Palavras-chave: Andrew Newberg, neurociência, neuroteologia, neurologia, oração, meditação, religião, evolução, crenças, relativismo religioso.
Introdução.
Este artigo foi escrito baseado na página de pesquisa do site do neurocientista estadunidense Andrew Newberg, < http://andrewnewberg.com/research >, professor e diretor de pesquisa do Instituto Marcus de Saúde Integrativa da Universidade Thomas Jefferson – EUA, exceto por uma informação na referência (4). São poucas as informações nele contidas mas, além de importantes na
neurociência, são também famosas porque descrevem alguns resultados e
ideias dele sobre monges budistas tibetanos e freiras franciscanas, meditando e orando, respectivamente, sendo os cérebros escaneados pelo equipamento eletrônico sofisticado SPECT (tomografia computadorizada por emissão de fóton único). Faço analogias com o que eu havia escrito e escrevo nos meus blogs, dando uma interpretação, uma opinião própria sobre o assunto, em que este está em aberto.
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Andrew Newberg, com todas as experiências que fez, cunhou o termo neuroteologia, uma nova disciplina, um ramo da neurociência a se estudar o que acontece com o cérebro quando das experiências religiosas e meditações.
No item da página com o endereço citado acima na introdução, "Why do we believe what we believe?" (Por que acreditamos no que acreditamos?), é dito: "...nossas crenças começam a se desenvolver no momento em que nascemos e somos pré-programados para acreditar em certos aspectos. No entanto, essas formas são moldadas por tudo o que pensamos, sentimos e experimentamos ao longo da nossa vida...".
A educação das crianças pelos pais e a influência dos parentes e
amigos, ou seja, o meio ambiente social, termo que uso muito,
influenciam nas crenças que as crianças, salvo exceções, levarão para o
resto das vidas delas. São os poderosos valores religiosos passados a
nós como verdades absolutas da religião na qual, principalmente os nossos pais, quiseram para nós. No cristianismo: Deus, Bíblia, Os Dez Mandamentos (que possui até regras de condutas sociais como "não roubarás", etc.), a oração "O Pai Nosso", a oração "Ave Maria", etc. São
valores muito intensos onde, quando evocados, levarão as pessoas a
estados mentais também intensos, percebendo-se pelas experiências do
Newberg, modificações em estruturas e/ou funcionais em áreas cerebrais, a neuroplasticidade. (1)
Ainda no mesmo item anterior você poderá ler: "...mas também podemos ter crenças sobre [o] significado
e propósito na vida, sobre religião e sobre as profundas complexidades
do universo. Como nossas crenças são tão importantes para nossa
sobrevivência, temos uma tendência a manter essas crenças muito
fortemente, mesmo quando apresentadas com opiniões ou fatos opostos...". E aqui está um dos maiores argumentos das minhas ideias na
qual eu digo da importância para nós seres humanos, da época em que a
consciência nos apareceu e mostrou, junto a nossa inteligência, o quão
difícil seria entender questões muito complexas e aterradoras para um
ser se ele não acreditasse em nada e que menciono em vários artigos
meus: "qual o sentido da vida?", "para onde vamos após a morte?", "quem somos nós?", "quem
nos criou em primeiro lugar? (pois nos deparávamos com o fato de
mulheres gerando filhos e quem haveria gerado a primeira mulher?)",
"existe vida após a morte?", etc. Questões essas podendo levar a desequilíbrios emocionais aos primeiros homens, repito, inteligentes e conscientes de si e do mundo que os rodeavam, nas quais nossa espécie poderia perecer por não poder levar uma vida plenamente quanto aos fatores indispensáveis à perpetuação como, por exemplo, a reprodução.
Então os nossos valores religiosos, nossas religiões, estariam ligadas à evolução humana? Sim, como é mencionado no item "Are we "hard-wired" for God? (Somos "ligação", "base", para Deus?): "...No
entanto, o que podemos dizer é que o cérebro tem duas funções primárias
que podem ser consideradas de uma perspectiva biológica ou evolutiva.
Essas duas funções são automanutenção
e autotranscendência. O cérebro realiza essas duas funções ao longo de
nossas vidas. Acontece que a religião também realiza essas duas funções.
Então, do ponto de vista do cérebro, a religião é uma ferramenta
maravilhosa porque a religião ajuda o cérebro a desempenhar suas funções
primárias." (2)
Newberg constatou, durante a meditação dos monges, o seguinte fato descrito no item "How do meditation and prayer change our brains?" (Como a meditação e a oração mudam nossos cérebros?): "...Quando
escaneamos os cérebros dos meditadores budistas tibetanos, encontramos
diminuição da atividade no lobo parietal durante a meditação ...
Esta área do cérebro é responsável por nos dar uma sensação de nossa
orientação no espaço e no tempo. Nós levantamos a hipótese de que o
bloqueio de todas as entradas sensoriais e cognitivas nesta área durante
a meditação está associado à sensação de não espaço e sem tempo tão
freqüentemente descrito na meditação."
Os budistas acreditam em uma lei de interdependência entre todas as coisas no Universo, na Terra. (3) Nos estados mentais produzidos nos monges, eles se sentiram em comunhão com o meio ambiente, não havendo espaço separando-os desse próprio meio.
Com respeito às freiras, encontrei o seguinte relato: "...Quando
os cientistas estudaram as varreduras, sua atenção foi atraída para um
pedaço do lóbulo parietal esquerdo do cérebro que eles chamaram de área
de associação de orientação. Esta
região é responsável por desenhar a linha entre o eu físico e o resto
da existência, uma tarefa que requer um fluxo constante de informações
neurais que fluem dos sentidos. O que as varreduras revelaram, no entanto, foi que nos momentos de pico de oração e meditação, o fluxo foi dramaticamente reduzido." (4)
Veja que os monges e as freiras tiveram a mesma área cerebral afetada mas as interpretações daquilo que sentiram foram de acordo com os próprios valores religiosos (das freiras) e dos ensinamentos de Buda (dos budistas)! Com tudo aquilo que aprenderam e que se tornaram valores religiosos e de ensinamentos absolutos para eles, inclusive provando o Relativismo Religioso. (5) Nenhum deles interpretou como valores religiosos de outras religiões ou crenças, ou ainda que seus sentimentos e emoções, pelas experiências, não estavam de acordo com as próprias crenças desacreditando as experiências. Isto é o relativismo religioso, em que cada um considera os seus valores como absolutos, não acreditando e até desprezando os valores das outras religiões, mas, na realidade, são relativos.
Na minha opinião, de acordo com todos os artigos
do meu blog "O Relativismo Religioso – Como eu o vejo", (6) valores
religiosos e crenças foram criados pelos seres humanos em todas as épocas e locais, como um grande apoio, como necessidade de uma mente consciente de si própria, com amor-próprio, com sentimento de fé e com a propriedade de transcendência, gerando muitas religiões como eu digo na referência bibliográfica (2), não sendo os valores religiosos necessariamente reais,
entes divinos reais, etc. Para tanto, o acreditar e a fé são absolutos
no ser humano, nascemos com eles, e as pessoas irão manifestar esses
sentimentos nos valores religiosos criados. (7) É esta a minha interpretação sobre as experiências do Newberg, materialista, ateísta, como a Ciência deve se posicionar, mas reconheço que ainda existem muitos fatos a se descobrirem.
Já Andrew Newberg
é um cientista muito famoso, escreveu seis livros sobre as suas
pesquisas, possui uma grande responsabilidade como diretor de pesquisa
de uma universidade e, tenho certeza, não colocaria sua carreira em
xeque se afirmasse que Deus é um produto da mente, que os outros deuses
das outras religiões também o são. Além disso pode ser uma pessoa
realmente crente em Deus, mas, é dele uma frase suspeita: "não importa qual a religião, o importante é praticá-la". Ele sabe muito bem da importância dos valores religiosos e das religiões para os seres humanos de todas as épocas e locais...
P. S.: 12/12/2024
Vejam o vídeo com o link abaixo.
Um médico relatando o que acontece com uma região do cérebro, o lobo pré-frontal, durante orações. Há um aumento do tamanho em oito semanas, a neuroplasticidade, mas que não citaram no vídeo. Pois bem, ele fala no "ponto de Deus" no cérebro, "uma chave de ignição que Deus deixou ali". Um entrevistador disse " ... Deus já colocou isso inato no ser humano."
Na verdade, o médico citou experiências do neurocientista estadunidense Andrew Newberg em que tenho um texto em destaque no grupo Publicações de Neurociência Cognitiva e Neurofilosofia (@pubneurocognitiva) mostrando a minha opinião sobre experiências afins. Ele se chama Uma interpretação minha sobre os resultados de algumas experiências de Andrew Newberg.
Ninguém no vídeo se referiu às outras religiões ou outros deuses e entidades sobrenaturais. E se colocassem hinduístas, xintoístas japoneses, tauistas, etc., nessas experiências? Seria o "ponto de Deus" cristão? Acredito, e sei que qualquer um acreditaria que cada pessoa dessas religiões apontariam o lobo pré-frontal como tendo o "ponto dos deuses das próprias religiões"... Nunca seria o "ponto de Deus" pois nenhum outro acima é cristão, pertencente ao cristianismo., apenas o médico e os dois entrevistadores.
3 – Budismo. Nova Enciclopédia Ilustrada Folha. São Paulo. Editora Folha de São Paulo. 1996. 2 v.
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