Em
meu artigo "Por que existe o amor? A explicação científica é
a verdadeira" - http://nepsicoreli.blogspot.com.br/ - eu fui
muito objetivo na questão do porquê existe o amor e por isto
resolvi escrever esta continuação pois, tenho certeza, muitas
pessoas poderiam perguntar ou perguntaram: "Mas o amor é só
isto?". Onde está ou onde estão os amores avassaladores de
romances e filmes? E aqueles mais reais mas mesmo assim que as
pessoas viveram ou vivem em completo êxtase psicológico ou mental,
apaixonados pelos (as) parceiros (as) a ponto de, como já até
ouvimos falar, de estarem esquecidas de si mesmas? Onde está aquele
amor tão profundo e perseguido por muitos?
E
aqui se poderia escrever páginas e mais páginas sobre este
sentimento tão sublime, ligado a muitos outros, como até hoje se
escreveu na literatura e sempre se escreverá, como se contou em
histórias, filmes, literatura, entre pessoas de boca a boca, etc.
Mais
uma vez a nossa inteligência, consciência, os sentimentos e as
emoções são os donos da história.
Se
um animal, um cão, sente vontade de beber água e vai até o
recipiente da casa para satisfazer essa vontade, ele o faz
conscientemente? Não, agiu automaticamente. Mesmo António Damásio
já mencionou em "O Mistério da consciência" que os
mamíferos possuem alguns segundos de consciência mas ela não é
abrangente como a nossa. Talvez alguns segundos de consciência os
auxiliem a realizarem comportamentos complexos que nós mesmos às
vezes admiramos e dizemos: "Poxa, como é inteligente o meu
cão".
E
aqui reside a força da consciência: se o amor é o sentimento mais
cultuado e admirado, o mais desejado, procurado por nós para
vivenciá-lo para as nossas vidas, sendo crucial para formarmos
famílias, termos os (as) parceiros (as) a dividirmos tudo, vivermos
e construirmos uma vida inteira a dois, por que não tê-lo?
Vivenciamos
um grande amor pelo nosso bem-estar, porque queremos ser felizes.
António
Damásio cita a procura do bem-estar e da felicidade em "E o
cérebro criou o homem",¹ como se fossem os maiores objetivos
da nossa sobrevivência justamente porque possuímos consciência.
Não somos seres só para comermos, dormimos, bebermos água e
reproduzirmos sem utilizarmos o sexo para o nosso bem-estar. Somos
mais, conseguimos mais com a consciência no comando. Veja o que ele
diz: "Se o cérebro prevaleceu na evolução porque oferecia um
maior âmbito para a regulação da vida, o sistema cerebral que
levou à mente consciente prevaleceu porque oferecia as mais amplas
possibilidades de adaptação e sobrevivência com o tipo de
regulação capaz de manter e expandir o bem-estar".²
Falei
deste assunto também em "O porquê dos nossos sentimentos –
Sobre ideias e conclusões que cheguei antes de António Damásio"
- http://sistemaevolucaoneurociencia.blogspot.com.br/2008/01/o-porqu-dos-nossos-sentimentos_28.html.
Então,
qual seria o bem-estar gerado por um grande amor? Em que "nível"
de felicidade duas pessoas não conseguiriam com isto?
É
admirável como a natureza funciona: se você analisar os fenômenos
da Física, da Química e da Biologia, e mesmo de todas as outras
ciências derivadas destas, verá que eles são "frios".³
Eles acontecem, influem, cessam, continuam, etc., segundo leis que
não temos controle e inconscientemente, ou seja, existem por
existirem, porque a natureza é do jeito que é. Mas nós, produtos
dela própria, possuímos juízos de valores, moral, ética,
humanidade... Podemos sentir, perdoamos, zelamos, etc., ou seja, o
contrário da "frieza" e da indiferença de como agem os
fenômenos científicos comuns, porque são inconscientes.
Aqui
você talvez acabe caindo no problema que Damásio denominou "Qualia
I": [...] "o conceito de qualia refere-se aos sentimentos
que são parte indissociável de qualquer experiência subjetiva..."
[...] "Nenhum conjunto de imagens conscientes, independentes do
tipo e do assunto, jamais deixa de ser acompanhado por um obediente
coro de emoções e consequentes sentimentos". (4)
E
o amor é a expressão máxima desses sentimentos.
Notas:
1
- DAMÁSIO, António R. E o Cérebro Criou o Homem. São Paulo:
Companhia das Letras, 2011. 440 p.
2
- DAMÁSIO, António R. E o Cérebro Criou o Homem. São Paulo:
Companhia das Letras, 2011. p. 81.
3
- Pensei pela primeira vez neste assunto assistindo ao filme "O
Destino do Poseidon", na produção de 1972, com Gene Hackman,
Ernest Borngine, Roddy McDowall e Leslie Nielsen. Nele, um navio de
turismo vira de cabeça para baixo, ou seja, com o casco para cima
devido a uma onda gigante no oceano, e um grupo de pessoas começa a
subir para o casco pois ele vai afundando e a água subindo por
dentro em direção ao casco também. Foi naquele momento que pensei:
"A água vai subindo e não é porque existem idosos, uma
criança, jovens e adultos que ela irá parar. Ela sobe através de
salas, quartos, corredores, etc., porque a natureza é fria, porque
age segundo leis naturais e apenas nós é quem prezamos, valorizamos
os nossos semelhantes, sentimos".
4
- DAMÁSIO, António R. E o Cérebro Criou o Homem. São Paulo:
Companhia das Letras, 2011. p. 310.
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Parte I: Por que existe o amor - A explicação científica é a verdadeira: http://nepsicoreli.blogspot.com.br/
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