os raios ultravioletas. Eles poderiam,
por exemplo, ser captados por um pequeno circuito e produzir uma
corrente elétrica, a mesma na
qual, modificada pela nossa presença ao interceptarmos um feixe de
ondas, faz-se abrir uma porta "sozinha". Era o efeito fotoelétrico
confirmado em 1886 pelo físico também alemão Heinrich Hertz (1857 - 1894).
Pelo
Eletromagnetismo Clássico, aumentando-se a intensidade da onda emitida,
aumentava-se a energia e se aumentava a corrente elétrica. Até aí a
Teoria Clássica explicava esse fenômeno, mas, em um ponto somente no
qual eu quero mostrar, a partir de uma maior intensidade da luz
incidente, a corrente permanecia a mesma. Isto não era explicado pela
Física Clássica e então apareceu Albert Einstein.
Primeiro ele considerou três postulados:
2.a - Não só as trocas de energia e matéria são quantizadas como propôs Max Plank mas a luz também seria quantizada, composta por "pacotes de energia", os fótons;
2.b - Um fóton transmite toda a sua energia para somente um elétron e não apenas uma parte dela;
2.c - Um fóton só transmite energia para um elétron e nunca para vários deles.
A
partir daí, Einstein mostrou porque se aumentando a intensidade das
ondas no efeito fotoelétrico, a corrente ficaria a mesma: sendo a luz
constituída de fótons e cada fóton interagindo com apenas um elétron,
não haveria mais elétrons para os fótons restantes interagirem.
3 - O átomo de Bohr
Em
1911, foi o físico e químico neozelandês Ernest Rutherford quem
descobriu a forma do átomo, descrito por mim no início do texto, como um
núcleo e os elétrons girando em volta dele. Com o núcleo positivo,
constituído dos prótons e nêutrons, os elétrons estariam presos a ele
devido, pela Física Clássica, a uma força tendendo-os a saírem de suas
trajetórias, como, por exemplo, a Lua gira em torno de nós sem cair. A
força elétrica do núcleo positivo dos átomos, como a força da gravidade
da Terra, são uma espécie de controle de suas trajetórias. Por mais uma
analogia, você sente uma força agindo para a esquerda, em seu carro, ao
realizar uma curva à direita, sendo a porta do carro quem te segura.
Aconteceram
dois problemas desta descoberta com o Eletromagnetismo Clássico: os
elétrons cairiam sim ao núcleo pois estariam perdendo energia ao estarem
em movimento circular, perdendo velocidade, algo no qual não acontece
com a Lua, por exemplo caindo sobre nós, pois a gravidade é uma força
diferente, em sua natureza, da força elétrica. O outro se dava com
respeito à emissão de fótons do átomo de hidrogênio e dos outros átomos,
chamado esse fenômeno de espectro de emissão. Esse espectro é o
conjunto de cores (frequências) emitidos pelos átomos quando os elétrons
descem de suas órbitas. Era de se prever espectros contínuos, cada cor
ao lado de outra como na faixa do arco-íris, mas faixas com diferentes
cores para cada átomo e o que se apresentava eram linhas coloridas.
Havia
na época um modelo de átomo proposto pelo físico britânico J. J.
Thomson (1856 - 1940), o qual seria esférico permeado de cargas
positivas,
mas tendo presentes elétrons fixos em vários locais dessa estrutura,
apelidado de "pudim de passas", sendo, portanto, os elétrons, análogos
às passas. Veja, fixos, diferente do átomo de Rutherford.
Mais uma vez, como sempre estava ocorrendo naquela época, alguém deveria, se possível,
resolver o impasse presente. E foi um físico dinamarquês, Niels Henry
David Bohr (1885 - 1962), ou simplesmente Niels Bohr, se utilizando das
ideias da recente nascida Física Quântica.
Bohr foi atrevido: se realmente o
átomo possuía elétrons em órbita então existiria algumas delas,
chamadas de "órbitas estacionárias", permissíveis a eles. Para um
elétron subir de uma órbita a outra teria que
receber um quantum de energia ou a energia de apenas um fóton. Ao
descer emitiria um fóton de energia. Se fossem duas órbitas de subida,
dois quanta, descendo, dois quanta também, ou seja, entre todas elas um
número sempre inteiro de energia...
No
efeito fotoelétrico, quando um fóton encontra um elétron, é
transmitido, como você já viu, um quantum de energia e se o elétron
estiver na última camada eletrônica, ele sairá do átomo se tornando um
fóton elétron. Então, as órbitas seriam quantizadas, não podendo os
elétrons permanecerem entre elas. Faça uma comparação com a força da
gravidade mantendo, por exemplo, uma nave espacial em volta da Terra. A
nave, com os seus retrofoguetes, pode subir ou descer de sua posição em
quantos metros ou quilômetros nos quais quiser. A Física Clássica era bem diferente da Quântica!
Quanto aos espectros de linhas e não faixas, o assim aclamado "Átomo de Bohr" explicava esse efeito para o átomo de hidrogênio, mas não para os outros de maior massa.
E
mais uma vez, concordando com a frase do filósofo grego Heráclito, de
Éfeso, (aprox. 540 a.C. - 470 a.C.), "a natureza ama se esconder", o
modelo do átomo de Bohr, correto com as órbitas quantizadas dos elétrons
e diferenciadas em um quantum de energia entre todas elas, uma a uma, e
explicando o fato dos elétrons não caírem nos núcleos dos átomos,
positivos devido aos nêutrons sem carga mas aos prótons positivos, ainda
aguardaria três grandes cientistas: Louis de Broglie, Erwin Schrodinger e Werner Heisenberg.
4 - As ondas de matéria de De Broglie
Em
plena tese de doutorado, em 1924, De Broglie concebeu algo até então
inédito aos físicos da época por medo ou falta mesmo de imaginação. Ou
ambos! Se a luz era composta de partículas quando se realizava algum
experimento como o efeito fotoelétrico, mas explicada também como uma
onda como na Teoria Clássica, ele simplesmente juntou fórmulas
da nova teoria com a antiga. Todas as pequenas partículas de matéria
seriam relacionadas com uma onda, estabelecendo de vez a ideia de
onda-partícula, uma dualidade querendo dizer: partículas ora se
comportam, ou se apresentam, como partículas mesmo, ora como ondas! Elas
seriam as duas coisas ao mesmo tempo? Ou se "dividiriam" em duas coisas
dependendo do experimento feito por você? Realmente a natureza tão
rígida da Física Clássica apresentava até um problema filosófico.
Havia
desde o Século XIX, um conceito na Física, a interferência, descrito
por um físico inglês, Thomaz Young (1773-1829), podendo você realizar em
sua própria casa e consistindo no seguinte: em uma caixa de papelão do
tipo de sapatos, faça duas fendas de uns cinco centímetros de
comprimento, em um dos lados menores com separação de uma distância
qualquer uma da outra; coloque uma lanterna acesa dentro dela. Aproxime a
um anteparo escuro e você verá nele faixas verticais claras,
denominadas de franjas,
e outras escuras se alternando. A explicação a esse fenômeno é
facilmente entendida fazendo uma analogia com as ondas do mar. Sim, de
praias! Quando duas cristas se encontram, se reforçam, somando-se em uma
crista maior, mas, se uma crista encontra um "buraco", uma depressão
deixada por outra onda, elas se subtraem e a altura da água do mar fica a
mesma da praia se não houvessem nem cristas e buracos. A explicação,
como você vê no experimento simples da caixa com as fendas e a lanterna,
revela a natureza ondulatória das ondas, da luz e quaisquer outras de
frequência diferentes.
De Broglie ousadamente sustentou um argumento no qual, o mesmo
resultado aconteceria se se substituísse ondas por elétrons. Em 1927,
dois americanos, em um famoso experimento denominado pelos nomes deles,
Davisson-Germer, conseguiram um feito a
ser considerado absurdo para a Física Clássica: elétrons realizavam
interferências como as ondas. A natureza também ondulatória, a dualidade
onda-partícula estava demonstrada.
5 - A fórmula de Erwin Schrodinger
Você
já deve ter ouvido falar nas fórmulas da Física e talvez tenha estudado
algumas delas no Ensino Médio, antigo Colegial. São a base para
resolvermos problemas, são um dos maiores terrores dos estudantes na
escola e ao concorrerem no vestibular: escolher a fórmula certa para um
problema, literalmente "misturar" duas (ou mais) a se obter aquela
requerida pelo problema, dando-se o nome de se "deduzir uma fórmula",
não errar nas contas matemáticas apresentadas por elas, etc. Esses fatos são
realmente fortes motivos, entre outros, a muitos alunos detestarem a
Física. Mas ela é base para muitos estudos futuros em diversas
faculdades.
Este item 5
é a situação ou estudo, um daqueles seis ditos por mim no início deste
artigo, dos mais difíceis de explicar e entender. De qualquer maneira
tentarei dizer de um modo mais simples possível.
Primeiro voltemos à Física Clássica com um problema muito simples de entender e bem importante aqui: na sua frente passa um carro a uma velocidade constante de cem quilômetros em cada hora (ou cem quilômetros por hora). Quer dizer, em uma hora ele estará a uma distância de cem quilômetros de você, digamos, em outra cidade.
Os
físicos clássicos, a partir do inglês Isaac Newton (1643 - 1727),
conseguiram chegar em uma conclusão básica e válida até hoje, inclusive para a Quântica que viria no futuro: dados certos valores em um problema, chamados iniciais,
você irá prever o que acontecerá depois. No caso do meu exemplo do
carro, depois de uma hora, como eu disse, ele estará a cem quilômetros
de você. Quais seriam os dados iniciais deste problema? A posição por
ele passada sendo você e a velocidade. Veja algo intuitivo e por isto
apresentado por mim neste item: depois de duas horas da saída do veículo
em relação a você, qual a distância percorrida por ele? Lógico:
duzentos quilômetros (cem na primeira etapa até à cidade mais cem quilômetros depois).
E para finalizar este parágrafo, comentarei dois conceitos fáceis de se
também entender. Os físicos chamam o conjunto de partes envolvidas em
um problema de sistema: no exemplo, você, o carro e a estrada. E de estados
certas condições do sistema sendo mensuráveis: posição (em relação a
você e à cidade) e velocidade (do carro). Estados... Esta palavra, este
conceito, entra em todos os ramos da Ciência. Por exemplo, se
a sua temperatura corporal está a 36,6ºC, ela está normal, seu
organismo se apresenta em estado normal de temperatura, mas, se for para
37°C ou mais, você estará em um estado febril, com febre, indicando
alguma anormalidade. Outro exemplo: a tela do seu celular apaga de vez e
não é possível recarregá-lo. Ele entrou em um estado no qual deve ser
levado a uma assistência técnica.
Pronto,
todo esse esquema dito por mim faziam os físicos clássicos preverem os
movimentos de corpos em queda livre, a Terra em redor do Sol, a Lua em
torno de nós e de outros ramos da Física Clássica, dando esperança a
eles naquela velha frase "já se descobriu tudo na Física". Grande engano
porque fenômenos novos, os quânticos, estavam mudando a própria maneira de se ver o Universo, mas de pequenas partículas da matéria.
Elétrons
giram ao redor de átomos, suas posições se alteram, e os físicos
quiseram determinar uma formulação matemática capaz de prever esses
estados dessas partículas: "estados quânticos" pois a antiga Física
Clássica não se aplicaria mais. Então, em 1926, entra em cena o físico
austríaco Erwin Schrodinger (1887 - 1961).
Utilizando-se
de uma matemática muito avançada, ele chega em uma fórmula, mais
conhecida por função de onda (porque agora partículas como os elétrons
também se comportavam como ondas), na qual é possível calcular esses
estados. Mas algo muito estranho acontece: as posições dos elétrons se
exibiam de forma estatística! Mais probabilidade de estarem em um local
do que outro! Na verdade,
ocorreria mesmo algo assim pois, na recente Física Quântica, a
observação interferiria nos resultados. Algo mais estava a corroborar, e
foi no ano seguinte da função de onda, com as bases dessa nova Física. E
seria com o físico alemão Werner Heisenberg (1901 - 1976).
6 - O Princípio da Incerteza de Heisenberg
Vamos
a um exemplo parecido com o do item anterior, do carro passando por
você, mas agora a trajetória dele é de uma das esquinas da sua casa até a
outra e a velocidade você quer calcular. Sabendo da distância entre
elas, por exemplo, cem metros, você aciona um cronômetro quando ele
passar pela primeira esquina e trava quando chegar na outra esquina.
Digamos, o resultado seria
de 10 segundos, e, sem mesmo entrar em fórmulas da Física, é só dividir
a distância pelo tempo para se calcular a velocidade. No caso, 10
metros em cada segundo (ou dez metros por segundo).
Algo
nunca questionado por ninguém, pois seria até ridículo de se pensar,
para você ver o veículo em uma esquina, a luz deve refletir dele a você e
é justamente assim a nossa visão de todos os objetos a nossa volta: luz
reflete e os enxergamos! Essa reflexão alteraria a posição do carro? Afinal,
a luz agora também pode se comportar como partículas... Sendo muito
pequenas e como não vemos nada em termos da alteração da posição dele,
sabemos que não ocorre nada. E também no percurso na rua e na outra esquina.
Digamos
querer observar o movimento de um elétron no espaço vazio e, para
tanto, direcionar o mínimo possível de luz, um quantum, ao se chocar com
ele. Neste caso o fóton irá desviar a trajetória do elétron e você não
saberá para onde ele foi. Mais uma vez, a observação altera o fenômeno
em si! Evidente uma falha da Física Clássica em problemas relacionados a
este. Veja, as posições do veículo (nas
duas esquinas) e a velocidade dele (não afetada pela incidência da luz)
não se afetaram, em termos de movimento com a luz incidente ao
observá-lo. A massa é muito maior que a do elétron...
Heisenberg
então mostra fisicamente, com uma fórmula, a impossibilidade de se
calcular para pequenas partículas, posição e velocidade***
ao mesmo tempo, de forma precisa. Se você mede com razoável precisão a
velocidade, insere mais incerteza na posição e vice-versa. Aí está o
Princípio da Incerteza: o certo na Física Clássica se torna incerto na
Física Quântica! E então? Forçosamente consideremos pensar em
possibilidades, probabilidades... Uma partícula poderá ter uma
probabilidade, por exemplo, 60%, de estar em um lugar e 40% em outro.
Até Einstein, um dos também fundadores da nova Física chegou a expressar
o seu descontentamento com fatos assim dizendo: "Deus não joga dados
com o Universo".
As contribuições de Schrodinger e Heisenberg levaram os cientistas a compreenderem os problemas espectrais dos átomos maiores que o hidrogênio, linhas espectrais mais intensas, outras não, e por que
um campo magnético divide uma linha em outras. A própria Filosofia
Natural seria afetada por tudo da Física Quântica pois em muitos casos
os fenômenos naturais não se mostram precisos, entrando probabilidades e
possibilidades.
A tecnologia ulterior após as bases da Física Quântica, com outras descobertas, fora desenvolvida em uma escala e velocidade nunca antes vistas na história da humanidade.
De computadores,
aparelhos de telecomunicações (como o rádio e a televisão) a sistemas
telefônicos, valvulados ou a partir de relés, lentos, dissipando muito
calor e grandes, a Física Quântica descobriu a utilização dos chamados
materiais semicondutores como o silício e o germânio, a se chegar em
transístores, microprocessadores, circuitos integrados, chips,
microchips e nanochips.
A revolução a partir daí no mundo geral dos aparelhos eletrônicos foi tão grande que não teríamos hoje celulares, televisões, computadores,
etc., tão avançados, rápidos, de tamanhos compatíveis com as nossas
necessidades de nos comunicarmos, modificando relações sociais e
comerciais no planeta inteiro.
E tudo isso devido, principalmente, aos seis grandes homens citados neste artigo com suas mentes mais do que brilhantes!
Notas:
(*) - Todas essas ondas, chamadas de eletromagnéticas, se movem, no vácuo, com uma velocidade de aproximadamente 300.000 quilômetros em cada segundo! Ou 300.000 quilômetros por segundo.
(**) - Quando dizemos cor, esta está relacionada com a frequência da onda. Sem se necessitar de detalhes, cada cor e cada tipo de onda referida no nono parágrafo (incluindo aqueles enumerados) possuem uma frequência diferente. Uma cor, uma frequência única e diferente das outras. No Eletromagnetismo Clássico, as ondas são uma sucessão contínua de campos elétricos e magnéticos se alternando e se propagando com a velocidade acima. A você só interessa esta informação, porque, mais que isso, seria estudar o eletromagnetismo dos livros escolares, algo não necessário a você aprender.
(***) - A Física fala em quantidade de movimento ou simplesmente momento, sendo a massa multiplicada pela velocidade. Não me aprofundei, pois seria uma complicação não necessária para você neste texto.
Referências
1 - Sá, J. M. O Efeito Fotoelétrico: Postulados de Einstein. FísicaModernaUFF. 2012. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=gYTUfq5_z7M&t=289s >. Acesso em: 09 ago. 2019.
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