Palavras-chave: neurociência, consciência, antónio damásio, teoria da evolução, e o cérebro criou o homem, sentimentos, emoções, bem-estar.
Primeiro quero dizer que é uma honra para qualquer escritor de divulgação científica ver algumas de suas ideias concordando com outras de um cientista de renome internacional como o neurologista e neurocientista António Damásio, no livro "E o cérebro criou o homem".1 Longe de qualquer comparação porque não tenho a experiência de mais de trinta anos como professor e pesquisador em uma universidade como ele, sou grato a este incrível cientista que investiga a consciência humana, um assunto que me fascina.
Primeiro quero dizer que é uma honra para qualquer escritor de divulgação científica ver algumas de suas ideias concordando com outras de um cientista de renome internacional como o neurologista e neurocientista António Damásio, no livro "E o cérebro criou o homem".1 Longe de qualquer comparação porque não tenho a experiência de mais de trinta anos como professor e pesquisador em uma universidade como ele, sou grato a este incrível cientista que investiga a consciência humana, um assunto que me fascina.
Escrevi
dois artigos, "O porquê dos nossos sentimentos"2 e
"O porquê dos nossos sentimentos – II",3 que
foram publicados pela primeira vez na revista eletrônica
Cérebro&Mente – www.cerebromente.org.br –
em 2001 e 2002, respectivamente, e, depois, publiquei-os em um blog
meu, “Sistemas, Teoria da Evolução e Neurociências”,4 em
2008. Hoje também estão em outro blog meu, "Explicando as razões pelas quais existem nossos sentimentos e emoções" - https://razaosentimentoemocao.blogspot.com.br/, juntos, com o nome "O porquê dos nossos sentimentos. Por que eles existem? - (2001 - 2002 - 2016) -
http://razaosentimentoemocao.blogspot.com.br/2018/02/o-porque-dos-nossos-sentimentos-por-que.htm.
http://razaosentimentoemocao.blogspot.com.br/2018/02/o-porque-dos-nossos-sentimentos-por-que.htm.
Fazendo
um pequeno resumo eu disse neles que os nossos sentimentos e emoções
serviram e foram essenciais à perpetuação da espécie humana na
Terra. Eles sempre foram e são a força de ligação entre pais e
filhotes, em aves e mamíferos, basicamente, e em nós humanos
também, nascidos sem nenhum preparo para enfrentar o mundo que nos
rodeia, e, portanto, é uma ligação imprescindível para os
genitores protegerem e ensinarem esses pequenos e indefesos animais
até a maturidade.
Também
falei que usamos os sentimentos, emoções, inteligência e a
consciência para transpormos, para vivermos em um nível
funcional sistêmico5 mais alto do que apenas
dormir, beber, comer e termos filhos, embora não coloquei esta
denominação como está aqui. Buscamos prazeres, podemos sonhar e
irmos atrás dos nossos sonhos, temos desejos. Somos livres
para escolhermos caminhos dos mais diversos em nossas vidas, de
tentarmos o que quisermos.
Isto
é o próprio livre-arbítrio ou algo muito parecido com ele, uma
conjunção dos quatro fatores acima. Veja como exemplos: (Nós)
Sabemos que (nós) podemos. (Nós) Queremos e (nós) vamos atrás.
"Nós" e "Eu" são a parte da consciência
implícita em nossas ações (podemos, faremos, etc.). Veja que além
de uma lógica, de uma previsão lógica, existem nestas frases
muitos sentimentos e emoções.
Em
meu artigo “O porquê dos nossos sentimentos” eu digo: "…
Temos a capacidade de procurar sexo mesmo sem a intenção de
procriar. Procuramos porque gostamos, porque faz bem, porque nos
satisfaz. Chegamos ao ponto de nos deliciar com um prato só para nos
satisfazer mesmo sem estar com fome, ou seja, sem a necessidade
momentânea de sobrevivência; por puro prazer. Procuramos coisas
como viajar, sair, encontrar alguém para gostarmos, nos divertirmos
com amigos, porque faz parte do nosso lazer, do nosso bem-estar".
Depois
completo: "Quero dizer que vivemos procurando atividades,
conquistas, coisas que nos fazem bem, para a nossa felicidade e
bem-estar. Se ora não conseguimos temos outras chances, temos nosso
amor-próprio e continuamos a viver, a procurar. Temos
fé,6 esperança, sonhamos".
No
final do artigo: " … E sobrevivência para o ser humano
engloba, além de sua natureza racional, tudo o que proporciona
satisfação, felicidade, prazer, conquistas, etc. 'Estados'
correlacionados com nossas emoções e sentimentos. Retire tudo isto
dos humanos e verá a nossa espécie desaparecer."
António
Damásio, português radicado nos EUA, no livro "E o cérebro
criou o homem", entra no conceito cibernético e/ou da Teoria
dos Sistemas, de homeostase, que é a propriedade dos seres vivos, ou
de qualquer outro sistema aberto, de manter variáveis internas
dentro de certos limites, regulando a si próprio deixando-o estável,
sem se destruir, através de mecanismos regulatórios. Aliás eu
sempre estranhei o fato dos cientistas desprezarem este conceito e
outros da Cibernética porque qualquer forma de vida se mantém como
tal utilizando a regulação biológica, química e física. São
fenômenos estudados por esta importante e não valorizada disciplina
do conhecimento humano, e tão bem explicada nos antigos e clássicos
livros como, por exemplo, "Introdução à Cibernética",
de W. Ross Ashby e "Teoria Geral dos Sistemas" de Ludwig
van Bertalanffy.
A
natureza atribui valores. Atribuímos valor inconscientemente e
também conscientemente ao que nos faz bem, embora existam variações
do que seja bem de umas para outras pessoas. Segundo Damásio: "
…Tanto a homeostase básica, orientada de forma não consciente,
como a homeostase sociocultural, criada e orientada por mentes
conscientes reflexivas, atuam como zeladoras do valor
biológico".7 Por sociocultural entende-se o
nosso meio ambiente social contendo tudo aquilo ao nosso redor e/ou a
nossa ação que nos levará a um mal ou bem.
Esse
conceito de valor, ou valor biológico, é importante aqui porque
está relacionado diretamente ou indiretamente se um organismo poderá
sobreviver ou não. E não só isto: se uma mudança fisiológica e
consequentemente mudança (s) em uma ou mais funções, mudará todo
um comportamento, ou vários deles, se serão vantagens evolutivas ou
não.
Para
ter uma ideia sobre valor em nosso cérebro, como exemplo, a
neurociência, nas palavras novamente de Damásio " …
identificou várias moléculas químicas relacionadas, de algum modo,
com os estados de recompensa ou punição e assim, indiretamente,
associadas ao valor. Algumas das moléculas mais conhecidas serão
familiares a muitos leitores: dopamina, norepinefrina, serotonina,
cortisol, oxitocina, vasopressina [...] A neurociência também
identificou uma série de núcleos cerebrais que fabricam essas
moléculas e as distribuem a outras partes do cérebro e do corpo (os
núcleos cerebrais são aglomerados de neurônios)".8
Para
ele, valores em nós humanos regulam desde funções micros,
automáticos, e também os macros relacionados a uma vida rica em
bem-estar.
Não
existe ser humano nenhum que não pense em seu próprio bem-estar.
Por mais diferentes culturas a que pertencem, por mais diferentes
sejam as vidas das pessoas, por tudo o que existe para procurar e
melhorar o bem-estar, etc., esta sempre foi e será uma meta a
alcançar.
Nos
primeiros parágrafos de “O porquê dos nossos sentimentos” eu falo da nossa procura por sexo sem a
necessidade de procriação para o nosso prazer, para nos sentirmos
bem, que são faces do nosso bem-estar. Digo também de comer
alimentos saborosos, sair, diversão, e, se você fizer uma lista de
tudo o que procura e faz no seu dia a dia, em sua vida, ficaria
exausto de tantas situações a descrever.
Veja,
sentimentos, emoções, inteligência e consciência nos fazem
indivíduos libertos a experimentarmos, procurarmos, etc., porque,
como eu já disse: "…Retire tudo isto dos humanos e verá a
nossa espécie desaparecer". Na verdade não seríamos nem
humanos sem tudo isto.
Resumindo,
a minha frase: "…E sobrevivência para o ser humano engloba,
além de sua natureza racional, tudo o que proporciona satisfação,
felicidade, prazer, conquistas, etc.", é a nossa sempre procura
de bem-estar que Damásio cita em seu livro "E o cérebro criou
o homem".
Notas:
1
- DAMÁSIO, António R. E o Cérebro Criou o Homem. São Paulo:
Companhia das Letras, 2011. 440 p.
In
english: “Our feelings. Why do we have them? - (2)”
5
- Na falta de um termo melhor ou apropriado. Considere o conjunto
total de matéria, energia, informação e, principalmente, a
qualidade dessa informação de um ser vivo. Alguns indivíduos podem
possuir menos massa, gastar menos energia que outros, mas, tendo uma
quantidade e/ou qualidade de informações superiores, em que pesem
mais estes fatores, "por definição" vivem em um nível
funcional sistêmico mais alto. É o caso dos humanos e das baleias.
Elas possuem mais massa, gastam mais energia e possuem um cérebro
maior que os nossos, mas, a nossa qualidade de informação é tão
maior, que no conjunto total desses fatores, o nível funcional
sistêmico, faz com que fiquemos em primeiro lugar. Muitos
dinossauros eram pesados mas os cérebros bem pequenos os tornavam
pobres em nível sistêmico, e, por outro lado, pequenos mamíferos
como os roedores, com massas e muito menor gasto de energia que
animais maiores, poderão ter, devido às suas vivacidades e
inteligências, um nível funcional sistêmico mais elevado.
6
- Pode ser mesmo a fé em entes sobrenaturais (na verdade errônea)
ou o acreditar e a fé em nós mesmos. Faço uma distinção clara
entre elas em vários artigos meus, como por exemplo:
"O
acreditar e a fé como vantagens evolutivas"
"Consciência,
Amor-Próprio, Fé e Transcendência"
7
- DAMÁSIO, António R. E o Cérebro Criou o Homem. São Paulo:
Companhia das Letras, 2011. p. 43-44
8
- 1 - DAMÁSIO, António R. E o Cérebro Criou o Homem. São Paulo:
Companhia das Letras, 2011. p. 67